Eu já disse aqui em outra ocasião que (quando dá) assisto novelas, por isso cá estou outra vez para falar do tema. Só que dessa vez não é para elogiar o gênero ou coisa parecida e sim para chamar a atenção para um fenômeno que vem ocorrendo entre os seus principais autores. Se você também costuma dar uma olhadinha já deve ter percebido, sem nenhuma dificuldade, é claro, o quanto as tramas das ditas novelas têm sido repetitivas. Coisa de assustar os menos prevenidos. O negócio anda tão feio que está acontecendo de uma mesma trama ou tema estar na novela das 5, 6, 7 e 9 ao mesmo tempo dando a impressão de que se está vendo a mesma novela, independente do horário.
Aquele antigo diferencial entre as tramas das seis, com suas histórias ingênuas, a das sete com ares um tanto joviais e a das oito (ou será das nove?) com suas tramas mais densas e abordando temas mais, digamos, adultos, não existe mais. Pelo que dá a entender os autores estão liberados para falar de qualquer coisa a qualquer hora. Até ai, você certamente diria, nada de mais. Fora uma certa mesmice e pasteurização, eu também vou pelo mesmo caminho. Só que esses ditos autores estão provando que não costumam, como qualquer mortal, dar uma olhadinha nas novelas dos colegas. Prova disso é a repetição de histórias, plots, tramas, argumentos, temas ou que quer que seja. Pelo que se sabe, eles (pelo menos é o que se diz pela imprensa) ganham muito bem, o que não justifica a preguiça ou indolência mental, não é? Além do mais, eles (diferentes dos autores do passado como Ivani Ribeiro, Janete Clair e outros que ainda andam por aí) escrevem suas novelas juntamente com um grupo que costuma contar com até dez integrantes. Será mesmo necessário tanta gente? O que essa turma toda faz? Será que ficam apenas batendo papo e esquecem da trama que estão desenvolvendo?
Eu sei que você dirá que os temas se esgotam, afinal são mais de cinquenta anos de novelas no ar. Pode também dizer que chega uma hora em que dá-se a impressão de que já se falou de tudo, que o gênero está desgastado e precisando de renovação. Mais uma vez digo que concordo. Deve ser desgastante escrever duzentos capítulos e ainda tentar ser original. Pois está aí a questão: tentar ser original. Não é demais dizer que a "moçada" não tem feito essa lição de casa: buscar um mínimo que seja de estilo e originalidade. Parar de ficar copiando uns aos outros e buscar o novo para brindar o público que (pelo que sei) continua prestigiando com sua audiência e interesse.
No ar atualmente temos tramas que falam de espiritismo (sem muito compromisso com a doutrina, haja vista), inseminação artificial com casais divergindo dos procedimentos e etc, temos gente ganhando na loteria (pelo menos na ficção se ganha e se sabe quem ganhou), temos milionários esnobes que não estão nem aí para os pobres e pela coisa alheia (alguns casos até os atores são repetidos), temos dondocas fúteis que se acham "o ó do borogodó" desfazendo de todo mundo, homem mais velho abandonando mulher para ficar com jovenzinha boazuda sem neurônio, um uso, sempre estranho e que beira o jocoso, da Internet e afins e assim poderia ficar aqui listando as repetições. E as verdadeiras questões do nosso país, onde é que ficam? Parece que nossas queridas novelas (leia-se, os autores) não têm nenhum compromisso em retratar a vida do brasileiro comum e sim nos enfiar pela cara à fora uns tipos que ficariam melhor se fossem americanos de Miami.
Aí você poderia dizer que novela se transformou num produto industrial e que é feito para dar lucro. Isso talvez explique a ausência de tipos mais brasileiros, a presença quase única e obrigatória de personagens da raça branca (sobretudo uma população loura que talvez nem na Europa possa encontrar tantos), a quase inexistência de personagens da raça negra (e outras) que não sejam empregados domésticos ou personagens meramente periféricos. Pelo que dizem, é isso que os gringos querem ver e é isso que eles mostram. Até porque as produções visam o mercado externo e nunca é demais lembrar o .carnavalesco Joãozinho Trinta com sua frase: "Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual". Pode até ser. Eu prefiro apostar que um povo gosta de se ver retratado no espelho, quero dizer, no vídeo.
