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dezembro 25, 2009

É natal.

 Mesmo que como qualquer outra criança eu esperasse impascientemente pela chegada do natal, eu também achava estranho que todo ano acontecesse a mesma coisa: bastava se aproximar do mês de dezembro para as pessoas começarem a falar de natal e, consequentemente, do nascimento de Jesus com todos os seus simbolismos. Quando fiquei um pouco mais velho cheguei a achar tudo isso uma grande festa comercial, usada apenas para que alguns mostrassem seu poder aquisitivo alto e, portanto, capaz de muitas compras e outros que pouco ou nada podiam amargando sua dor e indegência. Uma festa desigual. O próprio Papai Noel muitas vezes (creio que nunca) não atendeu aos meus pedidos. Mas o tempo foi passando e os arroubos de " revolta contra o sistema", também. Hoje creio que há espaço para tudo: para a festa comercial feita de troca de presentes, favores e adulações, mas principalmente para o mistério do nascimento de Jesus. Esse sim, um símbolo poderoso que não vai perder sua força nunca. Pelo contrário, a cada ano Jesus nasce numa manjedoura humilde para  nos lembrarmos de que mesmo com todos os avanços da humanidade ainda temos muito que aprender com o Natal. Quando Jesus aceitou vir ao mundo na condição humana foi para dizer, acima de qualquer coisa, que nos amava. O nascimento de Jesus é uma declaração de amor de Deus para nós. Que o Natal nunca tenha fim nos nossos corações.

FELIZ NATAL!

dezembro 19, 2009

Sopa das quartas-feiras muda de dia.

É isso mesmo. A sopa que eu, juntamente com um grupo de amigos, servia às quartas-feiras e que tinha como base o Largo do Machado, agora é servida às segundas-feiras. A mudança ocorreu, entre outros motivos, porque estávamos encontrando muitos distribuidores de alimentos na quarta-feira. Isso gerava uma certa disputa entre os grupos. Por um lado, era bom porque os moradores de rua tecebiam mais alimentação, por outro ficava a pergunta: e nos outros dias? Será que a situação era a mesma?  A resposta veio através de um morador de rua que nos chamou a atenção para o fato de num dia existir muitos distribuidores e em outros praticamente nenhum. Daí surgiu a idéia da segunda-feira. Começamos há duas semanas e percebemos que é verdade, na segunda há menos voluntários nas ruas e com isso atendemos a um número maior de moradores de rua. O único dado triste, pelo menos para mim, é o fato de não estarmos mais conseguindo chegar até o Largo do Machado como fazíamos desde o início há cinco anos. Passamos a distribuir a sopa mais na região central do Rio de Janeiro e como o número de moradores de rua por lá é muito grande, não temos conseguido chegar até o Largo do Machado, no máximo chegamos até a Lapa ou Glória. Apesar do tão alardeado  "choque de ordem", as ruas continuam cheias de desabrigados. Isso prova que não basta varrer a "sujeira" para debaixo do tapete como querem nossos políticos. É preciso políticas públicas mais efetivas e de efeito duradouro. O povo precisa é de emprego, moradia, educação e ser tratado com respeito, não de choque de ordem. Aliás, várias vezes fomos "observados" por guardas municipais enquanto servíamos a sopa no Largo do Machado, dando sinais de que seríamos proibidos de fazer a distribuição. Esperamos que eles nos procurassem para falar alguma coisa, mas nada aconteceu. Bom para nós que continuamos a  fazer o nosso trabalho e para os moradores de rua que continuam recebendo a sua sopa.

