Muitos foram os que tentaram lhe avisar: "A vida nos grandes centros é dura e perigosa. Quantos já foram e voltaram?" Até os mais velhos contaram histórias tristes de aventureiros que saíram da cidade em busca do eldorado e viraram mendigos, ladrões, assassinos, ou enlouqueceram e nunca mais encontraram o caminho de volta. Nada era capaz de demovê-lo de seu sonho de conquistar a cidade grande.
Num belo dia ele estava de mala e cuia, como diziam, pronto para pegar o ônibus rumo ao seu sonho. Quando desembarcou na cidade grande, achou tudo muito grande, barulhento, confuso. Durante muito, muito tempo, sentiu-se como se não pertencesse àquele mundo. Passou fome, frio, dormiu na rua.Trabalhou aqui e ali. Nada que valesse muito à pena. Apenas dava para não morrer de fome. Por muitas vezes se viu fazendo tarefas que em sua cidade ele não faria, mas que ali eram a sua salvação.Noutras, pensou em fazer o caminho de volta. Porém, bateu o orgulho. Sentiu que não teria coragem de enfrentar todos aqueles que tentaram dissuadi-lo de partir, por isso desistiu da ideia. Mesmo porque não tinha dinheiro para comprar a passagem de volta. Assim descobriu que vencer na vida não dependia somente dele como havia pensado. As pessoas de sua cidade tinham razão. A vida na cidade grande era dura e em meio aquelas agruras, muitas vezes chorou, sentiu-se sozinho, derrotado.
O tempo foi passando. Viveu ilusões, desiludiu-se, galgou postos, conheceu pessoas, juntou-se a elas e depois separou-se delas e uniu-se a outras das quais se separou também. Algumas mais tarde voltou a encontrar. Outras, sumiram, desapareceram como se não tivessem existido um dia. Aprendeu, com isso, a dança dos encontros e desencontros. Amou, sofreu, riu, fez chorar, chorou, voltou a alegrar-se de novo para novamente voltar a chorar e rir e rir e chorar. A roda da vida.
O tempo foi passando. Viveu ilusões, desiludiu-se, galgou postos, conheceu pessoas, juntou-se a elas e depois separou-se delas e uniu-se a outras das quais se separou também. Algumas mais tarde voltou a encontrar. Outras, sumiram, desapareceram como se não tivessem existido um dia. Aprendeu, com isso, a dança dos encontros e desencontros. Amou, sofreu, riu, fez chorar, chorou, voltou a alegrar-se de novo para novamente voltar a chorar e rir e rir e chorar. A roda da vida.
Nesse meio, galgou postos melhores e sentiu-se mais forte. Poderia até dizer que sentiu-se um vencedor. Não como ele tinha sonhado, mas descobriu que nem tudo é como nos sonhos. Talvez essa seja a maior lição que ele aprendeu: valorizar as pequenas vitórias da vida e transformá-las em grandes feitos, pois os vencedores se fazem no dia a dia, aprendendo com os erros e os acertos. Foi assim que, num belo momento, se viu numa posição confortável e se sentiu feliz. Já não era mais aquele jovem de mãos vazias e com a cabeça cheia de sonhos de antes. O menino tinha virado um homem.
Apenas uma coisa continuava martelando em sua cabeça: aquela sonhada viagem de volta. A viagem do vencedor. Viagem essa que ele tinha tentado fazer várias vezes e desistido pelos mais diferentes motivos. Como das outras vezes, ele preparou-se para a viagem: comprou a passagem, comprou roupa nova, alguns presentes. Dessa vez, sentia que tinha chegado a hora. Agora nada iria impedí-lo. Malas na mão, ele passou a chave na porta de casa. Na rua, fez sinal para um táxi. Na rodoviária caminhou para a plataforma de embarque. Nervoso, pois-se a esperar a ônibus. Foi quando começou a indagar-se: Para onde e para o que estou voltando? Sentia-se tão diferente, quase não se reconhecia. De repente, rasgou a passagem que trazia na mão, pegou a mala e voltou para casa.