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dezembro 27, 2020

A viagem, novela de Ivani Ribeiro: muito além do espiritismo.





A volta ao ar da novela A viagem, de Ivani Ribeiro, pelo canal Viva, mostra a força que a obra da autora tem desde que foi lançada pela primeira vez, no já longínquo ano de 1975, pela Rede Tupi de Televisão. O sucesso que a trama, assumidamente de temática espiritualista, faz desde então é incontestável; o público não se cansa de acompanhar a história escrita com base no livro "Nosso Lar", psicografado pelo médium Chico Xavier

A novela, que arrasta multidões de fãs, foi reprisada em 1980, pela própria Rede Tupi, pouco antes de seu, até hoje lamentado, fechamento. Em 1994,  Ivani teve a feliz ideia de reescrever a trama para a Rede Globo, com pequenas alterações, principalmente nos nomes de alguns personagens, repetindo o mesmo sucesso da versão original.

A versão apresentada pela Globo já teve várias reprises, e arrasta uma legião de fãs, porém não pense que são formados apenas por espíritas ou simpatizantes da doutrina; a maioria é composta por pessoas que não professam, nem mesmo aceitam, a possibilidade da vida após a morte, há mesmo aqueles que sequer para pensar no assunto, o que só aumenta sua mística.

Isso faz pensar que a novela tem encantos que extrapolam o espiritismo ou qualquer ideia de proselitismo. A verdade é que Ivani Ribeiro, como não me canso de dizer, era uma novelista incomparável, a maior que jamais se viu. Mulher culta e espiritualizada, ela não era apenas uma novelista que se preocupava em entreter os telespectadores ou conseguir altos índices de audiência; acima de tudo, queria informar e fazer pensar. Quem, após ver a novela não parou para pensar na "vida após a morte" ou se interessou em conhecer, mesmo que por mera curiosidade, a doutrina espírita?

Em sua estreia, em 1975, na Tupi, a novela enfrentou forte resistência da igreja católica, que a considerava contrária aos seus ensinamentos, mas não impediu que os fiéis a acompanhassem. Por outro lado, se analisarmos mais detidamente sua trama veremos que a trama vai além do espiritismo, principalmente de levarmos em conta o ano de sua primeira versão. Falar de separação de casal (Téo e Diná), vida marginal (Alexandre), diferença de idade entre casais (Téo e Diná), emancipação da mulher (Diná, Estela, Carmem, Fátima, para citar algumas), e vários outros assuntos espinhosos, mostram o quanto a autoria tinha preocupação de fugir da alienação normal das novelas da época.

Se você, por acaso, ainda não viu, corra para ver; se já viu, o que é bem mais provável, tem a chance de assistir mais uma vez e absorver todos os seus ensinamentos e se deliciar com os encantos da trama.


Boa semana.