Neste último capítulo, Joel se vê diante das grandes surpresas que a vida lhe reserva. Terá ele aprendido a lição. Leia esse útlimo capítulo e fique sabendo.
SÓ A VIDA ENSINA
Capítlulo 15
CENA 1 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS MORADORES DO ACAMPAMENTO. ZELÃO À FRENTE DELES.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 11 DO CAPÍTULO 14.
ZELÃO – Eu fiz uma pergunta.
NESTOR – O Joel descobriu um lugar onde tem muito garimpo bom, não é, Joel?
JOEL – É isso mesmo. Só coisa boa.
ZELÃO – E eu posso ir junto para conhecer esse lugar?
JOEL – É muito longe daqui, Zelão. (TEMPO) Mas pode deixar que eu te levo lá depois.
ZELÃO FICA DESCONFIADO, MAS OS DEIXA SAIR. JOEL SEGUE COM OS MORADORES A PASSOS LARGOS. SUZI SE APROXIMA DE ZELÃO.
SUZI – O que foi?
ZELÃO – O Joel apareceu com uma conversa de que descobriu um lugar cheio de garimpo. Acho que ele está variando. Eu furei a barriga dele e ele ficou com o juízo alterado. Vai entender.
CORTA PARA:
CENA 2 – EXTERNA/DIA – UMA PRAÇA
RAMIRO ESTÁ PARADO NA PRAÇA. JOEL CHEGA COM NESTOR E OS HOMENS.
JOEL – Aqui estão os homens que eu consegui.
RAMIRO – Muito bem, Joel.
NESTOR – Cadê o garimpo, Joel? Não estou vendo nada.
JOEL – Calma, homem. Seu Ramiro vai levar a gente ate lá.
NESTOR – Estou achando isso tudo muito esquisito. O Zelão não vai gostar disso.
RAMIRO – Vamos deixar de conversa. Não temos tempo a perder.
RAMIRO FAZ UM SINAL E TODOS O SEGUEM.
CORTA PARA:
CENA 3 – INTERNA/DIA – UM GRANDE GALPÃO
RAMIRO ENTRA NO GALPÃO ACOMPANHADO DE JOEL, NESTOR E DOS OUTROS HOMENS. É UM LOCAL LIMPO, CHEIO DE CAIXAS E GENTE TRABALHANDO.
RAMIRO – Esse é o local onde vocês vão trabalhar.
NESTOR – Trabalhar? Nós saímos para garimpar e não para trabalhar.
JOEL – Calma, Nestor. Deixa o seu Ramiro falar.
RAMIRO – Quem preferir continuar sendo explorado pelo Zelão, esteja à vontade. Aqui vocês vão trabalhar e vão receber pelo seu trabalho. Ninguém vai explorar ninguém. Isso aqui é uma cooperativa de catadores de lixo. Uns vão trabalhar na coleta, outros na separação, outros na embalagem.
NESTOR – Vamos trabalhar para quem?
JOEL – Vamos trabalhar para nós mesmos
NESTOR – E quem é o responsável por isso aqui?
RAMIRO – Eu e o meu amigo Fábio.
FÁBIO APARECE.
FÁBIO – Bom dia para todos vocês. Eu sou o administrador dessa cooperativa de catadores, junto com o senhor Ramiro, e gostaria muito que vocês viessem trabalhar com a gente.
JOEL – (TOM) Fábio!? É você?
FÁBIO – Sou eu, Joel. Acho que temos muito que conversar.
CORTA PARA:
CENA 4 – INTERNA/NOITE – UM BAR
JOEL E FÁBIO.
FÁBIO – O que você vai beber, Joel?
JOEL – Um refrigerante.
FÁBIO – Não estou te reconhecendo.
JOEL – Eu não bebo mais, Fábio. O senhor Ramiro me levou até uma reunião do AA. Agora eu faço parte dos alcoólatras anônimos.
