Já faz algum tempo que a novela Cama de Gato (Rede Globo), da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes, está no ar. Não estou aqui para fazer uma crítica da novela que, diga-se de passagem, me surpreendeu. Ao contrário de muitas novelas do horário, principalmente nos últimos tempos, emboladas, sem uma cara de novelas das seis, com tramas confusas e de pouco interesse do telelespectador, a novela é leve e parte de uma trama que inicialmente poderia parecer um tanto confusa, mas cujo desenvolvimento provou tratar-se de uma trama simples, de apelo fácil e recheada de personagens que lembram pessoas que a gente conhece. O que é ótimo, pois o povo quer é apenas se ver retratado no vídeo, nada mais que isso. E nisso, a dupla está batendo um bolão. Confesso que tenho me emocionado com a novela. Porém, o que eu queria mesmo é falar sobre um dado da trama: a abordagem sobre os moradores de rua. O personagem Gustavo, vivido pelo ator Marcos Palmeira, após ser vítima de uma brincadeira (?) bem intencionada do amigo acaba tendo que lutar ferozmente pela vida e vai parar no meio da rua vivendo algum tempo como mendigo. A trama é bastante oportuna, pois revela a fragilidade da nossa posição na sociedade; de uma hora para outra podemos perder nosso chão e ir literalmente para o "olho da rua". Basta que se perca o emprego, o fim de um casamento, um conflito familiar para o "mundo cair". Ao fazer esse tipo de abordagem as autoras tocam numa ferida exposta de nossa sociedade: os moradores de rua. As ruas da cidade estão repletas de pedintes, pessoas que após (ou não) algum revés da vida passam a ter a rua como casa. Falo disso porque vivi essa situação quando cheguei no Rio de Janeiro, onde amarguei dois anos entre desempregado ou sobrevivendo de subempregos. Fatos que retrato no meu livro "No olho da rua". Espero que depois de termos um protagonista de novela como um ex-morador de rua, as pessoas passem a olhar com outros olhos seus "irmãos de rua". São pessoas que precisam de ajuda, de uma mão estendida, como na novela o Gustavo teve a mão da Rose (Camila Pitanga). É lógico que temos que guardar as diferenças entre realidade e ficção, mas vale como exemplo. Fica aqui o agradecimento às autoras, os atores e toda a equipe da novela. Sucesso para todos.
Em tempo: os autores, corajosamente, têm, vez ou outra, feito abordagens desse tipo. Vale lembrar o personagem Raul ( Alexandre Borges) na novela Caminhos das Indias, de Glória Peres. Após aplicar um golpe na própria família , o personagem perde tudo e volta para o Brasil, indo viver como catador de lixo nos arredores da Lapa, área central do Rio de Janeiro. Belo trabalho do ator e de Glória Peres.
Em tempo: os autores, corajosamente, têm, vez ou outra, feito abordagens desse tipo. Vale lembrar o personagem Raul ( Alexandre Borges) na novela Caminhos das Indias, de Glória Peres. Após aplicar um golpe na própria família , o personagem perde tudo e volta para o Brasil, indo viver como catador de lixo nos arredores da Lapa, área central do Rio de Janeiro. Belo trabalho do ator e de Glória Peres.