Pesquisar este blog

maio 05, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 11

Neste capítulo, Joel se envolve com Suzi, descobre que Zelão é um explorador e põe a sua vida em risco.

CENA 1 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
ZELÃO E JOEL.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 CAPÍTULO 10.

JOEL – Pode falar, Zelão.

ZELÃO – Vamos sair daqui.

JOEL – Por que não podemos conversar aqui mesmo?

ZELÃO – Que é, Joel? A gente pode tomar alguma coisa lá fora. (TEMPO) É por minha conta.

JOEL CONCORDA E SAI COM ZELÃO. SUZI OS OBSERVA SAIR.

CORTA PARA:

CENA 2 – INTERNA/DIA – BAR
É UM BOTECO MUITO SIMPLES. JOEL E ZELÃO ESTÃO SENTADOS NUMA MESA. ELES BEBEM CERVEJA.

ZELÃO – Estou sabendo que você não está acostumado com essa vida de GARIMPEIRO, que está tendo dificuldade...

JOEL – Eu sou um trabalhador, sabe?

ZELÃO – E você acha que aquela gente toda aqui não é?

JOEL – Não é isso que estou querendo dizer.

ZELÃO – Mais é isso que parece. (TEMPO) Todo mundo ali é trabalhador.

JOEL – Não se pode chamar aquilo de trabalho, Zelão. Sair pelas ruas metendo a mão em lixo correndo risco de contrair doenças.

ZELÃO – Você conhece alguma maneira melhor da gente ganhar a vida?

JOEL – Não. Mas...

ZELÃO –  Nunca prometi vida rei pra ninguém. (TEMPO) Agora, você pode se dar bem, se quiser.

JOEL – Me dar bem? Como?

ZELÃO – Já  percebi que você não é como os outros, Joel. Parece ser um cara estudado. Não precisa ficar GARIMPANDO se não quiser.

JOEL – E o que eu faria?

ZELÃO – Pode me ajudar a CUIDAR daquela gente. Estou precisando de um ajudante. Aquela gente me dá muito trabalho

JOEL FICA ANIMADO COM O CONVITE. ZELÃO SORRI DE SATISFAÇÃO.

ZELÃO – Vamos beber mais uma. Que tal uma cachacinha?

CORTA PARA:

CENA 3 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO.
JOEL E ZELÃO ENTRAM NO TERRENO. JOEL ESTÁ UM POUCO BÊBADO. ZELÃO SE AFASTA. NO CAMINHO ELE ECONTRA COM SUZI E FAZ SINAL PARA QUE ELA SE APROXIME DE JOEL.

SUZI – Que prestigio, hein, Joel? Saiu com o Zelão pra beber. (TEMPO) O Zelão é muito bom para todos nós. Ele ajuda todo mundo.

JOEL – Estou vendo que ele é um cara legal.

SUZI – Eu bem que queria levar outro tipo de vida. (TOM) Mas eu não tenho outra saída. Lá fora a vida é muito difícil. Só encontrei homem que queria me USAR. Você entende, não é? (TOM) Meu sonho é encontrar um homem que me trate com respeito e que me tire daqui.

JOEL – Você é uma mulher bonita, Suzi.

SUZI – Você acha?

SUZI SE INSINUA PARA JOEL E OS DOIS SAEM. ZELÃO PERCEBE.

CORTA PARA:

.CENA 4 – EXTERNA /DIA – TERRENO BALDIO.
SUZI ESTÁ PREPARANDO A COMIDA NUM FOGÃO IMPROVISADO. HÁ MUITOS MORADORES DO TERRENO POR ALÍ, JOEL ESTÁ ENTRE ELES.  ZELÃO CHEGA E VAI DIRETO ATÉ SUZI.

ZELÃO – Que é, mulher? Essa comida ainda não está pronta?

SUZI – Espera um pouco, Zelão. Já estou quase acabando.

ZELÃO – (TOM) Você disse para eu esperar? Foi isso o que ouvi?

SUZI – Sim. Está todo mundo esperando, por que você não esperar também? Vai beber com os outros enquanto eu termino.

ZELÃO – (PEGANDO SUZI PELOS CABELOS) Olha aqui, sua VADIA. Aqui quem diz o que fazer sou eu.

SUZI – Me solta, Zelão. Você está me machucando.

ZELÃO BATE EM SUZI E A PANELA DE COMIDA VIRA NO CHÃO. ZELÃO FICA MAIS ENFURECIDO AINDA.

ZELÃO – Olha o que você fez, sua PUTA.

ZELÃO LEVA O ROSTO DE SUZI ATÉ O CHÃO. TODOS FICAM ALARMADOS COM O ACONTECIMENTO. JOEL SE APROXIMA.

JOEL – O que é isso, cara? Não se trata uma mulher assim.

ZELÃO – A mulher é minha e eu trato do jeito que quiser.

ZELÃO SOLTA SUZI E SAI. JOEL TENTA AJUDAR SUZI A SE LEVANTAR.

JOEL – Por que você se submete a isso, Suzi?

SUZI – (TOM) Me ajuda, Joel. Esse homem vai acabar me matando. Ele acha que é o meu dono.

