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janeiro 24, 2013

Reencontros.

     É  mais que comum a gente ter uma relação de afetividade com o passado. Não raro se tem aquela sensação  de que "naquele tempo" as coisas eram muito melhores do que são hoje e que éramos felizes e não sabiámos. Daí, acredito, essa vontade que todos temos de querer entrar numa máquina do tempo e voltar à nossa infância, adolescência e outros momentos de nossas vidas em que nós acreditamos que éramos as pessoas mais felizes do mundo.
     Isso, em muitos casos, não quer dizer apenas que as pessoas são saudosistas ou sofrem de algum tipo de melancolia. Ás vezes a vida no presente se torna tão difícil que muitos vão buscar no passado uma espécie de compensação, como se a felicidade vivida no passado compensasse as agruras vividas no presente: "as coisas estão ruins agora, mas já foram melhores".
     Por isso, o perigo de superdimencionarmos o passado é grande.  Provávelmente o passado não foi tão bom assim e a tal felicidade de que tanto sentimos falta era apenas uma vida cotidiana sem muitas dificuldades, mas também sem muitos planos, desejos, ambições. Ou, por alguma razão, ainda não tínhamos a visão de vida e as necessidades que temos no momento presente.
     Foi o que aconteceu com um amigo meu. Ele tinha um grande sonho de rever um amigo de infância. Vivia sonhando com o reencontro. Julgava que aquele teria sido o único amigo que ele teve na vida e que a amizade, a despeito de qualquer coisa continuava intacta.  Quando ficou sabendo da possibilidade do reencontro, quase trinta anos depois, ficou exultante de tanta felicidade. Esperou o dia da chegada do amigo como uma criança que espera pela chegada do "Papai Noel".
     Porém, bastou bater os olhos no amigo para levar um susto: "quem esse estranho? - pensou. Ele não reconhecia aquela pessoa  envelhecida que estava na sua frente. Aquele não era mais o adolescente que ele deixou para trás quando saiu de sua cidade. As conversas soavam  estranhas, os interesses não eram os mesmos. Descobriu um abismo entre eles. O tempo, o inexorável tempo.
     O amigo voltou para sua terra e Oscar voltou para a sua vidinha. Mas agora não era mais como antes. Aquele reencontro fez com que tivesse que repensar muita coisa. A partir dali deixou de ver o passado como a morada da felicidade perdida. Aprendeu  que as pessoas mudam assim como ele também mudou e muito nos últimos anos. Ele também não era mais o mesmo e com certeza seu amigo percebeu. .Em resumo: aprendeu que  o passado não volta mais. E que tudo, muitas vezes, não passa de mera idealização.