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dezembro 13, 2020

Pelé e Maradona no céu.



Toda vez que morre um artista ou esportista ouvimos alguém dizer que aquela pessoa está no céu fazendo isso aquilo: se for cantor ou cantora, passará a eternidade dando canja; esportista, praticando sua modalidade de esporte, ator ou atriz atuando, bailarinos, dançando; e vai por aí. Uma frase muito usada nessas ocasiões ´´e: "O céu está em festa.", geralmente sacada quando morre um sambista ou comediante.

Porém, dessa vez, o jogador de futebol Pelé resolveu inovar afirmando em suas redes sociais, diante da noticia da morte do também jogador de futebol Maradona, que pretende se encontrar com o colega no céu para juntos jogarem bola. Olha, a afirmação passa, no mínimo, que alguém que morre nas condições em que morreu o craque argentino estaria apto para sair correndo por gramados tão logo chegasse ao "céu". Como se jogadores de futebol, atristas, etc. se ascendessem às altas esferas celestes simplesmente porque exerceram aqui na terra esses ofícios, em detrimento de simples mortais como nós.

Grande equívoco ou simples pretensão, difícil julgar. O que se pode afirmar é que ninguém, famoso ou anônimo, sai da terra diretamente para "céu". Ainda mais em se tratando de pessoas que tendo nascido com dons especiais fizeram disso o seu motivo de queda e não de ascensão espiritual. Aprendemos que àqueles aos quais muito foi dado muito será exigido. Improvável que pessoas como os dois ídolos do futebol por terem alegrado as torcidas dos times pelos quais jogaram estivessem aptos para tal, despeito de suas vidas errantes; futebol e fama não são passaportes para o paraíso.

Bem verdade que Pelé apenas reproduziu uma crença que muitos têm de que quando morrerem vão direito para um lugar especial por que tiveram uma vida de destaque aqui na terra. Ouso dizer que é exatamente por esse motivo que dificilmente esse desejo se concretizará. Temos um longo caminho a percorrer antes de ir para o "céu". Primeiro teremos de nos despir de todas as nossas vaidades, vícios e arrogância.


Boa semana

dezembro 06, 2020

Mandando indiretas.

Muita gente ao se ver impossibilitado de dizer o que está pensando opta por falar sem falar, ou seja, através de indiretas, que nada mais são do que aquelas frases, aparentemente sem sentido, que dizemos como se não quiséssemos dizer nada, mas que dizem muito. 

No entanto, na maioria das vezes, a pessoa a qual se está tentando mandar o recado não entende, ou finge que não entende, fazendo com que o falante seja visto como louco ou lunático.

Falar por meio de indiretas sempre foi bastante usado por aqueles que querem ser sincero sem ferir suscetibilidades; diz-se o que se pensa sem se comprometer, cabendo ao ouvinte "vestir a carapuça" ou não. O problema é que quase  nunca a pessoa veste a carapuça e o dito fica pelo não dito. Ou seja, falar por meio de indiretas é perda de tempo.

Em tempos do "politicamente correto" ficou impossível ser sincero e dizer a verdade um risco incalculável; basta uma palavra dita fora do contesto para que o mundo vire as costas e te julgue como um pária. Tempos difíceis para os amantes da verdade, para aqueles que insistem em acreditar que a sinceridade deve estar acima de qualquer coisa. Devo confessar que faço parte dessa turma e sofro toda vez que tenho de me fazer de surdo para  não correr riscos.

Muitos dizem que o mundo ficou mais chato depois do "politicamente correto". Digo mais: estamos vivendo tempos de retrocesso; quando tínhamos tudo para nos tornarmos mais adultos retornamos à infância. Não aquela infância da qual todos sentimos saudade, mas a infância da humanidade, no tempo em que nada podia ser dito e tudo era proibido.   

O ideal seria se pudéssemos, sem hipocrisia, dizer exatamente o que estamos pensando. Verdade que ninguém pode sair por aí falando o que bem entende, mas um pouco de sinceridade evitaria muito mal-entendido; muitos tomam nosso silêncio ou nossa "mentirinha" como algo nossa verdadeira opinião.

Boa semana.


novembro 29, 2020

O que é ser uma pessoa boa?




O que você diria se alguém, de repente, te perguntasse o que considera uma pessoa realmente boa? Muitos respondem que é aquela pessoa que vive sua vida sem prejudicar ninguém. Bastante vago, não é mesmo? Afinal, podemos muito bem viver sem prejudicar aqueles que nos rodeiam, mas sem nos importar com eles, nem mesmo nos interessar se são felizes ou tristes, se têm fome, se estão desabrigados, ou, simplesmente, necessitam de algum tipo de atenção. 

Talvez pessoas que vivam assim não possam ser chamadas de boas, pois bondade é o ato de fazer para os outros aquilo que gostaríamos que fizessem por nós; é nos colocar no lugar do outro, sentindo suas alegrias e tristezas; é amparar o caído, mas também partilhar da mesa farta daqueles que estão numa posição mais alta e favorecida que a nossa; não somos bons apenas quando descemos para nos nivelar ao que está abaixo de nós, também quando nos confraternizamos com aqueles que chegaram aonde almejamos chegar um dia.

Ser bom, sobretudo, é amar a si mesmo, é se querer bem, é cuidar de si; pois cuidando de nós ficamos aptos para cuidar do mundo à nossa volta, e daqueles a quem amamos e tanto queremos ver bem. Nesse momento que estamos vivendo, por exemplo, ser bom é usar máscara, lavar  as mãos sempre que tivermos conato com objetos compartilhados por outras pessoas, é evitar aglomerações; assim estamos ajudando a nós mesmos e a todos ao nosso redor. 


Boa semana.

novembro 24, 2020

Compromisso de dizer a verdade.