Apesar da trama repetitiva (os atores, idem) temos que tirar o chapéu para a novela das seis. Lícia Manzo, ao localizar sua história em Porto Alegre e arredores, acaba tirando a novela do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. Pelo que parece, até agora, a história se passa mesmo no sul do país. Só falta, é claro, daqui a pouco a autora ( e toda a sua trupe) colocar os personagens num veículo qualquer e os trazer para o Rio ou os levar para São Paulo. Alguém seria capaz de apostar qual das duas cidades seria a escolhida?
Aquele antigo diferencial entre as tramas das seis, com suas histórias ingênuas, a das sete com ares um tanto joviais e a das oito (ou será das nove?) com suas tramas mais densas e abordando temas mais, digamos, adultos, não existe mais. Pelo que dá a entender os autores estão liberados para falar de qualquer coisa a qualquer hora. Até ai, você certamente diria, nada de mais. Fora uma certa mesmice e pasteurização, eu também vou pelo mesmo caminho. Só que esses ditos autores estão provando que não costumam, como qualquer mortal, dar uma olhadinha nas novelas dos colegas. Prova disso é a repetição de histórias, plots, tramas, argumentos, temas ou que quer que seja. Pelo que se sabe, eles (pelo menos é o que se diz pela imprensa) ganham muito bem, o que não justifica a preguiça ou indolência mental, não é? Além do mais, eles (diferentes dos autores do passado como Ivani Ribeiro, Janete Clair e outros que ainda andam por aí) escrevem suas novelas juntamente com um grupo que costuma contar com até dez integrantes. Será mesmo necessário tanta gente? O que essa turma toda faz? Será que ficam apenas batendo papo e esquecem da trama que estão desenvolvendo?
Eu sei que você dirá que os temas se esgotam, afinal são mais de cinquenta anos de novelas no ar. Pode também dizer que chega uma hora em que dá-se a impressão de que já se falou de tudo, que o gênero está desgastado e precisando de renovação. Mais uma vez digo que concordo. Deve ser desgastante escrever duzentos capítulos e ainda tentar ser original. Pois está aí a questão: tentar ser original. Não é demais dizer que a "moçada" não tem feito essa lição de casa: buscar um mínimo que seja de estilo e originalidade. Parar de ficar copiando uns aos outros e buscar o novo para brindar o público que (pelo que sei) continua prestigiando com sua audiência e interesse.
No ar atualmente temos tramas que falam de espiritismo (sem muito compromisso com a doutrina, haja vista), inseminação artificial com casais divergindo dos procedimentos e etc, temos gente ganhando na loteria (pelo menos na ficção se ganha e se sabe quem ganhou), temos milionários esnobes que não estão nem aí para os pobres e pela coisa alheia (alguns casos até os atores são repetidos), temos dondocas fúteis que se acham "o ó do borogodó" desfazendo de todo mundo, homem mais velho abandonando mulher para ficar com jovenzinha boazuda sem neurônio, um uso, sempre estranho e que beira o jocoso, da Internet e afins e assim poderia ficar aqui listando as repetições. E as verdadeiras questões do nosso país, onde é que ficam? Parece que nossas queridas novelas (leia-se, os autores) não têm nenhum compromisso em retratar a vida do brasileiro comum e sim nos enfiar pela cara à fora uns tipos que ficariam melhor se fossem americanos de Miami.
Aí você poderia dizer que novela se transformou num produto industrial e que é feito para dar lucro. Isso talvez explique a ausência de tipos mais brasileiros, a presença quase única e obrigatória de personagens da raça branca (sobretudo uma população loura que talvez nem na Europa possa encontrar tantos), a quase inexistência de personagens da raça negra (e outras) que não sejam empregados domésticos ou personagens meramente periféricos. Pelo que dizem, é isso que os gringos querem ver e é isso que eles mostram. Até porque as produções visam o mercado externo e nunca é demais lembrar o .carnavalesco Joãozinho Trinta com sua frase: "Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual". Pode até ser. Eu prefiro apostar que um povo gosta de se ver retratado no espelho, quero dizer, no vídeo.
Apesar da trama repetitiva (os atores, idem) temos que tirar o chapéu para a novela das seis. Lícia Manzo, ao localizar sua história em Porto Alegre e arredores, acaba tirando a novela do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. Pelo que parece, até agora, a história se passa mesmo no sul do país. Só falta, é claro, daqui a pouco a autora ( e toda a sua trupe) colocar os personagens num veículo qualquer e os trazer para o Rio ou os levar para São Paulo. Alguém seria capaz de apostar qual das duas cidades seria a escolhida?