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novembro 11, 2011

"Esse menino só anda em má companhia".

  
  A frase que dá título a essa postagem foi muitas vezes repetida por minha mãe. Ela era mestra em desaprovar as minhas companhias, como também a de todos os meus irmãos. Ninguém era bom o suficiente para obter sua aprovação. Isso sempre me deixava bastante chateado porque, além de não estar em busca de boas ou más companhias e sim, apenas e simplesmente, de companhia; aliás, como todo e qualquer jovem da minha idade, e não me achava com capacidade para julgar ninguém. Com isso, pensava que tudo não passava de implicância de minha mãe. Mais tarde pude perceber que esse era um comportamento comum às mães dos meus colegas. Nelas também havia a tal preocupação em saber com quem os filhos estavam andando, de que famílias procediam, quais suas tendências, vícios, atitudes, se bons ou maus alunos etc.
     O fato é que, salvo os exageros próprios de mães abnegadas, ela acabava de uma forma ou de outra tendo certa razão: aquele(a) colega acabava mais cedo ou mais tarde aprontando alguma coisa e lá vinha ela com o fatídico:
- Eu não te avisei!?
     E aí podia preparar o ouvido que o discurso fatalmente seria longo e cheios de frases de efeito: "Eu falo, mas você não me dá ouvidos. Acha que, como sua mãe, quero o seu mal? Agora é chorar na cama que é lugar quente. Não adianta reclamar. Vê se da próxima vez procura me ouvir. Afinal, eu sou sua mãe e só quero o seu bem."  Era difícil, mas eu tinha que aceitar os fatos. Só que eu não me emendava e logo estava pronto para ouvir todo aquele repertório da sabedoria materna, outra vez.
    Mas o tempo passou e eu já não tenho mais minha mãe por perto para avaliar as minhas amizades e sabe que, por mais incrível que possa parecer, eu até sinto uma certa saudade daqueles vereditos.  Não que eu esteja "andando em más companhias", como ela gostava dizer. Ou sei lá. Nunca se sabe, não é? No entanto, vez por outra, dou de cara com uns tipos que dificilmente passariam pelo crivo dela e chego até a pensar que continuo escolhendo mal as minhas companhias. Continuo com a "mão podre para escolher companhia", outra de suas pérolas. Nessas horas parece que escuto ela dizendo:
- "Eu não te avisei!? Mas você não me ouve."
  Porém, apesar de não ser mais aquele adolescente com fumaças de rebeldia, eu não me emendo e sigo merecendo um bom puxão de orelhas pelas escolhas malfeitas que continuo fazendo vida  afora. Fazer o quê!? Um dia, eu ainda me emendo. Como dizem por aí: "a esperança é a última que morre".