Não sei exatamente por que, mas eu não a conheci. Nem sei se quando estive na rua ela ainda estava viva. O que sei é que seu nome corria de boca em boca entre os moradores de rua. Era quase impossível que um morador de rua não o soubesse de cor e já não tivesse se valido de sua ajuda. Creio que já disse aqui que todo morador de rua possui uma espécie de roteiro na cabeça, os lugares que procura por ajuda, uma espécie de roteiro de sobevivência onde a instuição de Irmã Zoé ocupa, sem dúvida, um lugar de destaque. Sei que você deve estar se peguntando: por que diabos ele está falando disso? Aí vai a resposta. Primeiro, porque também fiz parte daqueles para os quais o nome da Irmã Zoé era sinônimo de comida, roupa limpa, uma palavra amiga, enfim, coisas que os desamparados das ruas sempre procuram. Segundo, porque lendo o jornal O Globo no domingo, 12/07/2009, deparei com uma reportagem sobre o Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição, ou seja, a casa onde a Irmã Zoé trabalhava. Se por um lado fiquei contente pelo espaço que o jornal deu ao trabalho tão importante desta instituição, principalmente num momento de "choque de ordem", onde os moradores de rua ocupam o primeiro lugar no quesito "limpeza", a tal coisa "fora da ordem", por outro lado fiquei triste com a notícia da morte de Irmã Zoé (ocorrida em 2000) e da situação que as freiras que dão continuidade ao trabalho da instituição enfrentam. Sei que não posso fazer nada, pois sei da dificuldade desse tipo de trabalho através da "Sopa das quartas-feiras", onde também enfrentamos a dificuldade de receber doações. Apenas gostaria de registrar a importância desse tipo de trabalho e render uma homenagem a Irmã Zoé e ao Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição e pedir a Deus que elas possam continuar esse trabalho, não apenas bonito, mas acima de tudo, necessário, urgente. Que onde a Irmã Zoé estiver ela possa interceder a Deus pelos menos farocecidos. À ela, o meu muito obrigado.