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julho 31, 2011

Não se deixe enganar.

     Alguém já disse que nós, embora juremos que somos uma única e só pessoa, somos, na verdade, várias pessoas ao mesmo tempo, que em cada lugar ou situação nos apresentamos de uma maneira diferente, de acordo com a necessidade do momento. Seria algo como dizer que somos de duas, para ser exato de várias, caras. O que também pode ser interpretado como falta de personalidade e até mesmo falta de caráter. E isso não agrada a ninguém, não é? Quem gosta de ser visto como alguém em quem não se possa confiar? Ninguém.
     Tem uma peça do Miguel Falabela que tem um título bastante apropriado: "Todo mundo sabe o que todo mundo sabe". E acredito que isso seja verdade. Não conseguimos enganar ninguém.  Apesar disso, não é demais dizer que estamos sempre vivendo como se fosse o contrário. Só nós sabemos o que nos vai na alma.  É como se fechássemos os olhos e conseguíssemos nos esconder do mundo: se não me vejo, não sou visto. É por isso que todos os dias vestimos nossas fantasias e saímos por aí, certos de que conseguimos representar bem o nosso papel de anônimos na multidão.
    Longe de querer alimentar uma discussão sobre a natureza humana, coisa que acredito seja mais afeita a filósofos e assemelhados e não para um simples blogueiro metido, o que quero mesmo é falar sobre uma das nossas maiores capacidades: que é a da percepção. Através dela somos capazes de entender o mundo que está à nossa volta, principalmente quando se trata das nossos relacionamentos.
   Posso afirmar que só nos deixamos enganar quando queremos. Ao conversar com uma pessoa temos capacidade de saber se o que ela diz é verdade ou se ela está  apenas tentando nos tapear. Se nos deixamos levar por alguma "conversa fiada" é por outras questões que não cabe agora discutir, mas não pelo fato de que não notamos a enrolação.
   Quando alguém que você não conhece te para na rua e oferece um jogo premiado da loto (ou qualquer outro jogo, objeto de valor, etc) que ela não pode receber porque tem que viajar às pressas e não dá tempo de ir até o local de recebimento e então lhe passa o mesmo por um valor bastante inferior ao prêmio, não dá para pensar que aquela pessoa possa estar falando a verdade. No mínimo estaria louca, não é? Não há justificativa aceitável nesse mundo para alguém abrir mão de um prêmio alto por uma mixaria qualquer. Particularmente, acho difícil acreditar em tanto desprendimento e mesmo que essa pessoa não tenha alguém da sua confiança (um parente, talvez) que possa ajudá-la e tenha (veja que sorte a sua) escolhido justo você para transferir seu bilhete premiado. Justo a  sorte que todos perseguem tanto. Como nada vem de graça nessa vida (e aí está o nó da questão), devemos lembrar de que se deve pagar por isso, na verdade, pagar por nada.
    Usei o fato acima para dar uma ideia do quanto nos deixamos enganar apenas por em algum momento achar que somente nós estamos vendo e que ninguém mais vê. Portanto, como dizem os ditos populares: um olho no padre e outro na missa; um olho no peixe e outro no gato; confiar desconfiando e muitos outros que a sabedoria popular nos brinda. O que não se pode e outra vez usando a sabedoria do povo é "pagar para ver". É por isso que muitas vezes acabamos nos dando mal. Mais do que qualquer coisa, o importante é nos conhecermos bem e usarmos todas as nossas capacidades e saber que todos à nossa volta, para o bem e para o mal, gozam das mesmas faculdades.
  

julho 29, 2011

Você gosta de mim?

