Sempre fomos levados a acreditar que caridade, um dos principais pilares do cristianismo, seja uma via de mão única, como se de um lado estivesse o pedinte de mãos estendidas e do outro o caridoso, com sua alma generosa e desprendida, disposto, num ato de extrema benevolência, suprir as necessidades do pobre desvalido.
Geralmente, esse tipo de situação faz com que aquele que foi bafejado pela sorte recebendo mais se sinta em posição extremamente superior àquele que, além de não ter recebido na mesma medida, não possui meios de alcançar seu sustento de forma satisfatória.
Muito se engana quem pensa dessa forma. Caridade é, sem sombra de dúvida, uma via de mão dupla, pois tanto se beneficia o que dá quanto o que recebe. Podemos ir um pouco além: caridade é uma troca. No mesmo momento em que proporcionamos algum tipo de bem-estar a alguém, recebemos de volta o equivalente.
Não existe uma relação de 'superioridade' entre aquele que doa e a 'humilhação' e aquele que recebe. Até porque, toda vez que alguém doa alguma coisa é comum ouvir aquela frase mágica proferida pela boca do 'beneficiado': "Que Deus te dê em dobro", ou seja, duas vezes aquilo que doou.
Portanto, dando ou recebendo, a caridade é a mesma. É preciso ser humilde para receber, mas muito mais humilde para doar: doação, seja da natureza que for, é um ato de humildade e empatia.
Bom domingo e excelente semana.
Esperança e fé.