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março 24, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 5


Com vocês mais um capítulo da nossa novelinha.

SÓ A VIDA ENSINA

Capítulo 5


CENA 1 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL – SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 4
ELMIR CONTINUA PARADO NA PORTA. DONA MARGARIDA ESTÁ À SUA FRENTE.

DONA MARGARIDA – O senhor está me assustando, seu Elmir.

ELMIR – Eu posso entrar? É que um assunto desses não deve ser falado assim no corredor, a senhor entende?

DONA MARGARIDA – Claro. (TOM) Entra, seu Elmir. O senhor aceita um café?

ELMIR – (ENTRANDO) Obrigado, dona Margarida. A conversa vai ser rápida. É que a portaria ficou sozinha... (TEMPO) O assunto que me traz aqui diz respeito ao seu filho, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – O que tem o Joel?

ELMIR – Ele me fez um pedido...

DONA MARGARIDA – Ele andou pedindo dinheiro emprestado ao senhor?

ELMIR – Não. (TEMPO) Ele quer que eu minta pra senhora.

DONA MARGARIDA – Mentir? Que história é essa, seu Almir?

ELMIR – É a respeito do apartamento. (TOM) Teve um oficial de justiça aqui. (HESITANTE) É uma ação de despejo. A senhora vai ter que deixar o apartamento dentro de dois dias.

DONA MARGARIDA – O quê? (CAI DESMAIADA.)

ELMIR – (DESESPERADO) Dona Margarida, dona Margarida...

CORTA PARA:

CENA 2 - INTERIOR/DIA -  CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ DEITADA NO SOFÁ TENDO ELMIR AO SEU LADO. JOEL ENTRA CORRENDO.

JOEL – O que foi que aconteceu?

ELMIR – Eu tava conversando com ela, de repente ela caiu desmaiada.

JOEL – O que você andou falando pra ela, seu boca mole?

ELMIR – Eu não podia continuar escondendo dela a verdade, seu Joel.

JOEL – Sai daqui, antes que eu lhe parta a cara, seu Elmir. Porteiro atrevido, filho da mãe.

ELMIR – (SAINDO) Dona Margarida não merece o que o senhor faz com ela. Ela é uma santa mulher.

JOEL – (GRITA) Sai daqui.

ELMIR – (SAI)

DONA MARGARIDA – O quê? (VENDO JOEL) Que situação humilhante, filho. Isso nunca me aconteceu na vida. (TOM) Diz que isso não é verdade, Joel.

JOEL – Tá tudo bem, mãe. Esse porteiro é um intrigante. (SEM CONVICÇÃO) Eu vou dar um jeito, a senhora vai ver.

CORTA PARA:

CENA 3 - EXTERIOR/DIA - BANCO DE UMA PRAÇA
JOEL E FÁBIO ESTÃO SENTADOS.

FÁBIO – Quer dizer que o porteiro deu com a língua nos dentes?

JOEL – O filho da mãe esperou que eu saísse e foi lá encher a cabeça dela com intriga.

FÁBIO – Se bem que ele acabou lhe prestando um favor. Mais cedo ou mais tarde ela teria que ficar sabendo mesmo.

JOEL – É verdade. (TEMPO) Pelo menos agora ela tá sabendo de tudo. Acabou a mentira.

FÁBIO – Qual é a data do despejo?

JOEL – Amanhã.

FÁBIO – O que você pretende fazer?

JOEL – Não faço a menor ideia.

FÁBIO – (TEMPO) E aquela sua irmã, a Bernadete?

JOEL – O que tem ela?

FÁBIO – Será que ela não pode lhe ajudar. Afinal de contas, a mãe dela está no meio disso tudo.

JOEL – (ANIMADO) Sabe que você tem razão. A Bernadete não pode negar ajuda pra sua própria mãe.
CORTA PARA:

CENA 4 - INTERIOR/DIA CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ. TELEVISÃO ESTÁ DESLIGADA. JOEL CHEGA, VINDO DA RUA. ESTÁ SOBRIO.

