É provável que você nunca tenha ouvido esse nome: Ibiá. Nome de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde este que vos fala nasceu. Ibiá é como toda cidade, um microcosmo. Creio que toda cidade por menor que seja é assim: um lugar pequeno onde cabe de tudo. durante muitos anos Ibiá foi o mundo para mim. Eu acreditava que o mundo se encerrava ali. Tudo o que havia para além de suas serras era o desconhecido. Ibiá me bastava. Um dia, levado por uma curiosidade que agora acho natural, quis sair daquele útero, ou caverna, como queira. Cruzei fronteiras, deixei minha terra. No início voltava muitas vezes, depois as voltas foram se espaçando até que... Bem, até que não voltei mais. Faz uns quinze anos que não visito Ibiá. As vezes me pergunto o por que e não encontro resposta. Mas algo me diz para não voltar, deixando dormir na bruma do tempo as lembranças. Sonho com suas ruas por onde eu andava, suas casas, principalmente as que morei, as pessoas amigas, os parentes e aquelas apenas conhecidas, os bailes da Praça de esportes, a missa na igreja Matriz de São Pedro de Alcântara aos domingos às seis e meia da tarde, as barraquinhas, as festas juninas, as procissões, a semana santa, os velórios nas casas, os enterros pelas ruas, suas cachoeiras e côrregos, e tudo o mais. Confesso que tenho saudades. Lá deixei meus familiares, amigos e uma certa parte do meu coração..