novembro 29, 2009

Mediunidade

Esse é um assunto que sempre desperta curiosidade em todo mundo. Basta alguém dizer que é médium ou que tem mediunidade para ser olhado com espanto, como se fosse portador de alguma anomalia, chegam até a achar que se trata de algo contagioso, ou mesmo ser visto como uma espécie de oráculo que tudo vê e tudo sabe, sobretudo as coisas do futuro. Exageros à parte, é o que quase sempre acontece. As pessoas, talvez pela nossa (brasileiros) formação religiosa voltada quase sempre para o catolicismo que nos chegou via Europa, mais precisamente via Portugal, têm sempre a sensação que mediunidade está ligada a atos demoníacos, feitiçaria, bruxaria e por aí vai. Não é nada disso. Mediunidade nada mais é do que uma sensibilidade a mais que todos possuem, mas poucos desenvolvem, de manter contato com outras dimensões, outros mundos. O espiritismo costuma colocar a mediunidade como um compromisso que assumimos antes de nos encarnarmos nesta vida de trabalhar para a facilitação desses contatos entre os mundos, compromisso de ser um elo, não de pura curiosidade, mas como prova de que a vida não termina com a morte do corpo. A vida é muito mais que isso. Como disse Shakespeare em uma de suas peças: "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que explica nossa vã filosofia". A verdade é que ainda não sabemos muito a respeito desse fenômeno e tudo que nos cabe é continuar estudando e pesquisando. E se você tem essa tal sensabilidade chamada mediunidade mais desenvolvida, não fique assustado (a) e antes de tomar qualquer atitude procure pessoas sérias, casas ou grupos espíritas que se dediquem ao estudo da doutrina e tente entender o que está acontecendo. Outro caminho é a leitura. Os livros de Alan Kardec ( o Livro dos médiuns, o Livro dos espíritos, O evangelho segundo o espiritismo, dentre outros) são os mais importantes e embora careçam muitas vezes que serem explicados e até comentados por alguém com mais experiência podem ser lidos por qualquer um. A literatura espírita é muito grande, mas é preciso saber separar o "joio do trigo". De todos que conheço os que mais me ajudaram foram os do médium mineiro Chico Xavier, principalmente os livros ditados pelo espírito André Luiz. São livros bastante instrutivos e dão uma boa visão de como é o mundo espiritual. O livro Nosso Lar é leitura obrigatória para quem está começando. Vale dizer que a autora de novelas Ivani Ribeiro se baseou nele para escrever sua novela A viagem. Porém, o principal é lembrar que mediunidade não poder. Ninguém é mais importante por ser médium. Muito pelo contrário: ser médium é estar pronto a ser o mais humilde de todos e ter no mestre Jesus como seu modelo, pois Ele foi o maior médium que já passou pela terra.

novembro 28, 2009

Sobre o Centro Cruz de Oxalá

Algumas pessoas postaram ou me perguntam sobre o Centro Cruz de Oxalá, aonde eu trabalho como médium. Esse não é um assunto que gosto muito de falar, por várias razões: as pessoas, muitas vezes, não estão preparadas para entender os mistérios que nos envolvem neste mundo e por isso tratam com preconceito àqueles que desenvolvem esse tipo de trabalho e pelo fato de eu manter, apesar de espírita convicto, minha ligação com a igreja católica (assunto que pretendo falar no futuro). Mas vamos lá. Há muito eu já queria falar um pouco mais sobre o Centro. Em primeiro lugar gostaria de dizer que é uma casa espírita extremamente simples e desenvolve um trabalho na linha umbandista: a chamada umbanda branca. A casa foi fundada por volta do ano de 1952, pelo casal senhor Carlos e dona Marieta, tendo funcionado em vários endereços, quase sempre pelo bairro do Catete e Flamengo (em ruas como Silveira Martins, Buarque de Macedo e Dois de Dezembro, entre outras), esteve fora deste perímetro apenas uma vez quando esteve por curto período de tempo na rua da Passagem, em Botafogo. O casal manteve a casa por vários anos, até vir a falecer na década de 1980. O Centro passou a ser administrado por Edmar Castelo Branco, Clemente Abtibol e Sebastião Lima e assim permanece até hoje.
Sobre o episódio da invasão ao Centro.
Sobre esse assunto gostaria de dizer que, embora seja um fato que sempre vamos lamentar profundamente como um ato de intolerância, desrespeito e brutalidade incomparáveis, o Centro continuou seus trabalhos e segue em frente.
Sobre o seu funcionamento.
A casa funciona de segunda a sexta feira, sempre no período da noite. Sendo às segundas dia do trabalho de Cablocos ( gira de cablocos e cablocas), terça dia do trabalho de terreiro, quartas reservada para aulas de desenvolvimento e reuniões, quinta -feira dia de Pretos Velhos ( Pretas Velhas, Vovós e Vovôs), sexta-feira é dia do trabalho de cruz e do trabalho de mesa kardecista. Apenas os trabalhos de segundas e quinta-feiras são abertos ao público com distribuição de senhas a partir de sete horas da noite. Os trabalhos começam sempre às 08:00 da noite. O Centro não cobra pelos atendimentos e é mantido pelos seus sócios e por doações espontâneas
Atualmente o Centro funciona na rua Bento Lisboa, 146, no Flamengo. O telefone para contato é 021 2556 6450.

