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junho 29, 2013

O lugar de cada coisa.

     Outro dia reencontrei um amigo que não via há muito tempo. Acho que todo mundo sabe o que acontece nessa ocasiões, não é?. Por mais que a gente tente, não há jeito, o assunto acaba mesmo sendo o passado, aquilo que se viveu "naquele tempo" e por aí vai.
     Até aí nada de mais. Falamos do quão felizes éramos, dos amigos que se perderam na bruma do tempo e daqueles que ainda mantemos contato.A conversa seguiu animada com algumas notícias muito boas, algumas nem tanto e outras que talvez eu preferisse não ficar sabendo. Mas faz parte da vida, não é? 
     Já lá pelo fim do encontro, ele me fez uma pergunta aparentemente banal, mas que me fez pensar. Ele perguntou: "Você tem saudades daquele tempo?" Não me lembro exatamente o que respondi. Provavelmente, eu devo ter respondido que sim, que sentia saudades do tempo vivido. Porém, ao voltar para casa, a pergunta não saiu da minha cabeça e ela foi tomando outros contornos. De repente, não se tratava mais de saber se eu sentia saudade ou não, tratava-se da distância no tempo.
   Algum tempo passou desde que vivi aquelas experiências e pude perceber como havia mudado a percepção que eu tinha das coisas, como mudaram os meus valores, os conceitos. Difícil mensurar se estou melhor hoje e que a minha visão de vida agora é mais acertada. 
   Uma coisa, porém, eu não tenho dúvida: como tempo passou hoje posso ver que eu, em muitos momentos, estive muito enganado comigo mesmo e com as pessoas que cercavam.  Tomei decisões que atrasaram meus caminhos, julguei erradamente pessoas dando valor demais a quem não merecia tanto e deixando de lado aquelas que realmente mereciam muito mais.
    Palavras, atitudes infelizes, presunção, ingenuidade e, sobretudo, pressa. Eu tinha muita pressa. Eu queria tudo naquele momento e me negava a ver as coisas no longo prazo. Pena que a gente só descubra isso depois que o tempo passa. Mas longe de me deixar triste, essa constatação me fez ver que o tempo coloca cada coisa no seu lugar sem pressa e dá o verdadeiro valor de cada coisa. Ainda bem.

junho 02, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 15 - último capítulo.


Neste último capítulo, Joel se vê diante das grandes surpresas que a vida lhe reserva. Terá ele aprendido a lição. Leia  esse útlimo capítulo e fique sabendo.

SÓ A VIDA ENSINA

Capítlulo 15


CENA 1 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS MORADORES DO ACAMPAMENTO. ZELÃO À FRENTE DELES.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 11 DO CAPÍTULO 14.

ZELÃO – Eu fiz uma pergunta.

NESTOR – O Joel descobriu um lugar onde tem muito garimpo bom, não é, Joel?

JOEL – É isso mesmo. Só coisa boa.

ZELÃO – E eu posso ir junto para conhecer esse lugar?

JOEL – É muito longe daqui, Zelão. (TEMPO) Mas pode deixar que eu te levo lá depois.

ZELÃO FICA DESCONFIADO, MAS OS DEIXA SAIR. JOEL SEGUE COM OS MORADORES A PASSOS LARGOS. SUZI SE APROXIMA DE ZELÃO.

SUZI – O que foi?

ZELÃO – O Joel apareceu com uma conversa de que descobriu um lugar cheio de garimpo. Acho que ele está variando. Eu furei a barriga dele e ele ficou com o juízo alterado. Vai entender.

CORTA PARA:

CENA 2 – EXTERNA/DIA – UMA PRAÇA
RAMIRO ESTÁ PARADO NA PRAÇA. JOEL CHEGA COM NESTOR E OS HOMENS.

JOEL – Aqui estão os homens que eu consegui.

RAMIRO – Muito bem, Joel.

NESTOR – Cadê o garimpo, Joel? Não estou vendo nada.

JOEL – Calma, homem. Seu Ramiro vai levar a gente ate lá.

NESTOR – Estou achando isso tudo muito esquisito. O Zelão não vai gostar disso.

RAMIRO – Vamos deixar de conversa. Não temos tempo a perder.

RAMIRO FAZ UM SINAL E TODOS O SEGUEM.

CORTA PARA:

CENA 3 – INTERNA/DIA – UM GRANDE GALPÃO
RAMIRO ENTRA NO GALPÃO ACOMPANHADO DE JOEL, NESTOR E DOS OUTROS HOMENS. É UM LOCAL LIMPO, CHEIO DE CAIXAS E GENTE TRABALHANDO.

RAMIRO – Esse é o local onde vocês vão trabalhar.

