Mateus, apesar de ser muito pobre, sempre teve uma boa aparência. A pele clara, o cabelo bem cortado e as roupas joviais ajudavam a dar a ele uma imagem, não de rico e abastado, mas de um rapaz de classe média baixa. Aliás, como a maioria da população de nossa cidade.
Inteligente, articulado e dono de um papo, - ele costumava falar de tudo com muita desenvoltura e. o que é melhor, sem demonstrar muito pedantismo, como é comum às pessoas muito falantes - ele vivia pelos bairros do Catete, Flamengo e Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, onde tinha muitos amigos. Amigos, basicamente, feitos na praia do Flamengo onde ele era sempre visto, sobretudo nos fins de semana.
Ele nunca disse exatamente quem era, que idade tinha (percebi-se apenas que era muito jovem, talvez uns vinte anos) o que fazia, onde morava, se morava com a família, se vivia sozinho ou... Bem, uma coisa ele fazia questão que todos soubessem: ele era solteirinho da silva. Provavelmente, com a intenção de que as moçoilas soubessem que seu coração estava vago e à disposição.
Brincadeiras à parte, ele não costumava dizer se era natural do Rio de Janeiro ou se veio de outro estado, mas ninguém também nunca perguntava e ele seguia sem revelar seu estado de origem. O sotaque não denunciava nem o estado nem a região, pois ele falava de um jeito, digamos, manso e educado sem nenhum acento marcante.
Dos encontros na praia do Flamengo, ele passou a frequentar alguns apartamentos de pessoas da turma, que era formada principalmente por pessoas de meia idade, homens e mulheres, na sua maioria recém aposentados ou à espera da aposentadoria. Entre eles, estavam Tomás e Lidiane. O casal se afeiçoou a Mateus e ele também gostava deles. Eles apresentaram a filha, Ludmila, a Mateus.
Como não podia deixar de ser, o rapaz ficou caidinho pela Ludmila e ela por ele. No início, Tomás e Lidiane acharam aquilo meio fora de propósito. Afinal de constas, Ludmila ainda não tinha completado dezessete anos e eles desejavam ver a filha estudando e não namorando. Porém, logo acostumaram com a ideia e o jovem casal pode namorar em paz.
Em pouco tempo, Mateus praticamente estava morando na casa de Tomás e Lidiane. Isso fez com que ele ficasse cada vez mais próximo do casal. que o tratavam como a um filho. Mateus nunca se sentiu tão feliz e acolhido em sua vida. Tomás arrumou um emprego para o genro na firma de um amigo e a ideia do casamento nasceu.
Tanta felicidade fez com que Mateus finalmente abrisse o seu coração para o casal. Ele contou que era baiano e que saiu de casa muito cedo. Na verdade, ele fugiu de casa quando tinha dez anos. Queria viver no Rio de Janeiro. Aqui chegou dois ou três depois e desde então sobrevivia pelas ruas da cidade. Ele contou que fez de tudo para sobreviver, só não roubou ou usou drogas.
Tomás e Lidiane ouviram sua história sem dizer uma palavra. Não tinham o que dizer. Em suas cabeças apenas uma ideia latejava: quer dizer que nós abrimos as portas de nossa para um mendigo e, o que é pior, deixamos a nossa filha única se envolver com ele?
Eles não permitiram que Mateus ficasse nem mais um minuto no apartamento. Ele teve que sair naquela noite mesmo e foi proibido de ver Ludmila. Para completar, Tomás pediu ao amigo que mandasse Mateus embora do emprego. Dessa forma, ele voltou a morar na rua e nunca mais foi visto pelos bairros do Catete, Flamengo e Laranjeiras. Nem mesmo na praia do Flamengo ele foi visto mais.
Bom final de semana.
Eles não permitiram que Mateus ficasse nem mais um minuto no apartamento. Ele teve que sair naquela noite mesmo e foi proibido de ver Ludmila. Para completar, Tomás pediu ao amigo que mandasse Mateus embora do emprego. Dessa forma, ele voltou a morar na rua e nunca mais foi visto pelos bairros do Catete, Flamengo e Laranjeiras. Nem mesmo na praia do Flamengo ele foi visto mais.
Bom final de semana.