Mais alguma dúvida ou informação basta postar que será um prazer responder. Obrigado pela atenção.

novembro 22, 2009

Não deixe "limitar seu santo".

Dizem que um determinado cineasta americano ao ouvir que o ator Ronald Reagan seria candidato a governador de um determinado estado americano respondeu (penso que acreditando tratar-se de uma escalação para um filme) que Reagan não poderia ser o governador, quando muito poderia ser o assessor do governador. Se a história é verdadeira ou não, não posso afirmar, o fato é que todos sabemos que Ronald Reagan não só foi governador , como Presidente dos Estados Unidos da América. Contei esse fato para ilustrar o fato que muitas vezes aparecem pessoas nas nossas vidas pessoas para "limitar o nosso santo", dizendo que não podemos ou devemos fazer isso ou aquilo, que não estamos preparados ou que simplesmente não temos condições de tal empreitada. Não sei se isso acontece com vocês (caso não aconteça , você é um sortudo), mas comigo é muito comum. Vez ou outra sempre aparece um "limitador de santo" disposto a me provar que não posso, que não devo, que isso não é para mim e coisa e tal. No início eu ficava muito chateado, me sentindo o último dos seres humanos, mas com o tempo passei a identificar esse tipo: geralmente são pessoas que não têm coragem de ir à luta e ficam incomodas com a sua capacidade para correr atrás dos seus sonhos. A maneira mais fácil de identificar esse tipo de pessoa é contando para ela alguma coisa que você está fazendo ou pretende fazer, se você ouvir dela pérolas como: isso não vai dar certo:, isso não é para você; se eu fosse não fazia isso, tenho uma amiga....; e vai por ai: cuidado! Afaste-se desse tipo. São aves de mau agouro. Fuja delas. Não deixe que "limitem o seu santo". Seu "santo" é ilimitado, você pode tudo. Basta querer e não dar ouvidos a esses falsos profetas que só sabem fazer previsões apocalípticas. Fora com esses amigos da onça!

outubro 11, 2009

Julio Fernando Moreira: Premio Nobel da Paz para Barack Obama

Julio Fernando Moreira: Premio Nobel da Paz para Barack Obama

Premio Nobel da Paz para Barack Obama

Creio que muita gente, por razões diversas, vibrou com a chegada de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. Eu sou um desses. Porém, o fato do presidente dos EUA ter sido o ganhador do Prêmio Nobel da Paz deste ano me pegou de surpresa. Achei um tanto precipitada a escolha. Não que Obama não mereça. Pelo contrário. Acredito que ele está desempenhando um importante papel no comando da nação americana. Creio que sua eleição fez com que o mundo passasse a ver os americanos com outros olhos. Daí a ser um promotor da paz, acho que ele ainda não teve um papel relevante nesse sentido. A retirada das tropas do Iraque, a libertação dos presos de Guântamano e a mudança em relação ao embargo a Cuba, são, ao meu ver, decisões relativamente tímidas. Não conheço as regras na escolha dos premiados e não sei de nunhum nome que pudesse estar no lugar de Obama, mas imagino que essa escolha seja uma aposta no futuro. Acho que Obama ganhou esse prêmio pelo que ainda vai fazer pela paz no mundo. Sabemos que na condição de presidente da, ainda, mais importante nação mundial, ele tem a faca e queijo na mão. Só falta agir. Boa sorte para ele.

