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outubro 25, 2014

Um pequeno grão de areia.

    A vida inteira, de uma forma ou de outra, passamos tentando nos livrar dos grandes tropeços que possamos encontrar pelo caminho, seguindo a ideia de que tiramos de letra os pequenos incidentes. Em muitos casos isso se constitui eficaz. Afinal de contas, devemos dar às coisas o peso que elas têm, não é mesmo?
    Só que, em muitos casos, não é bem assim que acontece. As pessoas, em geral, se mostram muito fortes diante dos grandes percalços da vida e desabam quando têm que enfrentar problemas corriqueiros. 
    São capazes de enfrentar uma doença grave, a perda de uma pessoa querida, uma derrota, mas não suporta um "não". Ou seja, quando encontramos uma grande pedra no nosso caminho decidimos contorná-la, escalá-la ou mesmo dinamitá-la para seguir em frente, no entanto, podemos ficar paralisados ao tropeçar num simples grão de areia.
   Sei que esse assunto parece fora de propósito. Porém, tenho percebido, através da minha experiência pessoal e de pessoas próximas, o quanto isso é comum e merece atenção. Não raro, ao encontrar alguém vivendo algum problema, tomo conhecimento de que o "problema" não é tão grave quanto a pessoa crê.
    Trata-se, muitas vezes, de um desses "grãos de areia" que, apesar de pequenos, acabam virando grandes entraves em nossas vidas e fazem mais estragos que os chamados grandes problemas. Aprendemos desde cedo a sermos fortes e "ser forte", nesse caso, significa vencer grandes barreiras, enfrentar grandes tempestades e tormentas
    Há quem chame isso de "fazer tempestade com copo d'água". É possível que seja verdade. Um copo d'água não acostuma ser o bastante nem mesmo para matar a cede. Por outro lado, basta fazer uma pequena pesquisa para chegar a conclusão de que a maioria das pessoas que conhecemos (você mesmo, inclusive)  sai muito melhor quando enfrenta os grandes problemas do que os pequenos.
    Isso me faz concluir que é preciso estar preparado para perder o jogo quando somos o jogador ou quando, simplesmente, estamos na torcida.

Bom domingo!

outubro 18, 2014

Um pouco de modéstia.

     A modéstia sempre foi uma boa saída quando alguém não queria parecer exibido ou pedante. Muitas vezes todo mundo sabia que a pessoa em questão estava apenas fazendo uso da chamada "falsa modéstia" e ninguém reclamava desse expediente. Era um "charminho" muito bem-vindo.
      Porém, com o passar dos anos, sobretudo após a popularização das redes sociais, parece que a modéstia caiu mesmo no esquecimento e virou uma outra coisa. Agora, ser modesto ou usar da tal da "falsa modéstia" não é mais uma coisa boa.
     Nesses nossos tempos, o recomendado é fazer exatamente o contrário. Nada de ser humilde e tentar se diminuir ainda que seja apenas por timidez. A moda é supervalorizar-se ao máximo tudo o que faz dizendo-se o melhor, o mais preparado, o mais isso, o mais aquilo. Se existe o bom, o ótimo, você é o melhor: the best.
     Talvez essa não seja uma tendência ruim. Afinal de contas, temos mesmo que valorizar o nosso "peixe". Só que nessa valorização desenfreada estamos esquecendo do principal que é ser de fato o bom, o ótimo, o melhor: the best.
     E sabe por que isso se torna evidente? Porque chega uma hora em que as palavras, a boa lábia perdem totalmente a eficácia e temos que provar que somos tudo aquilo que colocamos no nosso currículo ou que apregoamos na praça (redes sociais).
     Infelizmente, tem muita gente por aí vendendo "gato por lebre" e isso, mais que sinal dos tempos ou mera tendência, é algo triste de se constatar quando vemos pessoas passarem vergonha por não conseguir fazer o que tanto propagandeiam.
     Um pouco de modéstia talvez pudesse evitar tanto vexame.

outubro 11, 2014

Escalas de preconceito.

