
Independe da nossa vontade, ela chega sem aviso prévio e ceifa vidas, tira a paz e a tranquilidade de quem ainda pensava que tinha alguma segurança ou mesmo para aqueles que se julgavam acostumados com ela. Não tem jeito. A violência não escolhe sexo. classe social, raça ou qualquer outra distinção. Ela chega para todos. Ninguém está a salvo.
Isso faz com que todos se sintam inseguros em toda parte. Não importa aonde: na rua, no trabalho, nos grande e pequenos centos e até mesmo em nossas próprias casas, lugar onde antes nos julgávamos seguros e protegidos.
O resultado disso é o aumento da busca por segurança. Todos querem e precisam se sentir seguros. Mas onde? Não existe mais lugares seguros. Perdemos a confiança na segurança oferecida pelo estado e as nossas casas não são mais sinônimo de proteção e aconchego, pois não existem mais limites para o poder de fogo daqueles que têm por ofício e objetivo acabar com a paz dos outros.
Nasce daí a desconfiança generalizada. Ninguém mais confia em ninguém e o medo se instaura. Passamos a suspeitar de tudo e todos. Nada mais natural, me parece. Porém, além de todos os agravantes da situação, surge espaço para mais violência. Agora na forma cruel do preconceito.racial e social.
Pobreza e pele escura passam a ser estigmas de violência. Pretos e pobres são tratados como agentes de violência e sofrem todo tipo de discriminação como se também não fossem vítimas. Trocando em miúdos, trata-se de uma nova vertente da violência: a violência adicionada de preconceito. Ou seja, o que já estava ruim, ficou pior.
A violência somada ao preconceito escraviza e marginaliza mais ainda pessoas já tão marcadas por nascer e viver num país tão injusto e desigual como o nosso. Aqueles que têm a sorte de estar num degrau acima da pirâmide social não se furtam do direito de tratar os que estão embaixo como escória social responsável pela falta de segurança e paz em suas vidas.
Na verdade, toda essa violência é fruto de uma distribuição desigual dos bens de nossa terra, onde poucos têm direito a muito e muitos têm que se contentar com tão pouco e, na maioria dos casos, são obrigados a viver sem nada, na total indigência.
Não se justifica violência. Muito menos se justifica estigmatizar pessoas e raças, impondo-lhes mais penalizações do que elas já são obrigadas a suportar.
Bom final de semana.