setembro 20, 2009

Ivani Ribeiro, a maior novelista do Brasil

     Acho que sempre se cometeu uma grande injustiça com a novelista Ivani Ribeiro, autora de incontáveis sucessos em quase todos, para não dizer todos, os canais de televisão do Brasil. Ivani atuou na Tv Excelsior, Tv Tupi, Tv Record (antes do Bispo Macedo), Tv Bandeirantes, Tv Globo, dentre outros canais, sempre com sucesso. Quem não se lembra de títulos como A moça que veio de longe, Alma cigana, A deusa vencida, A muralha, As minas de prata, Os fantoches, Meu pé de laranja lima, Nossa filha Gabriela, Camomila e bem-me-quer, Mulheres de Areia, Os inocentes, A viagem, O profeta, Aritana, O espantalho, Os adolescentes, Cavalo amarelo, Final feliz e todos os remakes que fez de suas próprias novelas alcançando igual ou maior sucesso que as primeiras versões. Não só para a televisão, Ivani Ribeiro escreveu também para o rádio onde começou sua carreira de sucesso e muitas vezes readaptou seus sucessos no rádio para a televisão como foi o caso de Mulheres de areia e Os inocentes.
 
     Não se dá o verdadeiro valor à Ivani Ribeiro. Fala-se da genialidade de Janete Clair esquecendo que além de ter escrito muito  menos que Ivani, Janete enfrentou muito mais fracassos e problemas em suas novelas, sendo considerada, muitas vezes, fantasiosa demais e até alienada, ao contrário de Ivani, que além de escrever sobre diversos assuntos, procurando se inovar a cada trabalho, sempre foi respeitada pelo seu trabalho. Por onde passou, Ivani deixou sua marca inconfundível. Já se falou que Ivani tinha um verdadeiro estoque ou reservatório de histórias, uma capacidade de criação impressionante. Eu acrescento que ela tinha uma técnica apuradíssima, sabia escrever roteiros como ninguém. Era essa técnica que fazia com que ela poucas vezes errasse na mão. Poucas vezes, ela teve insucessos. Pelo que sabe, poucas vezes seus trabalhos foram rejeitados pelo público, pelo contrário, sempre foram sucessos retumbantes.
 
     Sempre tímida, ela dava poucas entrevistas e aparecia pouco na mídia, não se fazendo conhecer do grande público. A única imagem que tive de Ivani, cujo nome de batismo era Cleide, por muito tempo, era uma foto dela diante de uma máquina de escrever usando uns óculos enorme de aro meio arredondado.
 
    O fato dela ter trabalho durante quase toda a vida em emissoras com problemas financeiros fazia com ela tivesse que escrever novelas com orçamento baixo, elenco reduzido, mas nunca de baixa qualidade. Sua passagem pela Tv Tupi é um grande exemplo disso. Enquanto ela lá esteve, a emissora lutava com grandes dificuldades financeiras. Apesar disso, foi lá que ela escreveu  seus sucessos mais marcantes: Mulheres de Areia, Os inocentes, A viagem, O Profeta e Aritana. E por que não falar de Aritana?
 
     Em Aritana, a sempre inovadora, Ivani tocou num assunto difícil até hoje: a questão indígena. Em A viagem, Ivani entrou na seara espírita e deu ao Brasil a possibilidade de conhecer melhor a doutrina de Alan Kardec, contando com a ajuda do mestre Chico Xavier, numa adaptação livre do seu livro Nosso Lar. Para ninguém poder dizer que ela estivesse puxando para o espiritismo,, sua novela seguinte, O Profeta, foi o que se pode chamar de uma novela ecunêmica. Nela, Ivani misturou vários credos mostrando sua maestria em tocar em temas espinhosos. Em O espantalho, novela que escreveu para o rescém-nascido canal Tv S, ela falou de ecologia, a poluição das praias, assunto que na época poderia parecer ainda distante da realidade do grande público, mas que hoje ninguém mais desconhece. Era o alerta, o pioneirismo. Infelizmente, a novela não foi sucesso. Ivani não fez por menos. Quando readaptou Mulheres de areia para a Tv Globo, colocou a trama central de O espantalho no meio da outra trama e novamente tocou no assunto.
 
