Outro dia reencontrei um amigo que não via há muito tempo. Acho que todo mundo sabe o que acontece nessa ocasiões, não é?. Por mais que a gente tente, não há jeito, o assunto acaba mesmo sendo o passado, aquilo que se viveu "naquele tempo" e por aí vai.
Até aí nada de mais. Falamos do quão felizes éramos, dos amigos que se perderam na bruma do tempo e daqueles que ainda mantemos contato.A conversa seguiu animada com algumas notícias muito boas, algumas nem tanto e outras que talvez eu preferisse não ficar sabendo. Mas faz parte da vida, não é?
Já lá pelo fim do encontro, ele me fez uma pergunta aparentemente banal, mas que me fez pensar. Ele perguntou: "Você tem saudades daquele tempo?" Não me lembro exatamente o que respondi. Provavelmente, eu devo ter respondido que sim, que sentia saudades do tempo vivido. Porém, ao voltar para casa, a pergunta não saiu da minha cabeça e ela foi tomando outros contornos. De repente, não se tratava mais de saber se eu sentia saudade ou não, tratava-se da distância no tempo.
Algum tempo passou desde que vivi aquelas experiências e pude perceber como havia mudado a percepção que eu tinha das coisas, como mudaram os meus valores, os conceitos. Difícil mensurar se estou melhor hoje e que a minha visão de vida agora é mais acertada.
Uma coisa, porém, eu não tenho dúvida: como tempo passou hoje posso ver que eu, em muitos momentos, estive muito enganado comigo mesmo e com as pessoas que cercavam. Tomei decisões que atrasaram meus caminhos, julguei erradamente pessoas dando valor demais a quem não merecia tanto e deixando de lado aquelas que realmente mereciam muito mais.
Palavras, atitudes infelizes, presunção, ingenuidade e, sobretudo, pressa. Eu tinha muita pressa. Eu queria tudo naquele momento e me negava a ver as coisas no longo prazo. Pena que a gente só descubra isso depois que o tempo passa. Mas longe de me deixar triste, essa constatação me fez ver que o tempo coloca cada coisa no seu lugar sem pressa e dá o verdadeiro valor de cada coisa. Ainda bem.