Como além de ator, e outras coisas mais, sou metido a escrever, um colega pediu que eu ajudasse a escrever uma pecinha de natal para ser apresentada na igreja. Pois muito bem. Mãos à obra. Pensei comigo: vai ser fácil, afinal natal é um acontecimento anual e todos estamos acostumados a falar sobre o assunto.
Bastava falar de um casal (Maria e José) a caminho de Belém, a estrela que surgiu nos céus, os três reis magos que a seguiam e finalmente o nascimento do menino Jesus numa pobre estrebaria. Quadro bastante conhecido de todos nós e que é presença constante nos enfeites natalinos que encontramos por aí.
Porém, ao sentar para escrever dei-me conta de que não é nada disso. O natal em si é algo muito mais profundo. Com o passar dos anos acabamos ficando apenas em sua superfície: um presépio é montando, uma ceia é preparada, presente são trocados e pronto. Poucos são aqueles que tentam ver algo além disso em todo o barulho que se faz.
É verdade que essa representação tem o seu valor. E através dela se comemora a vinda do Salvador ao mundo, o que não nos deixa esquecer do grande plano divino para a salvação do mundo, através da encarnação de seu próprio filho.
Mas precisamos ir além da simples representação, da comemoração rotineira. Antes de qualquer coisa, natal é tempo de renovação, é o momento em que nos damos conta de que, pelas circunstâncias, levamos uma vida muito alienada, que mal temos tempo de parar para pensar que a nossa vida faz parte de um plano maior, que não somos meras figuras autônomas que vagam por este mundo.
Acima de tudo, vivemos pelo propósito maior que é o nosso encontro com a luz. Essa luz que se fez quando aquele menino nasceu em Belém despido de luxo e de pompa.
Diante de tudo isso, cheguei a conclusão de que o natal pode até ser uma festa comum, do conhecimento de todos: crianças, jovens, adultos e os mais velhos. O natal jamais será é uma festa repetitiva, pois a cada ano que passa descobrimos algo de novo, algo que não tínhamos nos dado conta em anos anteriores, coisas simples (sem jamais deixarem de ser profundas) e que sempre estiveram bem na nossa frente à espera do nosso olhar atento.
O milagre do nascimento de Cristo. Milagre esse que se repete toda vez que nasce uma criança no mundo, o milagre da renovação.