     Com tantas histórias de preconceito espocando aqui e ali não dá para ficar alheio. O fenômeno parece não ser passageiro. As pessoas resolveram mesmo sair do armário. É isso mesmo. O tal armário onde se esconderiam os gays não assumidos esconde também muitas outras coisas. Entre elas estão os preconceituosos.
     Está por um fio aquela velha lorota que diz que brasileiro não é preconceituoso. Acreditar quem há de? A cada dia surgem provas de que somos sim um povo preconceituoso só que não admitimos para os outros e, talvez, nem para nós mesmos. No entanto, basta uma oportunidade e o preconceito mostra a sua face.
    Quando não tem uma câmera de televisão ou vídeo para registrar, fica o dito pelo não dito. Porém, quando é documentado... Nesse caso, o agressor se faz de vítima e argumenta que não disse nada de mais e afirma que não tem preconceito.
      No caso da torcedora, parece-me que ela chegou a dizer que a prova dela não ter preconceitos é o fato de que tem amigos negros. Essa fala é bem mais preconceituosa do que chamar alguém de macaco, gorila ou o que seja. Ela releva o quanto uma pessoa pode se achar superior. Ter amigos negros para essa torcedora significa, a meu ver, o quanto ela é boa e generosa. Através de sua fala, ela expressa que, por ser branca, nem precisaria se dar ao trabalho de conviver com negros. Quer mais preconceito que isso?
     Por outro lado, não estou aqui para julgar ninguém. Acredito apenas que a cada dia estamos nos tornando mais intolerantes ao outro e quanto mais pensamos que estamos progredindo o que acontece, de fato, é o contrário.
     Leis podem regular as nossas ações, mas não podem fazer o mesmo com os nossos sentimentos, as nossas paixões. Eles estão arraigados em nós, prontos para saltar fora a qualquer momento. Foi o caso do estádio de futebol, onde parece que as pessoas vão para deixar seu lado animal mais à vontade.
     Agora, tem o caso da miss que está sendo agredida por ser nordestina e mais o preconceito contra a escolha dos mesmos nordestinos no pleito eleitoral. Aonde vamos parar? Negros, gays, nordestinos, mulheres,  pobres, religiosos, deficientes físicos, deficientes mentais são as vítimas mais constantes. E com o advento da internet os preconceituosos e intolerantes encontraram um campo livre para mostrar a cara.

Deus nos proteja.

outubro 04, 2014

O aborto e o direito à vida.

   Sei que esse assunto dá pano pra manga, como diria uma costureira de antigamente. Normalmente, as pessoas se posicionam, ou deixam de fazê-lo, por questões religiosas. Na minha modesta opinião, isso só faz com que a questão acabe sendo ignorada e só seja lembrada quando acontecem alguma tragédia, como as que temos tido notícia nos últimos tempos.
      O noticiário nos dá conta de que duas (quantas mais a gente não toma conhecimentos?) teriam morrido ao se submeterem a procedimentos abortivos. Tomamos conhecimento da maneira rudimentar com que isso é feito e a total falta de humanidade a que mulheres são expostas para se livrarem de uma gravidez indesejada.
     O problema não é novo. Provavelmente exista desde sempre e está longe, infelizmente, de ser resolvido. Seja através da conscientização das mulheres (e homens também, por que não?), dos profissionais de saúde, (mais particularmente aqueles que tentam viver desse expediente), das religiões ( precisamos deixar a hipocrisia de lado e estudar a questão de forma mais adulta) e da sociedade como um todo.
     E talvez esteja na sociedade atual o grande entrave para que a questão seja discutida e se chegue a um consenso onde a vida como um todo seja respeitada acima das vontades de quem quer que seja.
     Difícil saber o que leva uma mulher (ou um casal) a pensar em desfazer-se de um filho que está sendo gestado como se ele fosse algo de que se pudesse ser descartado. Parece algo como: fiz, arrependi e que quero me livrar dele.
     Sei que essa visão é dura e simplista. Provavelmente a coisa não aconteça assim. Mas talvez não seja muito diferente. Os dois casos apresentados pela imprensa seguem esse roteiro. Ambos não pretendiam ter mais filhos ( a chamada gravidez indesejada)  e o aborto foi a solução encontrada.
     Só que, também pela imprensa, fica-se sabendo que o procedimento custa por volta de cinco mil reais. Espera aí: como um casal que não terá, no futuro, condições de criar um filho tem, no presente, cinco mil reais para desfazer-se dele? Essa foi a pergunta que me fiz. 
     Como já disse, não quero e nem posso julgar ninguém. Apenas pretendo salientar que em nossa atual sociedade estamos muito esquecidos das nossas responsabilidades como agentes das nossas ações.
    Existem as clínicas ( nem sei se podem ser chamadas assim) aborteiras e elas precisam ser combatidas. O aborto é crime no Brasil. As pessoas vão até esses lugares, creio, caminhando com suas próprias pernas. Se o procedimento tivesse dado certo, nada se diria e a roda continuaria girando. Como deu no que deu, vemos famílias chorosas pedindo justiça, exigindo ação do poder público.
     O poder público precisa agir, a justiça precisa fazer o seu papel. Mas nós também precisamos fazer o nosso. Ou será que somos tão incapazes que vamos a uma clínica de aborto sem saber o que acontece lá dentro?
      Justiça devemos pedir para os bebês que perdem o direito à vida e nada podem fazer diante da brutalidade que sofrem.Não se trata apenas de se posicionar religiosa ou politicamente . A questão principal é o direito à vida.

