12 de julho, para mim, é um daqueles dias que as pessoas costumam chamar de 'o dia em que nasci de novo'. Talvez eu não chegue a tanto, mas devo confessar que foi o dia em que me livrei das torturantes, porém indispensáveis, sessões de hemodiálise, através de um transplante.
Quando descobri que meus rins estavam paralisados, um diagnóstico que demorou muito para chegar, e que, portanto, estava renal crônico foi como se o mundo tivesse desabado sobre a minha cabeça. A ideia de que a partir dali eu somente sobreviveria com a ajuda de uma máquina de diálise simplesmente me aterrorizou, pois significava o fim.
Foram seis meses de hospital, como disse o diagnóstico somente veio depois de muito tempo, dali fui para uma clínica de diálise, medicações sem fim, muitas restrições, uma rotina que somente quem passa por isso pode mensurar o que estou falando.
Demorou um pouco para eu entender que aquela condenação a uma máquina de diálise não era para sempre, que eu tinha a opção do transplante. Foi assim que enfrentei uma bateria de exames e consegui entrar para o sistema nacional de órgãos.
Cerca de quatro meses depois, (uma sorte, né?) quando recebi o telefonema do doutor Álvaro dizendo que aparecera um rim compatível comigo e que eu deveria me preparar para ser transplantado naquele mesmo dia, não entendi de imediato a importância daquele notícia, apenas segui as instruções.
Cinco anos depois aqui estou eu para agradecer aos médicos do Hospital Adventista do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, doutor Pedro Ivo, doutor Álvaro, doutor Jadilson e toda equipe pelo cuidado, atenção e paciência que tiveram comigo e com todos aqueles que estão sobre os seus cuidados.
O transplante não me devolveu somente a capacidade de viver mais plenamente, sem a dependência da máquina de diálise, mas me devolveu a capacidade de acreditar que sempre é possível recomeçar, que sempre é possível acreditar no amanhã.
Queria expressar minha gratidão a todos, à minha família, minhas irmãs Eloisa e Márcia, em especial, pois sem a ajuda delas eu não teria sobrevivido. Por último, mas não menos importante, quero declarar a minha gratidão eterna a meu doador (ou doadora), nunca vou saber, que, perdendo a vida física me deixou um rim por herança. Já pensou é que isso? Só me resta cuidar bem dele, não é? Que Deus ilumine seu caminho na espiritualidade, meu irmão. Gratidão para sempre.
E não custa lembrar: seja doador/doadora. Esse gesto simples devolve vida, fé e esperança àqueles que, muitas vezes, já perderam.
Para brindar esse momento, ela, a água, talvez a maior restrição imposta a um renal crônico.
Bom domingo e excelente semana.
Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.