Todos nós, pelo menos os ditos normais, temos o costume de estar vez por outra nos autodefendendo de possíveis reações contrárias. É só alguém fazer menção de torcer a cara para alguma coisa que a gente tenha feito, que logo partimos para a defesa. Argumentamos horas a nosso favor sem mesmo saber se a pessoa a quem dirigimos a explicação está interessada ou necessitada dela.
Muitas vezes é até fácil de entender esse tipo de atitude, não é? Ao lançarmos uma ideia e tentar fazer com que ela emplaque é comum a gente enfrentar alguma resistência da outra parte. Por isso, é preciso que se lance mão de muito blá, blá, blá para se fazer entendido ou aceito. Nunca é demais lembrar que todo mundo anda muito disposto a falar, mas a ouvir... Logo estão cansados, com pressa, sem tempo para perder com minúcias. Essas coisas.
Assim, aquela ideia revolucionária, aquele ponto de vista que precisava tanto ser exposto para deixar claro o nosso pensamento acaba ficando perdida. Talvez esse seja um dos grandes males da atualidade: damos muito pouca importância ao que o outro tem a dizer. Todo mundo se acha muito interessante, muito sagaz, conhecedor de tudo. Vai daí que ouvir o que o outro tem a acrescentar se torna, aos olhos de alguns, coisa sem importância.E isso é uma pena. Se parássemos mais para ouvir o que o outro tem a dizer, talvez a gente descobrisse que aquelas figuras que tanto se despreza são portadoras de muita sabedoria, que elas muito a dizer. Pode até dizer que sejam pessoas sem muita erudição, pessoas que não frequentaram bancos de escola ou se o fez, fez por pouco tempo. É possível. Mas apenas frequentar bancos de escola não garante sabedoria e grandes conhecimentos a ninguém. Mais que frequentar bancos de escola, é preciso assimilar e transformar o que ali se aprende.
Bem, esse post não é sobre os meandros do ensino e da aprendizagem, nem mesmo sobre o conhecimento empírico. Antes, é sobre essa necessidade que temos de defender nossos pontos de vista e da resistência que quase sempre encontramos. Algumas ideias justas e boas, outras nem tanto, mas que defendemos com unhas e dentes. Muitas vezes chegando a extremos, agindo de forma radical. Tudo em nome das nossas ideias ou, quem sabe?, da nossa pura e simples vontade de fazer valer a nossa opinião.
O contrário também acontece, pois é comum a gente ter reações aos projetos dos outros sem nem mesmo saber porque temos aquela posição. Em muitos casos fica evidente que o que temos é na verdade pura birra. Agindo, assim, de forma parcial. O respeito precisa e deve ser de ambas as partes. Só assim podemos dar o nosso melhor e receber o melhor da outra parte.