setembro 21, 2014

As novelas e a coerência.

     Já faz tempo que a coerência em novelas de televisão é um assunto fora da ordem do dia e confunde aqueles que às acompanham. Vira e mexe e lá estão eles tentando fazer com que o telespectador engula aquilo que eles apresentam como certo, verdadeiro e indiscutível.
      A questão perpassa por vários caminhos. Pode ser uma questão de querer fazer que você engula um modismo goela abaixo, podem te venderem um ator (atriz) de quinta categoria como uma grande estrela, um texto que não passe de um amontoado de besteiras, noções de chique e brega segundo a visão de quem nem parece chique nem brega, enfim, somos "obrigados" a fingir que acreditamos em tudo. Afinal de contas, esse é um dos trunfos da arte, nos convencer de que algo que na vida real é impossível ou difícil de acontecer se faça sem grandes percalços.
     No entanto, é preciso que haja um mínimo possível de coerência. A fé cega do telespectador também tem limites. E isso tem se relevador preocupante no assunto idade dos atores e personagens que desfilam em nossa telinha.
      O problema não é novo. Desde sempre é comum ver atores mais velhos fazendo papéis de mais novos e vice versa. Até aí nada de mais, não é? Tem gente que não aparenta a idade que tem, uns para mais e outros para menos. E como em televisão, acima de tudo, o que conta é a imagem, isso acaba sendo visto como natural.
     Temos grandes exemplos como Cláudio Correia e Castro, Elias Gleiser, Maria Estela, dentre outros que nas novelas da Tv Tupi sempre faziam papéis de mais velhos e que, muitas vezes, eram mais novos ou da mesma idade daqueles que faziam papéis de seus filhos.
      Só que o tempo da Tv Tupi e suas produções quase artesanais passou. Hoje, já faz tempo, vivemos os dias da "profissionalíssima" Globo e a coisa tem descambado para o risível.   Um notável exemplo foi a encruada novela "Em família". Nela, além de ter que suportar uma trama que nunca disse a que veio, tínhamos que ver atores em situação de quase vexame fazendo papéis para os quais não tinham nem idade nem tipo físico.
      Ana Beatriz Nogueira fazendo irmã mais velha de Natália do Vale e mãe de um cara de mais de quarenta anos (Gabriel Braga Nunes) foi impossível de aturar. Vá lá que a atriz tenha lá o seu jeitão de ter mais a idade do que realmente tem, mas não chegava para tanto. Isso para não falar de outras tantas incoerências e inconsistências presentes na mesma obra.
     Porém, parece que na atual (Império) a coisa está fazendo escola. Principalmente quanto se trata do personagem principal da novela, o tal comendador. Para começar: alguém conhece algum comendador ou quem queira ser um? Provavelmente não. Acho que isso é coisa de Portugal onde o autor parece gostar de passar a maior parte de seu tempo livre.
    Deixando as comendas para lá, o que assusta é a escalação de Alexandre Nero. O rapaz não é  ruim, mas está longe de ser a primeira opção para um personagem como esse, que também terá  que nos convencer se tem algo a dizer além de suas esquisitices.  E a questão da idade? Ele fazendo pai da Leandra Leal e do Caio Blat chega a doer.
     Não sei quem toma decisões na Rede Globo, mas essa pessoa precisa, urgentemente, aprender algumas lições de coerência e coesão. Talvez seja por falta dessas duas coisas que as novelas da emissora têm deixado tanto a desejar nos últimos tempos.