CORTA PARA:

CENA 5 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO.
OUTRO DIA. A VIDA CONTINUA NO ACAMPAMENTO. MORADORES PEGAM SACOS COM SUZI E SAEM. JOEL SE APROXIMA DE SUZI.

JOEL – Você está melhor?

SUZI – Um pouco.

JOEL – E aquele nosso passeio? É amanhã... Você vai?

SUZI – Tenho medo do Zelão. Ele pode pegar a gente.

JOEL – Pode deixar. Eu vou dar um jeito dele não perceber nada.

SUZI – Se é assim...

JOEL – Então, amanhã?

SUZI – Amanhã.

JOEL SAI. ZELÃO, QUE OS OBSERVAVA DE LONGE, SE APROXIMA.

ZELÃO – O que você estava de conversa com aquele cara?

SUZI – Nada, Zelão.

ZELÃO – Estou de olho em vocês dois.

CORTA PARA:

CENA 6 – EXTERNA/DIA – ATERRO DO FLAMENGO
JOEL E SUZI ESTÃO SENTADOS NUM BANCO DO PARQUE DISTANTE DA PRAIA.

SUZI – Nem acredito que estou aqui. Faz tanto tempo que não saio para passear.

JOEL – O Zelão não costuma levar você para passear?

SUZI – Não. Por ele eu fico o tempo todo naquele lugar.

JOEL – Ele te trata muito mal, não é? (TEMPO) Por que você não larga ele?

SUZI – Ele me protege. A vida na rua não é fácil. Para uma mulher então...

JOEL – Como você veio parar na rua?

SUZI – É uma história longa.

JOEL – Me conta. Eu quero ouvir.

SUZI  COMEÇA A CONTAR SUA HISTÓRIA E JOEL A OUVE COM TOTAL ATENÇÃO.

CORTA PARA:

CENA 7 – EXTERNA/DIA – ATERRO DO FLAMENGO
OUTRO PONTO DO ATERRO. SUZI E JOEL ESTÃO SENTADOS NA GRAMA.

SUZI – (TEMPO) Você é tão diferente.

JOEL – Diferente como?

SUZI – Deferente do Zelão. Carinhoso, atencioso...

SURGE UM CLIMA ENTRE ELES.

SUZI – (TOM) Meu Deus! O que é isso? Eu não posso. Nem sei o que estou fazendo aqui. Eu tenho que ir embora.

SUZI LEVANTA-SE PARA IR EMBORA.

JOEL – Volta aqui, Suzi.

SUZI – Eu não posso, Joel. Se o Zelão descobre, eu não sei o que ele é capaz de fazer.

JOEL – Por que você tem tanto medo dele? Você é uma mulher livre.

SUZI – (TOM) Ninguém é livre naquele lugar, Joel.

JOEL – Como assim?

SUZI – Deixa isso para lá.

JOEL – Agora que você começou, termina. (TEMPO) Todos ali são escravos do Zelão, não são? Todos são obrigados a trabalhar para ele, não são? Fala a verdade, Suzi. Esse papo de ajudar os outros é mentira, não é?

SUZI – Eu não quero falar sobre isso, Joel. (TOM) Eu vou me embora.

SUZI SAI E JOEL VAI ATRÁS DELA.

CORTA PARA:


CENA 8 – EXTERNA/NOITE – TERRENO BALDIO.
O ACAMPAMENTO ESTÁ ÀS ESCURAS. ALGUNS MORADORES JÁ ESTÃO DEITADOS E OUTROS PERAMBULAM POR ALI. OUTROS CHEGAM COM SACOS DE GARIMPAGEM E ENTREGAM PARA ZELÃO. SUZI ENTRA APRESSADA SEGUIDA DE JOEL. ZELÃO LARGA O QUE ESTAVA FAZENDO E VAI ATRÁS DELA.

ZELÃO – Posso saber por onde você estava andando?

SUZI – Me deixa, Zelão.

ZELÃO PEGA SUZI PELO BRAÇO.

ZELÃO – Vai bancar a engraçadinha, vai?

JOEL CORRE EM SOCORRO DE SUZI

JOEL – Larga ela, Zelão.

ZELÃO – Olha, olha... Você arrumou um PROTETOR. (LARGA SUZI E PARA CIMA DE JOEL) Eu vou mostrar para ele que não se deve meter com o que É meu.

JOEL – Ela não te pertence, Zelão. A Suzi é uma mulher livre. (TEMPO) Eu descobri tudo. Você vive de explorar essa gente. Eu não fico nem mais um minuto nesse lugar. Chega! (PARA SUZI) Vamos embora daqui, Suzi.

OS MORADORES DO ACAMPAMENTO SÃO ATRAÍDOS E SE APROXIMAM.

SUZI – Deixa isso para lá, Joel. O Zelão só está um pouco nervoso.

ZELÃO – É melhor ouvir o que ela está dizendo.

JOEL – Por que? O que você vai fazer comigo?

ZELÃO – Eu vou te mostrar.

ZELÃO TIRA UM CANIVETE DO BOLSO E PARTE PARA CIMA DE JOEL. OS DOIS LUTAM E ZELÃO FERE JOEL COM O SEU CANIVETE. JOEL CAI NO CHÃO, SANGRANDO.

CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO