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fevereiro 11, 2012

O quebrador de correntes.

     Não se trata de um louco furioso, atração de circo ou mesmo alguém que tenha morrido e se transformado num espírito revoltado do tipo que quebra e arrasta correntes pela eternidade. Cruz credo. Nada disso. As correntes quebradas aqui são outras e, creio eu, você as conhece muito bem. Principalmente se você faz uso de internet, mas precisamente de e-mail. 
     Estou falando daquelas mensagens (há quem as chame de spans mesmo) que lotam as nossas caixas de recados. Elas são, aparentemente, muito sérias e trazem, quase sempre, um "urgente", um "não deixe de ler", um "isso é muito importante", um "leia que é do seu interesse" etc. Trocando em miúdos, o que elas querem mesmo é seduzir você e para isso não medem esforços. Até porque os seus conteúdos são invariavelmente recheados de coisas que você não sabia e que se não fosse esse "amigo" você acabaria morrendo sem saber; novidades imperdíveis, ações que salvariam o planeta, a sua vida, a vida de todo mundo que o cerca, algum animal em vias de extinção, um segredo guardado a sete chaves por algum governo ou religião, o que parecia mas não é, o que não parecia mas é, um ensinamento que foi escondido durante anos e que só agora vem à luz, enfim.
     Não posso negar que de vez em quando aparece alguma coisa que vale a pena. Porém, no somatório geral, tudo não passa de perda de tempo. Só que não estou para julgar os conteúdos das mensagens que recebo via e-mail. O motivo dessa postagem é outro, embora trate do mesmo. O quero falar é daquelas que assumem, sem disfarças, o tom de correntes. Sim, elas não passam de correntes, aquelas mensagem onde alguém fez alguma coisa, quase sempre beirando o espetacular, e, vencendo todos os obstáculos chegou lá na frente e subiu no podio como um vencedor. Aliás, mais do que isso, como um exemplo que precisa ser seguido. E você, justo você, que teve o privilégio de ter acesso a essa informação, a esse exemplo de vida vai quebrar essa corrente? Você tem coragem de deixar que pare em você essa coisa maravilhosa? E os outros? Eles também têm esse direito. E isso depende da sua ajuda. Afinal, o bem-intencionado remetendo sozinho não conseguiria fazer isso. E você vai negar ajuda? Não custa lembrar, elas avisam, que teve gente que quebrou a corrente e sofreu sérias consequências.
     Caro amigo, me perdoe. Eu confesso: sou um quebrador de correntes. A corrente vai muito bem até que... Eu não resisto. Tenho esse fraco, embora, como se possa imaginar, para quebrar corrente seja necessário força. Não consigo entrar nessa paranóia de que se eu quebrar a corrente vai  me acontecer isso ou aquilo. Acho muito importante que as novidades, as boas ideias, os feitos incríveis da humanidade sejam disseminados, mas isso  não pode ocorrer dessa maneira, na base do terrorismo.
    Sei que você pode pensar:"como um cara metido a espiritualista pode dizer uma coisa dessas." Desculpa se decepciono, mas não acredito que o caminho da fé e da espiritualidade tenha esse tipo de coisa. Muito pelo contrário. Ter fé, espiritualizar-se é livrar-se dessas amarras, dessas correntes que nos prendem à terra e nos tratam como imbecís impressionáveis que acreditam em tudo sem saber separar o joio do trigo. Seja livre. Não se guie pela ilusão ou pelo fanatismo. Solte-se dessas correntes.

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