    Desculpe se a pergunta parece assim, digamos, um tanto invasiva e fora de hora. Não se preocupe. Você não tem, necessariamente, que respondê-la se não quiser. Ela serve apenas como abertura para um assunto muito comum entre as pessoas do mesmo grupo social.  Vira e mexe ela aparece tal como se estivéssemos num tribunal (isso para não dizer que a sensação é de estar na Idade Média diante dos inquisidores do Santo Ofício) e precisássemos ser o mais sinceros possível. Aí surgem respostas como:
- Bem... gosto.
- É claro que eu gosto.
- Você está duvidando?!
Elas não costumam traduzir exatamente aquilo que estamos pensando porque, além de inusitada, a pergunta geralmente surge quando quem a faz está bastante inseguro e já meio que sabe que a resposta deve ser negativa. Do contrário, ela nem teria sido feita, não é mesmo? Essa pergunta é um sintoma de que há dúvida, de que não se tem certeza (talvez nunca se tenha) dos sentimentos que desperta nos outros.
    Não é nossa intenção deslindar a intrincada rede que envolve os sentimentos humanos, mas sim falar de algo que nós todos temos: a capacidade de perceber tudo aquilo que nos é endereçado.   Esses sentimentos podem ser bons ou ruins, não importa, nós somos capazes de percebê-los. É claro que uns mais e outros menos, porém não há dúvida de que somos capazes.
    Apesar disso, o que nós fazemos, muitas vezes, é nos enganar. Por uma questão de não querer aceitar a verdade, querer se proteger, nos deixamos levar pela ideia (quase sempre falsa)  de que aquela pessoa (ou grupo de pessoas) pode estar confuso e que logo vai perceber a pessoa maravilhosa que a gente é e...
    Bem, pode até ser que tenha muita gente enganada por aí e que, por isso, ainda não tenham notado o quanto a gente é legal e coisa e tal, mas deveríamos, na minha opinião, dar menos atenção às palavras vazias que muitas vezes ouvimos e acreditar mais nas nossas intuições. Elas são uma arma poderosa contra os enganos que se pode cometer pela vida a fora. Aprender a ouvir a nossa voz interior e nos deixar guiar por ela, não faz de nós juízes a julgar esse ou aquele, se serve ou não serve. Apenas nos deixa mais preparados para enfrentar a possibilidade (bastante natural, inclusive) de que alguém que queremos perto de nós não aceite a nossa companhia por qualquer razão que seja.
   Nas nossas relações levamos muito em consideração tudo aquilo que é afirmado em alto e bom som. Não que as pessoas estejam sempre mentindo quando dizem que gostam umas das outras. Nada disso. Há muita gente que tem mesmo essa necessidade de verbalizar o tempo todo aquilo que está sentindo. Nada contra isso. Pelo contrário, temos mesmo que, como se diz popularmente, colocar para fora nossos sentimentos e ser feliz.
   Só que, se déssemos mais ouvidos às nossas impressões, aquelas coisas que nós sentimos e que muitos botam na conta de "esquisitices", "coisas de maluco" que no fundo são a voz da experiência (mesmo para aqueles que julgam não tê-la) falando em nós, não precisaríamos ter tanta dúvida quanto aos sentimentos que as pessoas nutrem por nós. Bastaria procurar perceber a forma como elas nos recebem, como atendem as nossas chamadas telefônicas e se nos incluem ou não em seus programas, se se sentem felizes com a nossa presença e se estão sempre inventando algum motivo para irem embora, enfim tudo aquilo que as pessoas direcionam a nós. Daí é só tirar nossas próprias conclusões.

julho 26, 2011

Território demarcado.

