Quando Artur terminou o seu trabalho, deu um grande suspiro e se deixou cair sobre as pernas. Tinha, finalmente , concluído a sua obra. Logo o seu quadro estava exposto numa grande galeria e as pessoas podiam apreciar o seu talento e inspiração.
Artur se sentia feliz por ter realizado mais aquele belo trabalho. Mas a sua rotina o chamava de volta. Não podia viver eternamentee dos louros colhidos por aquele quadro, como não tinha ficado parado todas as outras vezes.
Foi lá, entre tintas e pincéis que uma jornalista foi encontrá-lo. Ele sempre fora avesso à entrevistas, mas daquela vez resolveu abrir um precedente. Afinal de contas, o seu público merecia uma palavra, uma certa atenção e ele resolveu falar.
A jornalista não conseguia esconder a sua emoção de ser a primeira a conseguir uma entrevista daquele artista maravilhoso depois de tantos anos de silêncio. Ela foi logo enchendo Artur de perguntas. Queria saber tudo sobre a sua vida.
Artur, por sua vez, só queria falar do trabalho. Essa era a única coisa que o interessava: o trabalho. O ato de criar. Porém, para a jornalista isso parecia não interessar muito. Ele insistiu e ela acabou por ceder e passou a fazer conversar a respeito do seu trabalho e tascou:
- Como é o seu processo criativo? Como o senhor (os jornalistas, não se sabe bem por que, chamam todo mundo de senhor) concebe uma ideia?
Artur respondeu simplesmente: "Eu espero." Ela pareceu não entender e ele repetiu:
- Eu simplesmente me sento e espero a inspiração chegar.
- E a inspiração sempre vem?
- Às vezes ela vem , às vezes ela não vem.
- E como o senhor faz quando ela não vem?
- Eu continuo esperando. Uma hora ela vem.
Assim é com tudo na vida. Como o artista, temos que estar sempre esperando. Ter esperança é tudo.