NESTOR – Trabalhar? Nós saímos para garimpar e não para trabalhar.

JOEL – Calma, Nestor. Deixa o seu Ramiro falar.

RAMIRO – Quem preferir continuar sendo explorado pelo Zelão, esteja à vontade. Aqui vocês vão trabalhar e vão receber pelo seu trabalho. Ninguém vai explorar ninguém. Isso aqui é uma cooperativa de catadores de lixo. Uns vão trabalhar na coleta, outros na separação, outros na embalagem.

NESTOR – Vamos trabalhar para quem?

JOEL – Vamos trabalhar para nós mesmos

NESTOR – E quem é o responsável por isso aqui?

RAMIRO – Eu e o meu amigo Fábio.

FÁBIO APARECE.

FÁBIO – Bom dia para todos vocês. Eu sou o administrador dessa cooperativa de catadores, junto com o senhor Ramiro, e gostaria muito que vocês viessem trabalhar com a gente.

JOEL – (TOM) Fábio!? É você?

FÁBIO – Sou eu, Joel. Acho que temos muito que conversar.

CORTA PARA:

CENA 4 – INTERNA/NOITE – UM BAR
JOEL E FÁBIO.

FÁBIO – O que você vai beber, Joel?

JOEL – Um refrigerante.

FÁBIO – Não estou te reconhecendo.

JOEL – Eu não bebo mais, Fábio. O senhor Ramiro me levou até uma reunião do AA. Agora eu faço parte dos alcoólatras anônimos.

FÁBIO – Que bom, Joel. (TEMPO) Sabia que a Verinha está te volta ao Rio?

JOEL – Eu vi vocês dois juntos. (TEMPO) Não esperava isso de vocês.

FÁBIO – O que é isso, Joel? Eu e a Verinha somos bons amigos. Meu casamento com a Marluce continua firme.  A única coisa que mudou o foi o emprego. Pedi demissão do escritório do seu Olavo para trabalhar com o meu amigo Ramiro. Como essa vida é engraçada, não?

JOEL – Como assim?

FÁBIO – Lembra daquele mendigo ao qual eu costumava oferecer uma quentinha de vez em quando?

JOEL – É claro que me lembro. A imagem daquele homem nunca saiu da minha cabeça.
Me lembro até hoje das besteiras que falei.

FÁBIO – A vida dá voltas, Joel. Aquele mendigo é hoje o dono da cooperativa de catadores de lixo onde eu estou trabalhando e você também vai trabalhar.

JOEL – Você está querendo dizer que o seu Ramiro...?

FÁBIO – Ele mesmo, Joel. Ele sumiu lá da rua e apareceu um tempo depois e me convidou para conhecer o trabalho que ele estava desenvolvendo. Resolvi fazer parte e desde então trabalhamos juntos.

O GARÇOM SERVE OS REFRIGENTES.

FÁBIO – Vamos brindar a esse nosso reencontro.

OS DOIS BRINDAM E JOEL SE LEVANTA PARA SAIR.

JOEL – Preciso ir, Fábio.

JOEL SAI.

FÁBIO – E o que eu digo para a sua mãe e para a Verinha?

JOEL JÁ ESTÁ LONGE. NÃO PODE MAIS RESPONDER.

CORTA PARA:

CENA 5 – EXTERNA/NOITE – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS HOMENS CHEGAM NO ACAMAPAMENTO TRAZENDO ALGUMAS COISAS. ZELÃO E SUZI ESPERAM POR ELES.

ZELÃO – Pensei que não fossem mais voltar.

JOEL – O lugar era longe.

TODOS ENTREGAM OS SEUS SACOS. E VÃO SAINDO.

ZELÃO – Ninguém vai querer comida, uma pedra? Não vai uma cachaça, Joel?

JOEL – Obrigado, Zelão. Eu vou descansar um pouco. Trabalhei muito.

TODOS SAEM PARA OS FUNDOS DO TERRENO.

ZELÃO – O que deu nessa gente, Suzi?

SUZI – Sei lá, Zelão. Acho que eles andaram muito para garimpar essas coisas e estão cansados.

ZELÃO – Será isso mesmo?

CORTA PARA:

CENA 6 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
O DIA AMANHECE NO ACAMPAMENTO. O ACAMPAMENTO ESTÁ VAZIO. SUZI É A ÚNICA QUE DORME NUM CANTO. ELA DESPERTA E VÊ QUE ESTÁ SOZINHA. CAMINHA PELO ACAMPAMENTO E SE MOSTRA ALARMADA.

SUZI – Onde está todo mundo? Para onde foi essa gente? O Zelão precisa saber disso. (PEGA O TELEFONE CELULAR E FAZ UMA LIGAÇÃO) Zelão? O povo sumiu, Zelão. Não tem ninguém aqui no terreno.

