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junho 07, 2014

Sufocados por palavras não ditas.

     Corre pela internet, pelo facebook para ser mais preciso, um texto simples, mas que me chamou a atenção. Nele, alguém lamenta a morte de uma determinada pessoa motivada por sufocamento. Até aí, nada demais. Apesar de triste, é perfeitamente natural que alguém morra em decorrência de um sufocamento, pois sabemos que o ar é vital para a manutenção da nossa vida e que a falta dele nos leva à morte.
    O texto, porém, nos avisa que não se tratou de sufocamento qualquer e, sim, um sufocamento por palavras não ditas. Espera aí, o que é isso? É possível que alguém morra sufocado por palavras que não falou?
    Infelizmente, é possível sim. E, provavelmente, não sejam poucos os óbitos que  se dão por esse mal. Em tempos de politicamente correto, está cada vez mais difícil falar. Não aquele falar do blablabá tão comum em nossos dias, mas o falar onde você diga exatamente aquilo que está pensando. O falar onde você, eu e todo mundo, usemos a nossa liberdade de expressão e não fiquemos o tempo todo preocupados com o que se pode ou não se pode falar.
    É verdade. Estamos vivendo num tempo, literalmente, de liberdade vigiada. Somos livres e tal e coisa, mas nem tudo é permitido, nem tudo pode ser dito ou sequer pensado, sem que você seja taxado disso ou daquilo.
   Sou a favor daquela máxima que diz que nossa liberdade começa onde termina a do outro e vice versa e que é preciso ter cuidado com o que se diz. Não podemos sair por aí dizendo o que pensamos sem levar em conta quem está do nosso lado.
   Tudo sem paranoia e sem um código de conduta tão rígido, onde ninguém mais diz o que pensa e, se diz, pode sofrer sanções. Isso leva, irremediavelmente, a uma sociedade falsa, hipócrita calcada em proibições.
   Dessa maneira, estamos todos fadados a viver com palavras paradas em nossas gargantas sem poder sair e correndo o risco de morrermos sufocados por elas. Palavras essas que, muito certamente, não são apenas de ofensas e ódios, mas também de amor e gratidão. 
    Precisamos encontrar o caminho do meio e ele, talvez,  seja dizer as coisas que pensamos com os cuidados necessários e na dosagem certa.
Bom domingo!