FÁBIO – Que bom, Joel. (TEMPO) Sabia que a Verinha está te volta ao Rio?
JOEL – Eu vi vocês dois juntos. (TEMPO) Não esperava isso de vocês.
FÁBIO – O que é isso, Joel? Eu e a Verinha somos bons amigos. Meu casamento com a Marluce continua firme. A única coisa que mudou o foi o emprego. Pedi demissão do escritório do seu Olavo para trabalhar com o meu amigo Ramiro. Como essa vida é engraçada, não?
JOEL – Como assim?
FÁBIO – Lembra daquele mendigo ao qual eu costumava oferecer uma quentinha de vez em quando?
JOEL – É claro que me lembro. A imagem daquele homem nunca saiu da minha cabeça.
Me lembro até hoje das besteiras que falei.
FÁBIO – A vida dá voltas, Joel. Aquele mendigo é hoje o dono da cooperativa de catadores de lixo onde eu estou trabalhando e você também vai trabalhar.
JOEL – Você está querendo dizer que o seu Ramiro...?
FÁBIO – Ele mesmo, Joel. Ele sumiu lá da rua e apareceu um tempo depois e me convidou para conhecer o trabalho que ele estava desenvolvendo. Resolvi fazer parte e desde então trabalhamos juntos.
O GARÇOM SERVE OS REFRIGENTES.
FÁBIO – Vamos brindar a esse nosso reencontro.
OS DOIS BRINDAM E JOEL SE LEVANTA PARA SAIR.
JOEL – Preciso ir, Fábio.
JOEL SAI.
FÁBIO – E o que eu digo para a sua mãe e para a Verinha?
JOEL JÁ ESTÁ LONGE. NÃO PODE MAIS RESPONDER.
CORTA PARA:
CENA 5 – EXTERNA/NOITE – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS HOMENS CHEGAM NO ACAMAPAMENTO TRAZENDO ALGUMAS COISAS. ZELÃO E SUZI ESPERAM POR ELES.
ZELÃO – Pensei que não fossem mais voltar.
JOEL – O lugar era longe.
TODOS ENTREGAM OS SEUS SACOS. E VÃO SAINDO.
ZELÃO – Ninguém vai querer comida, uma pedra? Não vai uma cachaça, Joel?
JOEL – Obrigado, Zelão. Eu vou descansar um pouco. Trabalhei muito.
TODOS SAEM PARA OS FUNDOS DO TERRENO.
ZELÃO – O que deu nessa gente, Suzi?
SUZI – Sei lá, Zelão. Acho que eles andaram muito para garimpar essas coisas e estão cansados.
ZELÃO – Será isso mesmo?
CORTA PARA:
CENA 6 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
O DIA AMANHECE NO ACAMPAMENTO. O ACAMPAMENTO ESTÁ VAZIO. SUZI É A ÚNICA QUE DORME NUM CANTO. ELA DESPERTA E VÊ QUE ESTÁ SOZINHA. CAMINHA PELO ACAMPAMENTO E SE MOSTRA ALARMADA.
SUZI – Onde está todo mundo? Para onde foi essa gente? O Zelão precisa saber disso. (PEGA O TELEFONE CELULAR E FAZ UMA LIGAÇÃO) Zelão? O povo sumiu, Zelão. Não tem ninguém aqui no terreno.
CORTA PARA:
CENA 7 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
ZELÃO ESTÁ DIANTE DE SUZI.
ZELÃO – Como você deixou isso acontecer, Suzi?
SUZI – Quando eu acordei não tinha mais ninguém aqui?
ZELÃO – Nem o Joel?
SUZI – Ninguém mesmo.
ZELÃO – O Joel deve ter levado todo mundo para o tal lugar onde tem muita coisa para garimpar. Deve ser isso.
DOIS POLICIAIS SE APROXIMAM.
POLÍCIAL – Senhor Zelão?
ZELÃO – Pois não.