     Muito se fala das novelas temáticas de Glória Peres, onde ela fala de assuntos do dia-a-dia, partindo de um tema de interesse do público, isso já estava presente em Ivani. Quando ouço dizerem que Glória tomou isso emprestado de sua mestra Janete Clair, acho estranho. Poucas vezes Janete Clair usou temas reais em tramas (isso se deu apenas em Duas vidas e Fogo sobre terra), sempre preferindo os temas românticos, sua grande marca. Creio que Glória bebeu nas fontes de Ivani mais que nas de Janete. De Janete ela tem apenas o jeito desvairado de conduzir suas tramas, sem se preocupar muito com a realidade imediata. Aliás, não só Glória, mas muitos outros dos quais Valcir Carrasco é o o que mais se destaca. Valcir tem de Ivani a preocupação em passar uma mensagem com a história que está contando. Dado que sempre foi muito importante nas histórias de Ivani, basta lembrar de Camomila e bem-me-quer, que já tinha uma certa preocupação com a espiritualidade.
 
    Outro lado importante de Ivani era seu talento para adaptações: A muralha, As minas de prata e Meu pé de laranja lima, todas grandes sucessos tirados de nossa literatura. Sem se esquecer que ela começou sua carreira na televisão adaptando novelas "mexicanas" , mas sempre dava um jeito de subverter o original, dando uma cara mais brasileira para a história, passo decisivo para que as novelas passassem a retratar a nossa realidade e não  reinos imaginários e distantes.
 
     E Os estranhos? Nessa Ivani faz uma espécie de ficção científica, assunto em voga na época por causa da ida do homem à lua, mostrando que ela era uma mulher antenada com seu tempo.
 
 
 
 
     Poderia ficar falando muito mais de Ivani Ribeiro, a quem eu gostaria de ter conhecido. Pretendo , um dia, me aprofundar mais em sua obra e, quem sabe, escrever um livro sobre essa grande escritora. Não sei o que foi feito de seu acervo e a quem pertence, mas espero que não seja esquecido. Ela merece um museu ou algo parecido, onde sua história seja preservada. Nunca vou esquecer que a primeira novela que eu acompanhei foi "A viagem", desde então acompanhei tudo sobre ela. Sua morte me causou muita tristeza, mas ela continua viva no meu coração
 
Viva Ivani Ribeiro!

setembro 13, 2009

A discípula de Janete Clair.