CORTA PARA:

CENA 7 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
ZELÃO ESTÁ DIANTE DE SUZI.

ZELÃO – Como você deixou isso acontecer, Suzi?

SUZI – Quando eu acordei não tinha mais ninguém aqui?

ZELÃO – Nem o Joel?

SUZI – Ninguém mesmo.

ZELÃO – O Joel deve ter levado todo mundo para o tal lugar onde tem muita coisa para garimpar. Deve ser isso.

DOIS POLICIAIS SE APROXIMAM.

POLÍCIAL – Senhor Zelão?

ZELÃO – Pois não.

POLICIAL – Temos ordem para dar uma busca nesse local. (PARA O COLEGA) Pode iniciar, Genésio.

ZELÃO – O que foi que eu fiz?

POLICIAL – Fica quieto.

O POLICIAL SAI E LOGO VOLTA COM UM SACO.

POLICIAL II – A denúncia procede, colega. A droga está aqui. Podemos levar o meliante.

ZELÃO OFERECE ALGUMA RESISTÊNCIA, MAS OS POLÍCIAIS O ALGEMAM E O LEVAM.

ZELÃO – Avisa a minha mulher, Suzi.

OS POLICIAIS SE AFASTAM COM ZELÃO.

SUZI – Pode esperar sentado, Zelão. Quero mais é que você apodreça na cadeia.

CORTA PARA:

CENA 8 – INTERNA/DIA – GALPÃO - PÁTIO
JOEL, RAMIRO E FÁBIO. JOEL ESTÁ BEM VESTIDO E COMANDA JUNTO COM FÁBIO E RAMIRO OS TRABALHOS NA COOPERATIVA. VÁRIOS HOMENS TRABALHAM, NESTOR ESTÁ ENTRE ELES.

FÁBIO – Nossa cooperativa está indo de vento em popa.

JOEL – E todos trabalham felizes. Ninguém explora ninguém.

RAMIRO – Esse é um sonho antigo, Joel. Desde quando eu estava deitado na porta daquele restaurante. Você se lembra?

JOEL – Nunca vou me esquecer.

O PORTÃO SE ABRE E DONA MARGARIDA ENTRA ACOMAPANHADA DE BERNADETE.

FÁBIO – Veja só quem veio nos visitar.

JOEL – Mãe!?

DONA MARGARIDA – Meu filho!

JOEL ABRAÇA DONA MARGARIDA E EM SEGUIDA A IRMÃ. TODOS SE CONFRATERNIZAM. JOEL APRESENTA SEU RAMIRO À SUA MÃE, OS DOIS LOGO SE ENTENDEM.

CORTA PARA:

CENA 9 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
HÁ ALGUMAS PESSOAS NO TERRENO. SUZI ESTÁ ENTRE ELES. PERCEBE-SE QUE ELA TOMOU O LUGAR DE ZELÃO E AGORA ESTÁ EXPLORANDO OS MORADORES DE RUA. JOEL E RAMIRO ASSISTEM A CENA DE LONGE.

SUZI – Pensei que a Suzi...

RAMIRO – O Zelão foi preso e ela ficou no lugar dele. Dizem que da cadeia ele continua sendo o chefão e ela a sua testa de ferro.

JOEL – Pensei que ela fosse diferente.

RAMIRO – Infelizmente, o homem estará sempre explorando o seu semelhante, Joel. O que podemos fazer é tentar mostrar para essa gente que existem outras saídas. Nosso trabalho não termina nunca.

CORTA PARA:

CENA 10 – EXTERNA/NOITE – PORTA DO SALÃO DE BELEZA ONDE VERINHA TRABALHA
JOEL ESTÁ PARADO NA PORTA COM UM BUQUET DE FLORES NA MÃO. A PORTA DO SALÃO SE ABRE E VERINHA SAI. JOEL A SURPREENDE.

JOEL – Flores para a mais bela cabeleireira do mundo.

VERINHA – Joel!?

JOEL –  Recebe essas flores, Verinha. Não daquele Joel que você conheceu e que te fez sofrer tanto. Mas de um Joel que aprendeu com a vida. Por que há coisas que SÓ A VIDA ENSINA. Agora eu estou pronto para te amar do jeito que você merece. Eu te amo, Verinha.

VERINHA ACEITA AS FLORES E OS DOIS SE BEIJAM. LOGO DEPOIS, SAEM DE MÃOS DADAS PELA RUA.

CORTA PARA:

FIM

Para você que acompanhou a saga de Joel, meu muito obrigado.

Outras histórias virão por aí. Aguarde.