     É sabido que a disputa de território é um hábito próprio dos animais selvagens. Através de atitudes, em muitos casos não muito convencionais, eles marcam o espaço conquistado e não permitem que outro animal se aproxime ou tente tirar aquilo que julga ser seu por direito. Caso algum animal resolva invadir o espaço do outro já sabe que a briga será grande e o resultado imprevisível. Até aí na demais, não é? Afinal, e isso também é do conhecimento de todos, sobreviver na selva nunca foi algo muito fácil.
    Mas aqui na nossa selva (alguns dizem que é de pedra)  onde sobreviver não é menos difícil, nós os seres humanos costumamos ter nossas formas, algumas bastante sutís, outras nem tanto, de demarcação de espaço. Seja na política, no trabalho, na religião, na marginalidade (essa então nem se fala, é selva em estado bruto), na vida social ou onde quer que você chegue os lugares sempre estão tomados. Através de uma espécie de acordo de cavalheiros (acordo de damas, no caso das mulheres) os espaços são divididos e não queira adentrá-los sem ser convidado ou mesmo pagar o pedágio exigido que a coisa fica feia. Você terá que, no mínimo, enfrentar a ira dos donos do pedaço:
- Esse lugar é meu, ninguém tasca. Cheguei primeiro. - gritará o "assaltado".
Você pode usar o argumento que quiser. Não tem jeito. As portas estão fechadas e a saída é se conformar. Na pior das hipóteses você pode comprar uma briga daquelas e, não se esqueça, correr o risco de sair contundindo e sem nada conseguir. O paredão que se cria em torno da coisa conquistada é intransponível para amadores e marinheiros de primeira viagem. Coisa de profissional bem qualificado, entende?
    Sabe aquela coisa?: "aqui só se entra com convite ou por indicação." Esta é a lei da "selva". São esses os territórios demarcados pelos "animais" e onde eles se sentem protegidos, certos de que são o máximo e que pairam acima de todos aqueles que não têm o privilégio de desfrutar de sua "amizade" e "inestimável companhia'.
   Todos exibem suas conquistas, seus troféus conseguidos em batalhas onde a principal arma usada foi a deslealdade. Mas isso não importa, não é? O que vale é chegar no topo da montanha e fincar a sua bandeira e na falta de uma bandeira vale qualquer pedaço de pano velho. O que não se pode é perder a chance de mostrar para todos que se está no topo, que chegou primeiro e depois... Bem, depois fica todo mundo com aquela cara de paisagem (isso para não dizer outra coisa), sem saber direito onde está e qual o papel que  representa nessa ópera bufa.

julho 22, 2011

O poder de um sorriso.

     Tenho certeza de que se você não ouviu isso hoje, já deve ter ouvido um milhão de vezes: Sorria! Mesmo que a vida não esteja lá "essa brastemp toda", como se costuma dizer por aí, ainda assim a receita continua a mesma: Sorria! Não há outra saída. O jeito é escancarar um belo sorriso no rosto. Não se preocupe se os dentes estejam amarelos ou precisando de uma visita ao dentista. Não tem importância.  Deixa isso para outra hora. O importante agora é o sorriso. Apenas ele. Tenha ou não motivo. Antes, se você precisar de um, inventa. Cria uma situação onde possa dar um sorriso largo, uma gargalhada sonora, daquelas que desopilam a alma, que desfaz todas as amarras e que leva a um contentamento com a vida contagiando a todos aqueles que estiverem à sua volta.
    É bem provável que uns e outros vão achar que você ficou louco: "Onde já se viu alguém andar por aí com um sorriso estampado no rosto? Que coisa mais ridícula! Não deve estar bem da cabeça." Não se deixe levar por esse tipo de reação. É normal que as pessoas fiquem assustadas. Afinal é muito mais comum ver gente triste do que alegre andando pelas ruas que, quando se vê alguém demonstrando algum contentamento, logo pensamos tratar-se de algum tipo de alienação. Veja que ironia: temos mais compromisso com a tristeza do que com a alegria. Quando deveria ser o contrário. E aqueles que fogem do lugar comum que é achar a vida dura e hostil demais acabam reputados como anormais.
    Não estou aqui para dizer que a vida é uma maravilha e que só não vê isso quem não quer. Sabemos que isso não é verdade. A vida tem lá seus muitos dissabores e não é nada fácil manter-se otimista diante de tantos obstáculos que se apresentam a cada passo. Porém, não podemos nos deixar vencer. Temos que ter uma atitude de guerreiros cuja a maior, e talvez única, arma é o sorriso. Apesar de chamar o sorriso de arma, digo também que ele desarma. Ele tem o poder de deixar desconsertado aqueles que chegam prontos para brigar e desestabilzar.
    Por isso, manter um sorriso no rosto é um bom antítodo contra toda essa amargura que paira no mundo. Não um sorriso débil, apático, mas um sorriso de quem busca felicidade nas pequenas coisas, de quem valoriza os pequenos gestos.  De quem, à moda do Beija-flor, permite-se participar com o pouco que tem para oferecer e que faz muita diferença. Sorria sempre.