Com o final da novela Global, Caminho das Índias, muito tem-se falado do fato da autora da novela, Glória Peres, ser uma autêntica seguidora ou discípula da "chamada" mestra Janete Clair. Fato que tem seu lado de verdade, pois se sabe que Glória Peres começou a escrever novela justamente assessorando Janete Clair em sua última novela, Eu prometo. Dela herdou a forma pouco clara de desenvolver suas tramas, sempre optando pelas soluções que deram a Janete a fama de desvairada e alienada da realidade que o país vivia nos anos em que a autora escreveu seus maiores sucessos. Discussões a parte, não pretendo julgar os motivos que levavam Janete Clair a optar por tramas fantasiosas quando o Brasil não estava para fantasia, principalmente no que dizia respeito a liberdade de expressão. O caso que essa semelhança entre as autoras, que eu acho que não é tão grande assim ( Glória usa muitos elementos da realidade em suas tramas) tem sido motivo para "perdoar" os inúmeros "erros" que Glória Peres cometeu em sua trama. Para mim, a sequência da morte do Raul, embora é preciso lembrar que se trata de uma boa trama, mostrou o quanto a autora se faz valer de maniqueísmos para desenvolver sua história. É bem verdade que a realidade está cheia de gente capaz de atitudes até muito mais absurdas do que tramar a própria morte, mas vamos pensar direito, aquela história do caixão não ser aberto, o atestado de óbito ser assinado por uma médica falsa, as pessoas contratadas para participar da trama (os carregadores e etc.), a atitude da viúva, tudo muito estranho. Eu também escrevo e sei que a gente não pode ser tão realista o tempo todo, as vezes é preciso dar asas à imaginção, mas tudo tem limite, muita gente ainda vê novela como algo muito próximo da realidade e na falta de melhor informação toma aquilo como verdade. E o pior de tudo é que quando essas tramas vão ser solucionadas no final da história é que se percebe o quanto elas estavam distantes da realidade. Tem soluções simplistas, deixando o público com a sensação de que esteve se enganando ao seguir a novela. Quase todas as tramas beiravam o absurdo. O núcleo dos indianos, muito bom no início, mostrou-se repetitivo e expôs as chagas da cultura indiana, cheia de preconceitos no que diz respeito às mulheres e distante da realidade nossa de cada dia. Não ficou claro como vivem os indianos, o que eles comem. como dormem, tomam banho, lavam suas roupas. Coisas boas como a violência nas escolas, ficaram devendo um desenvolvimento maior, em favor de outras tramas mais palatáveis como a da Norminha e seu "guardinha". Isso sem falar do Bahuan o herói sem atos heróicos. Creio que nesse quesito a Glória invou ao criar um herói individualista e que não se sacrificaria seus sonhos nem pela mulher amada e nem pelo seu povo. Afinal, herói de que? Soube que Glória não cria escaletas para escrever, ou seja, ela não faz um planejamento do desenvolvimento da trama e que segue sua intuição, além de escrever sozinha. Tudo muito admirável, aliás a Glória Peres é uma grande mulher, com uma história de vida cheia de lances de superação, mas um planejamento da trama resolveria certas inconsistências.
Glória Peres fica devendo uma trama que não seja sobre uma cultura e suas amarrações que obriga a autora a escrever seguindo um manual do tipo pode isso, não pode aquilo. Quero ver Glória Peres contando uma história de verdadeira ficção, onde fique claro seu dom inventivo. Isso quase foi possível com a trama da família Cadore e seus agregados. Faltou acreditar na trama e escrever uma novela só com eles. O lado dos indianos foi puro manual, como aliás já tinham sido os ciganos em Explode Coração e arabes em O Clone. Nada além do manual da cultura em questão.

agosto 02, 2009

Lixo nas ruas

Eu morro na rua do Catete e faço o trajeto do número 66 até o 347 todos os dias cerca de quatro vezes, sempre a pé. Quem conhece a referida rua, sabe que não é um trajeto fácil de fazer dado ao movimento de pessoas e veículos que transitam nela, isso sem falar dos camelôs, ambulantes e afins e mais nossos amigos moradores de rua, além do mau uso que os comerciantes fazem da rua. Apesar de tudo isso, não tenho grandes reclamações a fazer. Afinal, preciso, como qualquer ser humano, ter um pouco de tolerância, aceitar alguns defeitos do outro. Ninguém é perfeito, muito menos o mundo é perfeito. Mas tem uma coisa que me tira do sério: pessoas que jogam lixo na rua. Quase perco a paciência. Dá vontade de partir para briga toda vez que vejo alguém jogando lixo na rua. É difícil me controlar. Principalmente porque, justiça seja feita, a rua do Catete, aliás, toda a cidade do Rio de Janeiro, é muito bem servida de lixeiras. Não há desculpa para se jogar lixo no chão. É falta de educação, civilidade, respeito pela cidade e pelo outro. Além de todas as outras implicações, vide as enchentes, que são de conhecimento de todos. Não dá para entender o que passa pela cabeça de uma pessoa quando simplesmente usa a rua como lixeira. É algo difícil de digerir. O pior é que não depende da classe social para isso. Pessoas de todas as classes cometem esse "delito". Resta apenas, como consolo, o fato de termos uma empresa de limpeza urbano tão eficiente como a COMLURB. O que me faz pensar: Será que as pessoas sujam tanto é porque sabem que a Comlurb vai limpar em seguida?