Todos os anos, o dia 13 de maio é comemorado como o dia da libertação dos negros, o dia em que, num gesto benevolente da Princesa Isabel, aquela que passou a ser chamada de 'a redentora', aboliu a escravidão no Brasil.
Seria muito bom se esse 'gesto benevolente', tivesse mesmo sido benevolente ou mesmo representado a verdadeira libertação dos escravizados. Infelizmente, o que realmente aconteceu não foi bem isso. Na verdade, os antigos cativos foram entregues à própria sorte sem que lhes fossem oferecido nenhum tipo de ajuda ou garantia de sobrevivência como 'libertos'.
Trocando em miúdos, a abolição nada mais foi que um decreto assinado sem que se levasse em conta o que viria depois. Tudo foi feito de maneira romântica e idealista. Além dos muitos problemas enfrentados desde o primeiro momento como o desemprego, fome, falta de habitação a população negra ainda busca um lugar para ocupar na sociedade brasileira.
O fardo da escravidão pesa sobre os ombros dos negros como se o 'decreto' ainda pairasse sobre a mesa da Princesa para ser assinado. Cenas de preconceito explicito e implícito são vistas a todo momento. Há quem clame para que o decreto seja revogado sem saber que claramente ele nunca foi obedecido.
O negro saiu da senzala e foi para a favela. A diferença é que na senzala não tinha que disputar espaço com brancos, pois reinava absoluto. A favela, cada vez mais invadida por brancos, já não representa o refúgio. A rua tem sido cada vez mais a casa daqueles que o decreto da 'redentora' libertou. Resta saber quem, por decreto ou alguma solução verdadeiramente eficaz, os tirará de lá.
Bom domingo e excelente semana.