julho 20, 2011

Revolução.

     Como dizem por aí: "a maré não está para peixe". O mundo, apesar de todos os esforços que se empreendem no sentido de torná-lo um lugar onde todos possam viver em paz e harmonia, parece caminhar na direção contrária. Dia após dia, nos deparamos com situações que nos deixam um tanto desanimados. Não bastassem as tragédias que vez por outra se abatem sobre a humanidade: os desastres da natureza como as chuvas, os terremotos e suas consequências, os vulcões temos também aquelas que acontecem pela "vontade" do homem como a fome, o desemprego, os assassinatos, as chacinas (essas, por sua vez, mais inexplicáveis que quaisquer outras), a falta de escrúpulos e de caráter que assolam nossa gente, em especial os políticos e aqueles que cuidam da coisa pública. 
     Há quem diga que já perdeu a esperança de que as coisas possam realmente melhorar algum dia. Muitos, como forma de autoproteção, dizem não lerem mais jornais, ver noticiário de televisão e evita sair de casa. As grades estão aí para não nos deixar mentir. Outros migram para outros lugares. Tudo para evitar ter que conviver com toda essa miséria ou mesmo para não correr o risco de ir para os ares quando mais um bueiro resolver explodir. Isso sem falar do sem-número de pedintes pelas ruas, da sujeira e do lixo que toma conta de tudo, do trânsito caótico onde todos, veículos e pedestres, vivem apressados para chegar não se sabe onde e, por isso, não podem parar um instante para esperar um sinal abrir ou fechar, o que só faz contribuir para o caos.
    Diante de tudo isso, os que trafegam pelas ruas parecem seres que fingem não se importarem com a realidade que se apresenta. Podemos pedir emprestado o título daquele filme americano e dizer: " assim caminha a humanidade". Somos um bando de conformados e, quem olha de fora, pode até achar que estamos todos satisfeitos, que esse caos nos faz bem, que estamos acostumados com ele. Mas não creio que seja verdade. No fundo, todos nós gostaríamos de dar um jeito nessa situação, como numa espécie de revolução.
    Não uma revolução de armas, com banho de sangue, retomada de poder. Não, nada disso. Uma revolução à moda dos grandes mestres espirituais como Jesus, Buda, Mahatma Gandhi e tantos outros. Uma revolução que parta de nossas atitudes, de nosso comportamento, de nosso respeito pelo próximo e pelo mundo onde habitamos. Uma revolução "santa" que partisse do nosso compromisso com um mundo melhor, onde não houvesse vencidos, apenas vencedores. Na qual todos fossemos vencedores, pois o mundo não estaria mais dividido entre bons e maus, vítimas e algozes. Todos seríamos irmãos. Não haveria mais porque temer uns aos outros. Antes uns protegeriam os outros.
    Já não mais andaríamos alheios às crianças que encontramos perambulando pelas ruas, os velhos, os pedintes, os loucos e doentes, os(as) prostitutos(as), os ladrões de toda sorte (de almas e de corpos), pois todos seriam vistos com compaixão e essa compaixão os trariam para o nosso lado e eles seriam chamados de nossos irmãos e viveríamos em comunidade.
    Pode dizer que tudo isso é sonho, utopia vazia. Até pode ser. Mas continuo acreditando que essa é a verdadeira vocação da humanidade: livrar-se de tudo que nos leva a caminhar na direção contrária à do  bem comum.

julho 15, 2011

Desobsessão.

