Como eu era antes de você, adaptação de livro de mesmo nome de Jojo Moyes, poderia passar apenas como mais um filme feito para agradar sem obrigar o espectador a pensar muito, não fosse pelo fato de tocar num tema bastante polêmico.
A história não traz nenhuma novidade: jovem bonito e bem sucedido é atropelado por uma motocicleta quando atravessava uma rua e fica paraplégico.
A história não traz nenhuma novidade: jovem bonito e bem sucedido é atropelado por uma motocicleta quando atravessava uma rua e fica paraplégico.
Na sequência, surge uma jovem romântica e atrapalhada que por sua generosidade e bom coração acaba perdendo seu emprego com atendente numa lanchonete. Nada de mais, não fosse o fato de todos em sua casa estarem praticamente na dependência do dinheiro que ela traria para casa no final do mês. O pai dela está desempregado e com dificuldade para arranjar um novo emprego. Trocando em miúdos, ela tem que arrumar sem demora uma nova ocupação para ajudar a sua família.
Se você imaginou que ela vai acabar indo trabalhar com o jovem que acabou de ficar paraplégico, acertou. É isso que acontece. Também acertou quem pensou que o convívio entre eles não será nada fácil. Revoltado com sua condição, o rapaz não quer saber de conversa e, como faz com todos acompanhantes que sua mãe lhe arruma, não mede esforços para que a moça não fique no trabalho e o deixe em paz.
Só que a moça, como já sabemos, precisa do emprego e para mantê-lo é capaz de enfrentar os maus humores do patrão com paciência e perseverança. E é isso, aliado ao seu senso de humor imbatível, que acabará por amolecer o coração do rapaz provocando uma radical mudança no comportamento dele.
Pronto, o esperado acontece: eles se envolvem e a plateia acredita que o final feliz é questão apenas de mais algumas cenas. É aí que o filme nos lembra que não se trata apenas de mais uma comédia romântica. Apesar de apaixonado pela moça, o rapaz não está disposto a voltar a atrás numa decisão que tomou e que os pais dele, principalmente o pai, já são sabedores e concordam: ele pretende dar cabo de sua vida.
Dois anos depois do acidente e vendo que não sairá da situação em que se encontra, o antes esportista e agora condenado a uma cadeira de rodas com movimento apenas do pescoço para cima decidiu que morreria daí a dois meses através da morte assistida. A jovem protagonista faz o que pode para demover seu patrão e, agora, grande amor de seu plano. Porém, é em vão. Ele mantém a palavra e viaja para a Suíça, país onde esse tipo de morte é legal, para morrer.
Fica então a pergunta: despeito do que seja, nós temos o direito de abreviar o nosso sofrimento colocando fim em nossa vida? Preso num corpo sem movimento e dependente de ajuda para tudo, o rapaz do filme decide que sim. Não é fácil julgar sua atitude, mas nos faz pensar no real significado da vida. Será que ela só vale a pena enquanto está tudo bem?
Bom domingo.