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dezembro 06, 2020

Mandando indiretas.

Muita gente ao se ver impossibilitado de dizer o que está pensando opta por falar sem falar, ou seja, através de indiretas, que nada mais são do que aquelas frases, aparentemente sem sentido, que dizemos como se não quiséssemos dizer nada, mas que dizem muito. 

No entanto, na maioria das vezes, a pessoa a qual se está tentando mandar o recado não entende, ou finge que não entende, fazendo com que o falante seja visto como louco ou lunático.

Falar por meio de indiretas sempre foi bastante usado por aqueles que querem ser sincero sem ferir suscetibilidades; diz-se o que se pensa sem se comprometer, cabendo ao ouvinte "vestir a carapuça" ou não. O problema é que quase  nunca a pessoa veste a carapuça e o dito fica pelo não dito. Ou seja, falar por meio de indiretas é perda de tempo.

Em tempos do "politicamente correto" ficou impossível ser sincero e dizer a verdade um risco incalculável; basta uma palavra dita fora do contesto para que o mundo vire as costas e te julgue como um pária. Tempos difíceis para os amantes da verdade, para aqueles que insistem em acreditar que a sinceridade deve estar acima de qualquer coisa. Devo confessar que faço parte dessa turma e sofro toda vez que tenho de me fazer de surdo para  não correr riscos.

Muitos dizem que o mundo ficou mais chato depois do "politicamente correto". Digo mais: estamos vivendo tempos de retrocesso; quando tínhamos tudo para nos tornarmos mais adultos retornamos à infância. Não aquela infância da qual todos sentimos saudade, mas a infância da humanidade, no tempo em que nada podia ser dito e tudo era proibido.   

O ideal seria se pudéssemos, sem hipocrisia, dizer exatamente o que estamos pensando. Verdade que ninguém pode sair por aí falando o que bem entende, mas um pouco de sinceridade evitaria muito mal-entendido; muitos tomam nosso silêncio ou nossa "mentirinha" como algo nossa verdadeira opinião.

Boa semana.


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