     Embora esse não seja um assunto novo ( pelo menos desde a passagem de Jesus Cristo pela terra já se tem conhecimento de sua prática), nos últimos tempos ele tem se tornado mais e mais popular: a desobsessão. Nunca se falou tanto desse assunto e sua prática, antes restritas às religiões chamadas espíritas (principalmente a Umbanda), agora parece tomar de assalto até mesmo aqueles lugares onde ele era tabu.
    Antes se tinha notícia dos padres exorcistas da igreja católica, mas agora até as igrejas evangélicas têm apresentado as desobsessões em seus "cardápios" e parece que a aceitação é grande. Todos querem passar por uma sessão de desobsessão e ficar livre dos seus obsessores. Pensam que assim estarão aptos para viver suas vidas sem nenhum espírito enxerido por perto.  Pois se acredita que nossos irmãos desencarnados são os responsáveis (além de muitas outras coisas) por todos aqueles desvios de conduta que nós encarnados por vezes ( ou sempre) apresentamos.
    Há toda uma crença envolvendo problemas com sexo, bebidas, doenças, loucura (de toda espécie), falta de caráter,  falta de ânimo para viver e trabalhar (preguiça mesmo), falta de fé e outros mais são obsessão. Segundo essa visão, tudo é influência maléfica dos espíritos que parecem não ter coisa melhor para fazer no mundo espiritual senão desencaminhar os pobres e incaultos encarnados.
    É bem provável que isso aconteça mesmo. Afinal, quanta gente sai da terra (via morte) sem estar preparado? Uma vez livres do corpo e permanecendo "vivos" fazem disso um meio de continuar participando da vida na terra de onde, muitas vezes, nem chegam a sair. Permanecem por aqui acreditando não terem morrido, em muitos caso, ignorando todo um mundo que o aguarda na espiritualidade, longe das agruras da terra.
    Porém, é preciso que se diga que há toda uma série de enganos nisso tudo. Vá lá que a morte não transforme (como às vezes queremos crer) as pessoas em santas. Definitivamente não acredito nisso. Também não acredito que nós aqui na terra sejamos tão indefesos assim ao ponto de ficarmos o tempo todo à mercê dos espíritos ditos malignos. Não se pode jogar a responsabilidade dos nossos atos e atitudes nos ombros dos outros. Nossas atitudes sejam elas sob influência ou não de quem quer seja (encarnado ou desencarnado) são da nossa responsabilidade.
    Por isso, não acredito que as sessões de desobsessão sejam  a solução para os nossos desvios. Sabe aquela lei da atração? Talvez ela explique melhor porque em determinado momento podemos atrair para junto de nós seres encarnados ou desencarnados de má índole. Antes de procurar uma sessão de desobsessão, seria melhor que a gente pensasse em quem está obsedando quem. Afinal, muitas vezes, nós é que chamamos essas companhias para o nosso lado através dos nossos pensamentos e como diria a igreja católica, "atos e omissões". Além daqueles que deliberadamente convidam esses seres para fazer parte de suas vidas acreditando assim estarem seguros e amparados. Uma vez que percebem a "burrada" que fizerem querem a qualquer custo ficarem livres da "obsessão".
     Trabalhando como médium vi muitos desses casos. Passados milhares de anos, a humanidade ainda continua no mesmo ponto. Ainda queremos subjugar forças que não conhecemos para depois descartá-las. Isso é a cara de nossa sociedade atual: usamos as coisas e jogamos fora quando elas não servem mais ou cansamos da "brincadeira". Para muitos, a desobsessão não é nada mais do que uma forma de se  desfazer daquilo que não interessa mais. E aqueles que perceberam esse "filão", fazem a festa.

julho 11, 2011

Seca pimenteira.

