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outubro 07, 2011

Na contramão.

      Embora Marina não seja exatamente uma pessoa que se possa chamar de antiquada - em outros assuntos ela não demonstra ser tão ortodoxa assim -, ela não parece viver nesse nosso século XXI no que diz respeito às invenções eletrônicas. Diferente de todos aqueles que a rodeiam, ela insiste em não aderir às modernidades que a cada dia aparecem para, acredite ou não, facilitar a nossa vida.
     Assim Marina vai vivendo sua vida sem dar bola para computadores, internet, celulares, ipods e mais toda uma lista de gêneros que para a maioria das pessoas se tornaram gênero de primeira necessidade e que para ela não passam de "modismo bobo". Ela acredita que a qualquer momento todos vão se dar conta de que todas essas invenções não servem para nada e que voltarão correndo para os velhos costumes. Em alguns aspectos não posso negar que ela até tem certa razão e que não seria má ideia.
    Marina chega a dizer que essas invenções servem muito bem é para divertir crianças e adultos que ainda vivem como tal. Para ela, pessoas sérias não confiam nessas "coisas", nessas maluquices sem propósito. Por isso, não adianta você argumentar com ela. Falar das vantagens de um computador em relação, por exemplo, à velha máquina de escrever, é bobagem. Ela prefere manter sua Olivetti à qual recorre toda vez que precisa enviar uma correspondência mais formal, preencher um documento ou subescritar um envelope. No mais, escreve à mão no seu bloquinho e não admite a ideia de ter um e-mail ou até cartão de crédito, cartão de banco. Quando se vê diante da estupefação de alguém responde:
- Resolvo minhas coisas diretamente no caixa do banco, posto minhas cartas no correio e quando compro alguma coisa, pago em dinheiro ou com cheque. É mais seguro. - diz ela, fugindo da conversa.
     Facebook, orkut, twitter, torpedo ou qualquer coisa do gênero são enigmas indecifráveis que ela quer manter bem distantes. Sua ojerisa à modernidades é tão grande que, quem não a conhece, pensa que ela não é boa da cabeça: afinal quem não gosta de uma modernidadezinha que facilite a sua vida? Todo mundo gosta, não é? Mas a Marina, não.
     Diante dessa reação às facilidades da vida moderna fico um tanto cabreiro e me ponho a pensar: será que é possível, nos dias de hoje, virar as costas para todas essas invenções? É possível viver desconectado do mundo comunicando apenas pelos meios precários de antes: correio normal, telefone fixo, telegrama e tantas outras coisas que já foram (muitas ainda são) muito úteis, mas que hoje parecem (e às vezes são) ultrapassados?  Pagar em dinheiro ou cheque quando os cartões facilitam tanto a vida dos consumidores?
     Sei que Marina não é a única que pensa dessa forma, digamos, romântica. Muita gente ainda se nega a aderir, ainda que parcialmente, ao uso de máquinas. Creio que todos nós, num nível maior ou menor, temos lá nossas dificuldades de assimilar essas transformações todas, mas negá-las de forma tão drástica não me parece a melhor coisa a fazer.
   Ao mesmo tempo, do outro lado da linha, tem aquelas pessoas que buscam a total mecanização de suas vidas, passando a ignorar qualquer tipo de contato com mundo que não seja pelos meios eletrônicos. Ninguém seria leviano de não dizer que isso também é loucura ou insensatez, pois assim estamos usando algo que em si é bom para nos isolarmos, o que, convenhamos, não é bom.
    O ideal seria usarmos as invenções apenas naquilo em que elas facilitam nossas vidas e não naquilo em que apenas faz de nós "pessoas modernas".  Agora, negá-las é como descer de um veículo rápido e tentar fazer o trajeto a pé, correndo contra o tempo.