Vá lá que novela seja mesmo entretenimento, que pode claramente ser confundido com passatempo, mas, cá pra nós, até passatempo precisa e deve ter alguma qualidade, não é? E isso João Emanuel Carneiro vinha apresentando a contento em sua "Avenida Brasil". História ágil (apensar de lembrar, e muito, "A favorita", do mesmo autor), muito mistério, acontecimentos impactantes, texto fluente, personagens verossímeis, situações idem. Não seria nada de mais se a gente colasse na novela o selo de "perfeita". Isso mesmo. Eu sei que pode parecer exagero, mas confesso que cheguei a achar isso.
A trama vinha redondinha ,embora os deslises quanto ao uso das tecnologias modernas sejam flagrantes, mas até isso dava para perdoar. Afinal de contas, se a gente for levar as coisas ao pé da letra, ficaria impossível escrever novela nos dias de hoje. Então é preciso perdoar que a Nina não tivesse uma câmera de vídeo, uma máquina fotográfica, um celular que tira foto e faz gravação de vós. O autor "teve" que esquecer esses avanços da tecnologia para nos garantir mais emoção e ação e , é claro, alguns capítulos a mais. Do contrário, tudo se resolveria em, no máximo, dez capítulos.
Estava tudo muito bem, tudo muito bom, a novela caiu no gosto do povo; a Carminha confirma o talento de Adriana Esteves; o Max dá fôlego a carreira de Marcelo Novaes; e tem mais o Nilo, a Lucinda, o Leleco (Marcos Caruso não é tão velho quanto se pensava), o Adaulto (grande surpresa), a Mona Lisa, Olenka, Verônica, Cadinho, a Ivana, as duas empregadas, Zezé e Janaína. Suelem; enfim, é gente demais, melhor parar por aqui. Isso sem deixar de lado a direção, segura e eficiente. Nossa! Repararam? Estou quase me sentindo um crítico especializado.
Porém (tinha que ter um "porém"), chegamos ao capítulo cem. Lembra de tudo o que foi dito acima? Estou quase me arrependendo do arroubo. A partir do capítulo cento e qualquer coisa, aquela novela ágil, aqueles acontecimentos impactantes deram lugar a uma novela requentada, quase um pastiche de si mesma. Sem exagero. O autor pisou no freio e a história está devagar quase parando. Situações que eram resolvidas no mesmo capítulo, agora se arrastam, dando a ideia de que não se tem mais muita história para contar e que o jeito é dar uma "enroladinha".
Que pena! Um dos grandes trunfos da produção era exatamente sua agilidade, um jorro de ideias e desfechos sempre surpreendentes. Em alguns momentos, tem-se a impressão de que depois do capítulo cem o autor passou a repetir situações já apresentadas e que sua criatividade anda um tanto esgotada. Parece ter acelerado demais sua história no início e agora precisa ir devagar para cumprir um número de capítulos estipulados.
Já vi isso acontecer com outro bom autor da Globo, Benedito Rui Barbosa. Ele também costuma contar toda a sua história nos primeiros capítulos e depois fica apenas repetindo (literalmente) o que aconteceu antes. E por falar em outro autor, João Emanuel Carneiro resolveu fazer uma "homenagem" ao rei da armação, Gilberto Braga, mas derrapou e ficou devendo para o mestre. A cena em que Nina tem um saquinho de drogas plantado em sua bolsa foi muito mal escrita. Deu até para sentir saudades das tramas do Gilberto Braga e de todos os seus seguidores.
Mesmo assim ainda é possível assistir a "Avenida Brasil" com a sensação de que o gênero pode ter alguma sobrevida. Mas ninguém me tira da cabeça que a novela tinha fôlego apenas para uns cem ou cento e vinte capítulos. Nada mais que isso. Pois aguentar a Nina (acho que deixei de citar a Débora Falabela, com sua contraditória mocinha (?)) emperrando a trama com a desculpa de que se revelarem os segredos de Carminha o Tufão vai sofrer muito. Engano, garotinha. Quem sofre muito somos nós, os telespectadores.
Porém (tinha que ter um "porém"), chegamos ao capítulo cem. Lembra de tudo o que foi dito acima? Estou quase me arrependendo do arroubo. A partir do capítulo cento e qualquer coisa, aquela novela ágil, aqueles acontecimentos impactantes deram lugar a uma novela requentada, quase um pastiche de si mesma. Sem exagero. O autor pisou no freio e a história está devagar quase parando. Situações que eram resolvidas no mesmo capítulo, agora se arrastam, dando a ideia de que não se tem mais muita história para contar e que o jeito é dar uma "enroladinha".
Que pena! Um dos grandes trunfos da produção era exatamente sua agilidade, um jorro de ideias e desfechos sempre surpreendentes. Em alguns momentos, tem-se a impressão de que depois do capítulo cem o autor passou a repetir situações já apresentadas e que sua criatividade anda um tanto esgotada. Parece ter acelerado demais sua história no início e agora precisa ir devagar para cumprir um número de capítulos estipulados.
Já vi isso acontecer com outro bom autor da Globo, Benedito Rui Barbosa. Ele também costuma contar toda a sua história nos primeiros capítulos e depois fica apenas repetindo (literalmente) o que aconteceu antes. E por falar em outro autor, João Emanuel Carneiro resolveu fazer uma "homenagem" ao rei da armação, Gilberto Braga, mas derrapou e ficou devendo para o mestre. A cena em que Nina tem um saquinho de drogas plantado em sua bolsa foi muito mal escrita. Deu até para sentir saudades das tramas do Gilberto Braga e de todos os seus seguidores.
Mesmo assim ainda é possível assistir a "Avenida Brasil" com a sensação de que o gênero pode ter alguma sobrevida. Mas ninguém me tira da cabeça que a novela tinha fôlego apenas para uns cem ou cento e vinte capítulos. Nada mais que isso. Pois aguentar a Nina (acho que deixei de citar a Débora Falabela, com sua contraditória mocinha (?)) emperrando a trama com a desculpa de que se revelarem os segredos de Carminha o Tufão vai sofrer muito. Engano, garotinha. Quem sofre muito somos nós, os telespectadores.