     Certa vez o genial poeta Carlos Drummond de Andrade disse que a crase (aquele acento que une duas vogais) não existe para humilhar ninguém. É verdade. Elas só existem para facilitar a escrita e o entendimento, não é? Deixando a crase de lado por hora, o que quero falar é sobre as palavras que também, na minha opinião e parafraseando o poeta, não existem para serem usadas como instrumento de humilhação e arma de ataque em verdadeiras guerras verbais.
     Sabe aquelas pessoas que por mais agradável que esteja a conversa sempre aparecem com uma palavrinha escolhida a dedo para cutucar a ferida alheia? Pois é justamente dessas pessoas que estou falando. São as famosas: "estraga prazeres". Parece que não conseguem viver num mundo onde aja paz e harmonia e por isso estão sempre jogando, aqui e ali, o seu veneno. Coisa triste, não? Embora eu saiba que esse tipo de atitude é apenas uma forma que a pessoa encontra para se defender ( do que e de quem provavelmente nem ela saiba) , ainda fico chocado com esse tipo de atitude.
     Sei que você vai dizer que eu já devia estar acostumado, que esse tipo de gente existe aos montes por aí e coisa e tal. Também concordo. Você está cheio de razão. Mas, cá pra nós, você acha mesmo que temos que nos acostumar com atitudes tão negativas? Acho que já chegou o momento de darmos um basta nisso. É claro que isso não significa riscar essas pessoas do nosso caderninho. Pelo contrário, elas merecem e devem permanecer nele. O que precisamos é ter uma postura mais firme diante desse tipo de atitude. Até porque elas contagiam tudo à sua volta. Lembra daquela história do tomate podre na caixa de tomates bons? Não dá outra, logo estão todos contaminados. Por isso, e com jeitinho, devemos ir mostrando para essa pessoa que sua atitude é corrosiva e que ela precisa se emendar senão corre o risco de ficar sozinha, sem amigos.
     Como ninguém é perfeito, vez por outra a gente também solta uma ou outra palavra mal falada até sem sentir. Principalmente naqueles momentos em que nos sentimos donos da verdade, os mais isso, os mais aquilo. Ninguém está livre disso. Por isso, precisamos nos policiar para não fazermos papel de "seca pimenteira" na vida dos outros.

julho 08, 2011

Preste atenção nos livros.

