Toda essa explosão de casos de corrupção em nossa política, e fora dela, que temos acompanhado ultimamente no noticiário todos os dias tem deixado claro o quanto a palavra amizade tem sido vilipendiada. Pessoas, ou grupos, que eram vistas como amigas de repente se tornam detratores umas dos outras e descobrimos que o que as mantinham unidas não podia ser chamado de amizade. O que as unia era outra coisa. Elas eram, na verdade, cúmplices, para se mais exato, comparsas.
Não se pode classificar como amigos pessoas que se juntam para praticar crimes sejam eles de que natureza forem. Amigos se juntam para ajudar uns aos outros a crescer, a melhorar não só as suas próprias vidas, mas também as vidas das pessoas que os rodeiam. Amigo é aquele que ao ver o amigo caminhar pela vereda do mal o alerta e tenta convencê-lo a voltar para a trilha certa ou, diante da recusa deste, afasta-se.
Uma amizade, por mais forte e sincera que seja, não pode servir de atenuante para crime nenhum. Ninguém é obrigado a andar por caminhos que julga não serem corretos apenas para acompanhar o seu amigo.
"Diga-me com quem andas". Essa frase deixa claro que uma amizade pode até definir o caráter de uma pessoa. Por isso, devemos ter muito cuidado com as nossas amizades. Que tipo de amigos nós temos? Que tipo de amigos nós queremos ter? Aqueles que nos apoiam incondicionalmente no certo e no errado, para o bem e para o mal ou aqueles que são capazes de dizer a verdade mesmo quando ela não é aquilo que queremos ouvir?
Precisamos responder sinceramente essas perguntas. Se a opção é a dos amigos incondicionais que além de nos acompanhar ou nos levar para caminhos tortuosos, ainda apoiam nossos passos em falso é bom lembrar que esse tipo de amizade quase sempre acaba em brigas e acusações.
Terminado o período em que estavam de acordo em tudo, vem o período de acusações e o fim é o que estamos assistindo no Rio de Janeiro e no Brasil inteiro. Ex-amigos/comparsas trocando acusações e um culpando o outro por crimes que cometeram juntos e felizes.
A foto de Sérgio Cabral Filho, ex-governador do Rio de Janeiro, posando de guardanapos na cabeça prova que essas amizades não resistem ao arroxo da lei e das circunstâncias desagradáveis. Elas só duram enquanto todos têm seus desejos baixos satisfeitos. Basta a menor mudança de ventos para que o barco perca definitivamente a sua estabilidade e não resista às ondas.
Por outro lado, temos a verdadeira amizade, aquela que está sempre nos apoiando, mas a dar o passo certo e evitar os caminhos que, embora pareçam fáceis à primeira vista, acabam nos levando a mares revoltos, rochedos intransponíveis ou mesmo precipícios.
Afinal, com quem andas?
Bom domingo.