JOEL – Que cara triste é essa. mãe?

DONA MARGARIDA – Como queria que eu estivesse? Não dá pra estar feliz com uma ordem de despejo nas costas.  (TEMPO) E pensar que eu colocava todo o dinheiro da minha pensão na sua mão pra você pagar as contas... (TOM) Você me traiu, Joel. Não se faz isso com uma mãe.

JOEL – Calma, mãe. (TEMPO) Eu sei que eu errei... Mas olha, eu já tenho a solução.

DONA MARGARIDA – Solução?! Que solução?

JOEL – A solução é a Bernadete.

DONA MARGARIDA – O quê?

JOEL – Nós vamos pra casa dela!

DONA MARGARIDA – Você ficou maluco? O Ozias nunca vai aceitar a gente lá. Esqueceu que ele não gosta de você?

JOEL – Ele não gosta de mim, mas da senhora.... (TOM) O Ozias tem verdadeira adoração pela senhora. Ele não vai negar ajuda numa hora dessas. E depois tem a Bernadete. A casa é dela também.

DONA MARGARIDA – (DESESPERADA) Era só o que faltava, meu Deus.

CORTA PARA:

CENA 5 - EXTERIOR/DIA - PORTA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL, DONA MARGARIDA, ELMIR E ALGUNS VIZINHOS ESTÃO REUNIDOS. É UMA ESPÉCIE DE DESPEDIDA. PRÓXIMO DALI, FÁBIO  ESTÁ ENCOSTADO EM UM CARRO, COMO SE ESPERASSE.

DONA MARGARIDA – (EMOCIONADA) Eu vou sentir muita falta disso tudo aqui. Quantos anos...

ELMIR – Todo mundo aqui vai sentir falta da senhora também, dona Margarida. Moradoras como a senhora existem poucas.

JOEL – Você vai sentir saudades é dos lanches que ela lhe dava, seu Elmir. Fala a verdade.

ELMIR – (SORRINDO) Não posso negar. O lanche de dona Margarida era especial.

JOEL – Agora, vamos. O Fábio tá esperando.

O POVO SE DESPEDE DE DONA MARGARIDA. JOEL E DONA MARGARIDA CAMINHAM PARA O CARRO.  ELES ENTRAM E FÁBIO DÁ PARTIDA. ENQUANTO O CARRO PARTE, ELMIR E OS VIZINHOS ACENAM EM DESPEDIDA.

CORTA PARA:

CENA 6 - EXTERNA/DIA - UMA RUA QUALQUER DE UM BAIRRO DO SUBÚRBIO
UM CARRO ESTACIONA NA PORTA DE UM PRÉDIO. DELE SAEM O MOTORISTA, FÁBIO E O CARONA, JOEL. POR ÚLTIMO, DO BANCO DE TRAZ, SAI DONA MARGARIDA. FÁBIO TIRA ALGUMAS MALAS DO PORTA MALAS E COLOCA NO CHÃO.

FÁBIO – Estão entregues.

JOEL – Não vai entrar para um café?

FÁBIO – Não vai dar. Tenho que voltar. A Marluce está me esperando.

JOEL – Isso vai acabar em casamento. É melhor sair fora enquanto é tempo.

DONA MARGARIDA – Que conversa é essa, Joel? (TEMPO) O Fábio não é como você que vive enrolando a pobre da Verinha. Fábio é rapaz sério.

JOEL – (FINGINDO-SE DE OFENDIDO) E eu não sou?

A PERDUNTA FICA NO AR. FÁBIO SE DESPEDE, ENTRA NO CARRO E DÁ PARTIDA. JOEL E DONA MARGARIDA SE PREPARAM PARA ENTRAR NO PRÉDIO. DONA MARGARIDA PARECE MUITO HISITANTE.

CORTA PARA:

CENA 7 - INTERNA/DIA  - CASA DE BERNADETE - SALA
CASA SIMPLES, MAS BEM ARRUMADA. JOEL E DONA MARGARIDA ESTÃO DIANTE DE BERNADETE. BERNADETE SE MOSTRA MUITO SURPRESA.

