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abril 30, 2011

Verdade ou pura convenção?

     Acho que todo mundo, em algum momento da vida, principalmente se esteve enfrentando algum tipo de dificuldade, deve ter ouvido algo parecido com: " Qualquer coisa que você precisar, não se acanhe, me procura ou me liga. Estou à sua disposição." No momento essa fala soa como um bálsamo. Você tem a sensação de que não está sozinho. Qualquer coisa pode procurar aquela pessoa que acaba de se oferecer, tão prontamente, sem até que você pedisse. Só que... A coisa não é bem assim.
     Muitas vezes (praticamente sempre) o oferecimento não passa de uma simples convenção.  A pessoa que as profere ou não tem a mínima intenção de lhe ajudar ou se quer fazê-lo não tem condições para isso. O pior de tudo é que, por estar muito necessitado de ajuda naquele momento, você acaba acreditando. Pega o telefone e liga ou vai bater na porta da pessoa. Quase sempre (eu já vivi essa situação) o que se vê é uma pessoa constrangida que não se lembra de ter lhe oferecido ajuda (até porque o fez praticamente sem perceber que fez) e que não tem a menor ideia de como ajudar. E isso só faz aumentar o  problema, pois levado pela necessidade de sair daquele sufoco você acabou acreditando que aquela pessoa lhe traria a solução e até deixou de buscar outras saídas. Resultado: além de tudo, você sente que foi enganado.
     Isso  se dá em todo tipo de situação. Desde um amigo ou simples conhecido que ao saber que você passa por esse ou aquele problema anuncia uma solução mágica ou um profissional ao qual você recorre. Entre os profissionais, os mais comuns são os médicos e dentistas. Eles sempre se colocam à disposição a qualquer hora do dia ou da noite. Qualquer coisa você pode ligar e eles estarão a postos. Para isso dão telefone (vários), e-mail, sms, bip, facebook, orkut, tudo que se pode imaginar. Mas na hora h estão sempre bem longe ou simplesmente não atendem ao chamado. Ou seja, tudo não passa de mera convenção. Oferecem uma ajuda ou um serviço que não querem ou não podem prestar.
     Para ser sincero, eu nunca acredito quando um amigo ou um profissional profere essas palavras mágicas. Por experiência sei que estão apenas cumprindo um dever social, profissional. Por trás dessas palavras (infelizmente) existe muito pouco de verdade, de sinceridade. Elas são ditas apenas para que o interlocutor se livre da pessoa à sua frente. Até porque não existe possibilidade de, por exemplo, um dentista ficar vinte e quatro horas à sua disposição caso você sinta uma dor. Afinal, como qualquer pessoa, ele tem outros interesses, tem sua vida, sua família, seu lazer, seu descanso.
     Porém, é preciso levar em conta que as pessoas têm por hábito acreditar naquilo que ouvem. Algumas até muito mais que outras. Vá lá que precisamos de convenções para poder viver em sociedade. Seria muito estranho se ficássemos o tempo todo dizendo verdades, sendo extremamente sinceros. O convívio seria muito tumultuado. Mas certas convenções acabam gerando mais confusões do que se optássemos por usar de sinceridade. Isso evitaria de alguém bater em nossa porta no meio da noite cobrando aquela ajuda prometida só para ser socialmente agradável.