POLICIAL – Temos ordem para dar uma busca nesse local. (PARA O COLEGA) Pode iniciar, Genésio.
ZELÃO – O que foi que eu fiz?
POLICIAL – Fica quieto.
O POLICIAL SAI E LOGO VOLTA COM UM SACO.
POLICIAL II – A denúncia procede, colega. A droga está aqui. Podemos levar o meliante.
ZELÃO OFERECE ALGUMA RESISTÊNCIA, MAS OS POLÍCIAIS O ALGEMAM E O LEVAM.
ZELÃO – Avisa a minha mulher, Suzi.
OS POLICIAIS SE AFASTAM COM ZELÃO.
SUZI – Pode esperar sentado, Zelão. Quero mais é que você apodreça na cadeia.
CORTA PARA:
CENA 8 – INTERNA/DIA – GALPÃO - PÁTIO
JOEL, RAMIRO E FÁBIO. JOEL ESTÁ BEM VESTIDO E COMANDA JUNTO COM FÁBIO E RAMIRO OS TRABALHOS NA COOPERATIVA. VÁRIOS HOMENS TRABALHAM, NESTOR ESTÁ ENTRE ELES.
FÁBIO – Nossa cooperativa está indo de vento em popa.
JOEL – E todos trabalham felizes. Ninguém explora ninguém.
RAMIRO – Esse é um sonho antigo, Joel. Desde quando eu estava deitado na porta daquele restaurante. Você se lembra?
JOEL – Nunca vou me esquecer.
O PORTÃO SE ABRE E DONA MARGARIDA ENTRA ACOMAPANHADA DE BERNADETE.
FÁBIO – Veja só quem veio nos visitar.
JOEL – Mãe!?
DONA MARGARIDA – Meu filho!
JOEL ABRAÇA DONA MARGARIDA E EM SEGUIDA A IRMÃ. TODOS SE CONFRATERNIZAM. JOEL APRESENTA SEU RAMIRO À SUA MÃE, OS DOIS LOGO SE ENTENDEM.
CORTA PARA:
CENA 9 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
HÁ ALGUMAS PESSOAS NO TERRENO. SUZI ESTÁ ENTRE ELES. PERCEBE-SE QUE ELA TOMOU O LUGAR DE ZELÃO E AGORA ESTÁ EXPLORANDO OS MORADORES DE RUA. JOEL E RAMIRO ASSISTEM A CENA DE LONGE.
SUZI – Pensei que a Suzi...
RAMIRO – O Zelão foi preso e ela ficou no lugar dele. Dizem que da cadeia ele continua sendo o chefão e ela a sua testa de ferro.
JOEL – Pensei que ela fosse diferente.
RAMIRO – Infelizmente, o homem estará sempre explorando o seu semelhante, Joel. O que podemos fazer é tentar mostrar para essa gente que existem outras saídas. Nosso trabalho não termina nunca.
CORTA PARA:
CENA 10 – EXTERNA/NOITE – PORTA DO SALÃO DE BELEZA ONDE VERINHA TRABALHA
JOEL ESTÁ PARADO NA PORTA COM UM BUQUET DE FLORES NA MÃO. A PORTA DO SALÃO SE ABRE E VERINHA SAI. JOEL A SURPREENDE.
JOEL – Flores para a mais bela cabeleireira do mundo.
VERINHA – Joel!?
JOEL – Recebe essas flores, Verinha. Não daquele Joel que você conheceu e que te fez sofrer tanto. Mas de um Joel que aprendeu com a vida. Por que há coisas que SÓ A VIDA ENSINA. Agora eu estou pronto para te amar do jeito que você merece. Eu te amo, Verinha.
VERINHA ACEITA AS FLORES E OS DOIS SE BEIJAM. LOGO DEPOIS, SAEM DE MÃOS DADAS PELA RUA.
CORTA PARA:
FIM
Para você que acompanhou a saga de Joel, meu muito obrigado.
Outras histórias virão por aí. Aguarde.