Parece que há um consenso de que ser sincero é, antes de qualquer coisa, falta de educação, falta de jeito, de compaixão, grosseria mesmo. Por esse motivo, se tornou comum as pessoas, quase nunca, dizerem a verdade. Passamos a maior parte do tempo dizendo exatamente o contrário daquilo que pensamos; dizemos que gostamos do que não gostamos, chamamos o feio de bonito, o ruim de bom, enfim, somos falsos e hipócritas apenas para não correr o risco de desagradar.

Agora, cá pra nós, você acha que essa é a melhor forma de agir? É justo assumirmos uma postura falsa, dizer coisa que não pensamos somente para ficarmos bem com todo mundo, pagando o alto preço de ficarmos mal consigo mesmos? Creio que não. É bem verdade que ninguém deve sair por aí bancando o "eu sou sincero". Não vale a pena magoar as pessoas gratuitamente. Porém precisamos deixar claro que, embora não tenhamos o direito de nos meter na vida de ninguém, pensamos e agimos de forma diferente. 

O que não se pode é fazer cara de paisagem para tudo. A todo momento vemos que bastaria uma palavra nossa para que alguém deixasse de se envolver em alguma enrascada. No fundo, acabamos sendo cúmplices de muita coisa que acontece ao nosso redor simplesmente porque optamos por não nos meter, pois não é da nossa conta. É da nossa contas sim. Tudo o que acontece no mundo é da nossa conta. Não há nada que aconteça que não acabe nos afetando de um jeito ou de outro.

Portanto, se queremos que o mundo seja um lugar melhor para viver, devemos começar tornando-o mais verdadeiro. Manter a paz a custa de mentiras e falsidades será sempre algo temerário; a paz do mundo começa nos nossos convívios pessoais, e devemos, sim, fazer de tudo para que isso aconteça, mas sem colocar em risco nossa compromisso com a verdade.

novembro 22, 2020

Dia da consciência.


A comemoração do dia da "Consciência negra" este ano - não bastassem as inúmeras críticas que a data normalmente enfrenta, principalmente daqueles que insistem em dizer que no Brasil não tem racismo - foi manchada pela brutal morte de João Alberto, um cidadão negro, espancado após um mal explicado desentendimento com a caixa enquanto fazia compras com a esposa numa loja (supermercado) da franquia Carrefour. 

O episódio, bastante similar ao que ocorreu com um cidadão negro americano e gerou uma onda de protestos que varreu aquele país, foi filmado (esse é o lado bom da tecnologia, pois tornou-se nosso eficiente terceiro olho) pela câmera de um celular e ganhou a mídia. A cena é forte e é difícil que alguém, em sã consciência, não se escandalize (para dizer o mínimo) ao ver aquele homem ser espancado por indivíduos que se autodenominam "seguranças". Na verdade, animais irracionais incapazes de resolver um desentendimento pontual com diálogo.

Seria mais um acontecimento sem maiores gravidades se, cansada de sofrer sucessivos abusos, a população negra, a exemplo dos irmãos americanos, não resolvesse entender que a melhor forma de comemorar o dia 20 de novembro seria protestando para que outros "João Alberto" não continuem sendo assassinados simplesmente porque têm a pele escura, pois um cidadão branco, pobre ou rico, com certeza, não receberia o mesmo tratamento.

Precisamos, sem  demora, estabelecer que todo dia é dia de ter consciência de que somos todos iguais e merecemos o mesmo tratamento, independente de nossas diferenças, sejam elas raciais, opção sexual, religiosa ou simples opinião pessoal.


Bom domingo.

novembro 17, 2020

Promessas que não se cumprem.

Mais uma vez estamos diante dos políticos e suas promessas de campanha. Para obter nosso voto são capazes de prometer coisas que sabem que não vão cumprir. Mas o que importa se o objetivo é apenas conseguir um cargo público e através dele "se fazerem", não é mesmo? Em vez de se sentirem devedores ou mesmo comprometidos com seus eleitores, os políticos eleitos parecem fazer questão de enganá-los descaradamente; tudo é feito de maneira tosca e sem pouca ou nenhuma intenção de ocultar os malfeitos.

Sem falar da total falta de preparo para o cargo ao qual se candidatam e o desinteresse com qual desempenham o mandato. Não bastasse, muitos fazem questão de deixar claro que governam para seus apoiadores - alguns chegam a falar claramente que governam para a família e os amigos - e não para o povo em geral. Iludida, uma parcela da população aplaude esse tipo de atitude, sem saber que está aplaudindo a própria desgraça.

Lamentável que tenha de ser assim, que, enquanto eleitores, não tenhamos discernimento o bastante para detectar quando exatamente estamos diante de um verdadeiro governante de quando se trata de apenas de embuste. Infelizmente, o que temos visto nos últimos anos são indivíduos cínicos se locupletarem de seus cargos, para os quais foram eleitos democraticamente, para exporem ideias superadas que colocam em risco a democracia, a liberdade e mesmo o futuro da nação.

A religião, e aqui chegamos ao assunto que realmente nos interessa, está cada vez mais sendo usada como fachada por seres mesquinhos que, em nome de Deus (repetem sempre bordões como:  "Deus e a família", "Deus acima de tudo" exaustivamente), quando na verdade demonstram não acreditar em nada que não seja no poder pelo poder, na chance  de impor ideias obscurantista e excludentes. Este é o momento de decidirmos se queremos uma democracia de verdade ou viver num mundo de pensamento único.

Boa semana.

outubro 28, 2020

Corpo & Espírito: Preconceito de cor.

Corpo & Espírito: Preconceito de cor.: Desde sempre se ouviu dizer que no Brasil não existe preconceito de raça, que somos um país miscigenado,  e que, por esse motivo, todos os p...