Alguém já disse que o natal é uma festa de família, momento em que todos (ou quase todos) tentam esquecer as diferenças e se concentram apenas nas coisas alegres do ano que ora se encerra. A festa é realmente contagiante e até adeptos de outras religiões, que não têm Jesus Cristo como o Messias salvador, acabam se deixando embalar e entram no espírito do natal. É fácil ver a alegria estampada no rosto de todos sejam crianças, jovens, adultos ou velhos, ateus ou crentes, ninguém escapa. O natal é realmente uma festa democrática.
Porém, tem aquelas pessoas que mesmo com tudo isso não conseguem se sentires felizes nesta época. Algumas são tomadas de uma tristeza e uma melancolia inexplicáveis. Enquanto todos trocam presentes, abraços, felicitações estas pessoas se trancam em seus mundinhos particulares onde não tem espaço para festa e alegria. É lógico que muitas dessas pessoas têm motivos de sobra para estarem tristes: algumas acabaram de perder entes queridos, outras estão com doentes na família, há aqueles que estão sozinhos, longe da família, há os que sofreram algum revés no decorrer do ano, os que estão nas ruas, sem teto, sem família, nos hospitais, nos asilos, nos orfanatos, há também aqueles de coração duro que por um motivo ou outro se fechou em si, enfim, o que não é motivo para tristeza. À todos esses nossas orações, nossa solidariedade e o desejo que tudo isso passe e que venham natais felizes por aí. É preciso manter acesa a chama da esperança. Como diz a canção: desesperar jamais.
Como estava dizendo, há aqueles que mesmo não estando numa situação desesperadora, se sentem tristes. Estão com as pessoas que amam, recebem presentes, doam presentes, têm emprego, família, amigos, distribuem desejos de felicidades a todos, mas lá no fundo persiste uma melancolia. Alguém mais apressado poderia classificar de frescura, de que estão chorando de barriga cheia, afinal há tanto problema no mundo, tanta fome, guerra, tanto abandono, tanto vício destruidor de vidas... Mas essa tristeza natalina existe. Eu mesmo já me senti assim muitas vezes e pergunta se eu tinha alguma explicação clara para o fenômeno: não, não tinha. Apenas estava triste.
Alguns chegam a dizer que não gostam de natal, que acham que é uma festa superfícial, que no dia seguinte ninguém mais se lembra dos votos de felicidade tão ouvidos e falados durante o mês. Está bem. Eu também acho que tudo fica muito no âmbito da palavra, que precisamos mesmo transformar nossos desejos em ações verdadeiras.
Por outro lado, não podemos nos deixar levar por essa visão de que nada tem mais jeito, que é o fundo do posso. Nada disso! Não podemos nos sentir culpados, não podemos nos negar o direito à uma trégua na nossa luta diária. Precisamos de um momento em que as guerras cessem, principalmente as nossas guerras intimas, aquelas que travamos com nós mesmos e que não têm vencedores. Sobretudo, precisamos acreditar que essa alegria do natal que muitas vezes parece falsa, mentirosa, hipócrita é a alegria que Jesus veio para anunciar e que teimamos em não acreditar, em não botar para funcionar. Não podemos ter medo de ser felizes. Felicidade é antes de qualquer coisa, um direito adquirido. Usufrua sem medo.