     Nós brasileiros somos conhecidos (triste estatística) pelo nosso, digamos, desinteresse pelos livros. Dizem que a média de livros que cada brasileiro lê é muito baixa, aliás, baixíssima. Eu mesmo confesso que não era muito amigo deles. Quando tinha que ler algum obrigado pela escola, sofria por não ter paciência de ficar sentado lendo e muitas vezes chegava ao final da leitura sem nada entender ou lembrar do que tinha lido.
     Com o tempo e já sem muita obrigação de ler fui me interessando por eles. Quando vi já lia com regularidade e, pasmem, com prazer. Hoje não me sinto parte daquela estatístíca que nos coloca como pouco ou nada amigos dos livros. Posso dizer, sem orgulho, que faço parte da exceção, da minoria que os aprecia.
     Não sei qual o seu lado nessa questão, mas não estou aqui para julgar os que gostam e os que não gostam de ler. Definitivamente, essa é uma questão pessoal ( permita que eu diga, cultural) e não pode ser uma imposição. Minha intenção é falar da magia da leitura e da forma como os livros podem enfluênciar nossas vidas. Quando lemos um livro entramos em seu universo e nunca saímos dele sem sofrer algum tipo de transformação. Além disso, desde muito tempo tenho percebido que alguns livros chegavam e chegam até mim das maneiras mais estranhas possíveis. Uso a palavra estranha por não encontrar outra que melhor traduza o que realmente acontece. 
     Vez por outra um livro cai  (literalmente) em minhas mãos vindo como presente, empréstimo, indicação ou é encontrado por acaso numa estante e ao começar a lê-lo, ás vezes sem muito interesse, acabo descobrindo que trata de um assunto que há muito eu queria me aprofundar. Isso me acontece com certa frequência. Tanto que acabei dando uma conotação um tanto mística para isso; passei a acreditar que nenhum livro chega às minhas mãos por acaso. Toda vez que eles chegam por caminhos não muito usuais, logo percebo que estão querendo me dizer algo através deles. Pode parecer crendice, bobagem ou qualquer coisa que valha, mas cheguei a conclusão que eles são usados pela espiritualidade (ou qualquer outro nome que você queria usar) para nos instruir sobre determinados assuntos. Nossos mentores falam conosco através dos livros.
     É claro que esse assunto é muito instigante e não dá para falar sobre ele em poucas linhas.Daria pano para manga falar sobre o interesse da espiritualidade em que aprofundemos nossos conhecimentos em certos assuntos como forma de facilitar o trabalho deles junto a nós. Mas voltando aos livros, quero usar como exemplo um que acabei de ler: O Deus de cada um, do Waldemar Falcão. Esse livro chegou até  mim por meio de alguém que o ganhou e não se interessou por ele. Depois de tentar lê-lo, sem sucesso, essa pessoa o ofereceu a mim dizendo:
- Quer pra você?
Fiquei meio sem jeito e peguei o livro. Ele ficou uns dias comigo e, embora não tivesse maiores intenções com ele, resolvi que daria uma olhada. Foi uma minha surpresa constatar que ele tratava de um assunto que muito interessava além de trazer informações sobre várias regiliões através do relato de nove personalidades, cujas histórias nos prova que existem mesmo muitas formas de encontrar Deus. Isso só veio reforçar aquilo que eu já sabia: um livro não cai em nossas mãos por acaso.
     Então, nunca despreze se algum deles surgir inopinadamente em seu caminho. Dentro dele pode conter muito mais que uma simples história, pode conter uma mensagem valiosa ou até mesmo pode ser apenas a garantia de uns bons momentos de lazer. Eles podem tudo.

