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novembro 06, 2010

O código secreto de Chico Xavier

     Acabo de ler "As vidas de Chico Xavier", a biografia de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, escrita por Marcel Souto Maior. É realmente  inacreditável que esse homem tenha mesmo existido. Tudo em Chico Xavier nos leva a acreditar que ele não era desse mundo, tal a forma como viveu, tal a maneira como se colocou a disposição dos espíritos que através dele mandavam mensagens para nosso mundo dando-nos conta da vida após a morte, tal o número de pessoas que ele arrebanhou durante a sua existência, fazendo com que elas, mesmo provindas de outros credos ou convicções, se rendessem aos ensinamentos dos quais ele era porta-voz, tal a maneira como enfrentou os céticos, os que vinham nele um embusteiro, uma fraude ou um aproveitador da boa fé do povo. A todos Chico brindou com sua paciência, seu silêncio, sua dedicação, sua inesgotável capacidade de trabalhar em prol dos mais necessitados fosse material ou espiritualmente.
       Através dele todo um mundo novo se descortinou para nós. Chico Xavier foi responsável por divulgar a ideia de que a vida não termina no túmulo, ao contrário, apenas muda de forma: se antes ttínhamos um corpo para abrigar o espírito, a morte apenas nos livra dele, mas o trabalho continua, os laços continuam. Fato que para muitos materialistas adeptos do aqui e agora pode assustar, pois parece muito mais fácil acreditar que tudo acaba com a morte. A ideia de continuidade da vida nos impõe uma severa mudança de atitude diante de nós mesmos, diante do outro e diante do Criador. A partir de Chico/kardec a ideia da morte como descanso fica sem sentido. O céu/inferno/purgatório que a Igreja Católica apregoa já não responde às ansiedades daqueles que pensam além.
     O mais curioso de tudo é que os textos psicografados por Chico Xavier trazem, acima de qualquer coisa, mensagens de alguém muito conhecido de todos: Jesus Cristo. Em nenhum momento Chico Xavier e os espíritos ( Emmanuel/ André Luiz/ Bezerra de Menezes/ Maria João de Deus, sua mãe e tantos outros) tiveram outro "guia" que não fosse Ele. Isso fazia calar vozes exaltadas e dispostas a querelas inúteis. Ao mesmo tempo atraía (e ainda atrai) multidões em busca de consolo, em busca de tantas respostas que o catecismo tradicional não conseguia ( e ainda  não consegue) responder.
      Com Chico a comunicação entre os dois mundos está definitivamente estabelecida. Prova  maior disso são os mais de quatrocentos livros escritos e o sem-número de mensagens recebidas. Prova disso é o número cada vez maior de livros editados  e de médiuns que psicografam no Brasil mundo a fora.
     Porém, a ideia de que Chico Xavier criou um código (essa informção não contém no livro) para se identificar (teria sido numa tentativa de evitar fraudes) em possíveis mensagens do além, me deixou um tanto perplexo. Não consigo acreditar que em sã consciência Chico tenha criado esse "código". Isso não combina com a vida que ele levou. Essa preocupação não condiz com o que ele pregou; se em vida Chico não pertenceu a si mesmo e sim a causa espírita, como depois de morto ele ficaria preso à ideia de que alguém pudesse receber mensagens mentirosas dele?  É difícil de acreditar  que ele tenha deixado esse mundo com esse tipo de preocupação no alto de seus 92 anos e bastante alquebrado pelas enfermidades que acometeram seu corpo. Prefiro acreditar que isso tenha nascido de 'outras" mentes e que ele, sempre disposto a concórdia, tenha concordado apenas para não magoar aqueles que o assistiam em seus últimos dias na terra. Definitivamente essa história de código não tem nada a ver com Chico Xavier.