Bom domingo!

setembro 13, 2014

Faça, mas também deixe que façam.

    Principalmente quando o assunto é trabalho comunitário, é comum encontramos por aí pessoas que absorvem tudo para elas, que querem fazer tudo e que não deixam espaço para outros mostrarem que também querem e podem ajudar.. Para essas pessoas as coisas somente vão  funcionar se forem feitas por elas próprias, pois não confiam em ninguém que não seja elas mesmas.
    Para quem gosta de encontrar tudo pronto, essas pessoas são, como dizem por aí, uma mão na roda. Elas fazem barba, cabelo e bigode e você não é bobo de reclamar, não é? Pois devia. Esse tipo de pessoa, muitas vezes, quer apenas provar o quanto são eficientes e coisa e tal e são, quase sempre, mal intencionadas.
    Digo isso por que acho que não pode haver boa intenção em alguém botar o resto do mundo para descansar, ou simplesmente na condição de espectador, e fazer tudo sozinho. Nem Deus age assim, não é? Apesar de acreditamos em Sua ajuda, temos que fazer a nossa parte. Por que seria diferente quando se trata de pessoas como nós?
    Isso quando a intenção não é claramente boicotar aqueles que querem e podem ajudar. Assim, essas pessoas posam de necessárias e, muitas vezes, a únicas  capazes não deixando que ninguém além delas possam realizar algo em prol daquilo que se quer construir.
    Não estou com isso dizendo que ninguém deve aceitar ajuda dos outros ou mesmo  que algum faz-tudo da vida seja privado (a) de mostrar a sua capacidade. Longe disso. Toda ajuda é sempre muito bem-vinda. Só não permita que alguém em nome disso ocupe o lugar que só você pode ocupar ou te relegue ao ócio.
Nem podemos, em nome de nossas capacidades, impedir que outros mostrem que também têm valor. As coisas ficam  bem melhores quando feitas com a participação de todos, quando cada dá um pouco que tem ou sabe para construir algo maior e do qual todos possam se orgulhar.

Bom domingo.

agosto 31, 2014

"Direito divino".

     Os mais velhos costumam dizer algo mais ou menos parecido com: o que é da onça o lobo não come. Traduzindo, isso quer dizer que há coisas que são nossas e que mesmo que elas nos sejam negadas, acabam vindo parar em nossas mãos porque são nossas por "direito divino". e, portanto, ninguém nos pode tirar.
    Mas por que eu estou falando disso? É para, mais uma vez, falar do que aconteceu com ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ela, pela segunda vez, tentou ser candidata à presidência da república e isso lhe foi negado através da impossibilidade do registro do partido que ela pretendia criar.
    No entanto, como, parece, este era o seu destino natural, ela acabou candidata depois do trágico acidente que vitimou seu colega de chapa Eduardo Campos. Uma visão apressada, pode achar que  é muito macabro, estranho, e até repulsivo uma pessoa precisar que a outra morra para que a vida lhe faça justiça e lhe dê aquilo que é de direito.
    Porém, basta que recorremos a outro dito:'"Deus escreve certo por linhas tortas". Os desígnios de Deus, e a Bíblia não nos deixa mentir, não seguem a  lógica humana. Por exemplo, Esaú era o filho, digamos, certinho, mas foi Jacó, o nem tão certinho assim, o escolhido.
    Não endosso assim essa visão "messiânica" de Marina silva e acho isso não significa que ela será eleita presidente. Isso é outro assunto. O que quero dizer aqui é que uma vez que nós de alguma forma adquirimos o direito à alguma coisa, de nada adianta que trabalhem contra. A vontade de Deus é soberana.
    E isso vale para tudo em nossas vidas. Ninguém  nos tira nem nos dá nada que não seja com a permissão do Criador. O que é nosso sempre vem parar em nossas mãos, seja pelo caminho que for e enfrentando as barreiras que enfrentar. Para isso, basta ter fé.
    No mais, é torcer para que os nossos desejos e aspirações sejam os mesmos desejos e aspirações que Deus tem para nós.

Bom domingo.