julho 03, 2011

Eu e a Bíblia Sagrada

     Acabo de, pela primeira vez na vida, ler a Bíblia integralmente. E, para mim, é um grande feito, pois sempre desejei fazer isso, mas nunca achava o momento certo de começar. Achava que ler a Bíblia era coisa de fanático ou mesmo uma empreitada tão difícil que nem ousava me arriscar. Lembro-me de que uma vez cheguei a ler os quatro evangelhos, mas eu estava num momento muito conturbado de minha vida e o efeito não foi dos melhores. Com isso, acabei dando razão àquela impressão que eu tinha de que era um livro para exegetas e não para alguém que, como eu, estava procurando apenas conhecer aquilo no qual fundamenta a sua fé, sem grandes vôos ou mesmo questões muito filosóficas.
     O tempo foi passando e eu sempre me cobrando. Foi quando, no início desse ano, resolvi enfrentar o fantasma do 'livro difícil e incompreensível para um leigo" e com toda coragem do mundo a abri no primeiro livro:  Génesis. Inicialmente minha intenção era apenas ler os primeiros cinco livros que são, além de Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Não pensava em passar deles, mas, confesso, que fui sendo conquistado a cada página. A Bíblia, além de um livro sagrado, é um registo muito importante da história da humanidade nos seus, digamos, primórdios. Só esse fato por si, torna a leitura apaixonante e, muito diferente do que eu pensava: uma leitura intediante e difícil.
     Ter contato com seus personagens, pessoas como Abraão, Isaque, Esaú, Jacó e seus doze filhos (que deram origem às doze tribos de Israel), Moisés, Araão, Josué, Samuel, Rute, Davi, Salomão, a rainha de Sabá, Ester e todos os profetas é uma experiência que não dá para descrever. Até mesmo o estranhamento de ver que Deus parecia preferir o povo hebreu em detrimento dos outros povos que O negavam, é desfeita no novo testamento em que encontramos a generosidade desse Deus ao mandar seu filho Jesus para anunciar que Ele era o Pai de todos e não de uns poucos escolhidos.
    Poderia ficar falando (escrevendo) sem parar das impressões que tive ao conhecer as páginas desse livro maior. Sei que para muitos de vocês essa minha confissão é uma vergonha. Muitos de vocês já devem tê-la lido de ponta a ponta muitas vezes, e continuam lendo e estão perplexos. Muito bem, mas devo confessar também que sou de formação católica e que os católicos não tem (pelo menos, não tinham) o hábito de ler a Bíblia. Isso fez com que eu não tivesse, desde cedo, uma grande intimidade com o livro sagrado. Talvez essa, ainda seja, uma das deficiências da igreja católica ao não estimular seus fiéis na leitura e conhecimento da Bíblia. Creio, e eu posso testemunhar, que isso está mudando. Mas ainda é uma mudança tímida. Não só católicos, mas todos deveriam ler a Bíblia ainda que fosse apenas como fonte de conhecimento e informação.
    Muitos não aconselham a leitura da Bíblia nos moldes que eu fiz, ou seja, uma leitura mais cultural e menos espiritual. Também concordo. Só que quando o espiritual vem através do conhecimento, talvez seja mais eficaz e duradouro seu efeito. Porém, seja como for, ler a Bíblia é uma experiência fantástica. Agora, quando o Padre na missa ou qualquer outra pessoa faz uma citação de alguma passagem da Bíblia, eu sei do que ele está falando.

julho 01, 2011

Os que falam e os que calam.

     Todos temos um comportamento (leia-se atitude) que adotamos quando estamos em sociedade. Uns são mais expansivos, outros mais introspectivos. É claro que existem muitas variantes desses comportamentos, podendo alguns serem mais assim ou assado. Não existe uma regra definitiva para isso. Até porque somos todos dotados de individualidades e isso, definitivamente, nos difere uns dos outros.
    Dividir as pessoas entre expansivos e introspectivos é apenas uma visão genérica. Porém, é assim que costumamos ser retratados nas estatísticas ( tantos por cento assim, tantos por cento de um outro modo) que tentam descobrir como agem ou pensam as pessoas. E, vamos combinar, isso é muito castrador.
      Só que não são apenas as estatistísticas que nos vêem assim. No nosso convívio temos por hábito taxar as  pessoas disso ou daquilo segundo os critérios que nos convém, ou seja, critérios nada científicos. Com isso, do alto de nossa sabedoria, decidimos que o nosso "analisado" tem esse ou aquele comportamento. Portanto, ele só pode ser do jeito que o vemos. E, uma vez que decidimos o padrão de comportamento daquela pessoa, não há volta. Colocamos o nosso selo, lacramos e pronto. A partir desse momento passamos a vê-la apenas com aquele selo. Ai dela se resolver agir de outra forma. Nesse caso, o texto está sempre na ponta da língua:
- Que  isso? Que estranho! Esse não é você? Que é que te deu? Você nunca foi assim.
E tudo fazemos para que a pessoa volte a agir da maneira antiga (a do selo, lacre, etc...), pois só a aceitamos assim, de outra maneira não serve aos nossos interesses. Negamos o direito que a pessoa tem de mudar, de rever seus conceitos, de se reinventar. E ainda juramos que fazemos isso  o bem daquela pessoa:
- Você era muito melhor, mais agradável. Não estou te reconhecendo.
Trocando em miúdos, só aceitamos os outros quando eles atendem às nossas exigências, quando eles agem da maneira que nós queremos e deixamos. Para ser explicito: se queremos que falem, que falem; se queremos que calem,  que calem.