BERNADETE – Que novidade é essa? Vocês aqui?

JOEL – (FINGINDO) É que a mãe tava com muita saudade de vocês. Não é, mãe?
DONA MARGARIDA – O quê?

JOEL – A senhora estava com saudade de sua filha desalmada.

DONA MARGARIDA – (DISTRAÍDA) É isso. Eu estava com saudade.

BERNADETE – (DESCONFIADA) Está tudo bem?

JOEL (APRESSANDO-SE EM RESPONDER PARA IMPEDIR QUE DONA MARGARIDA DIGA ALGUMA COISA) Claro que está tudo bem. E por que não haveria de estar?

NINGUÉM FALA MAIS NADA. BERNADETE FICA SEM AÇÃO DIANTE DA MÃE E DO IRMÃO. SÓ CONSEGUE OLHAR PARA AS MALAS, GRANDES DEMAIS PARA UMA SIMPLES VISITA.

CORTA PARA:

CENA  8 - INTERNA/NOITE - CASA DE BERNADETE -  SALA
ESTÃO PRESENTES JOEL, DONA MARGARIDA, BERNADETE, OS DOIS FILHOS DELA (UMA MENINA E UM MENINO DE 8 E 10 ANOS).

JOEL – (TENTANDO SER SIMPÁTICO, SE DIRIGINDO AOS SOBRINHOS) Vocês não estavam com saudades da vovó?

MENINO – Estava.

JOEL – E você Jéssica?

MENINA – Eu também.

MENINO – Quem não tava com saudades é o papai.

SURGE UM GRANDE CONSTRANGIMENTO. BERNADETE REAJE NERVOSA.

BERNADETE – O que é isso, Artur? Que história é essa?

MENINO – É verdade. O papai não gosta do tio Joel. Acha que ele é um malandro, cachaceiro.

BERNADETE – Sai daqui, seu pestinha. Vai lá pra dentro, anda.

MENINO – (SAI EMBURRADO) – Não se pode falar nada.

BERNADETE – Essas crianças...

SONPLASTIA DE PORTA SE ABRINDO. ENTRA OZIAS, O MARIDO DE BERNADETE. AO VER JOEL E DONA MARGARIDA REAGE COM ESPANTO.

OZIAS – O que significa isso?

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO



março 22, 2013

Alimentando a fé.

     Dizem que a fé remove montanhas. Embuidos de fé somos capazes de feitos maravilhosos e nos tornamos verdadeiros gigantes, mesmo que os nossos corpos não sejam tão fortes assim.  Isso se dá porque o que nos move não é a força física, mas uma força que está além da nossa compreensão humana.
     E essa força se revela em vários pontos importantes da nossa vida. É ela  que nos leva a nos juntar com outras pessoas para realizar coisas que não podemos, ou não queremos, realizar sozinhos. Pessoas que vêm somar a nós  num projeto, numa fé, numa simples viagem de passeio e mesmo em grandes empreendimentos.
     Como é bom quando encontramos essas parcerias e com elas realizamos coisas, acredtiando um no outro, somando esforços. A roda da vida gira com mais facilidade, pois as engrenagens funcionam de forma a permitir  que tudo aconterça dentro do esperado, do planejado, daquilo que parece ser a vontade de Deus.
     No entanto, às vezes, um outro dito polular ganha a cena. Aquele que diz: nem tudo é para sempre. Muito menos os encontros felizes. Chega um dia em que a roda não gira mais com tanta facilidade e as engrenagens começam a apresentar defeito.
     É aquela hora em que temos vontade de jogar tudo para o alto e dizer que não vale a pena acreditar no ser humano, que essa nossa carcteristica humana é sinônimo de seres imperfeitos, capazes de comenter atos tristes e degradantes. A dor é profunda, o desencanto é muito grande. Nos sentimos desnorteados, perdidos.
     O que fazer num momento desses em que se perde a fé no nosso semelhante? Não existe receita, não existe método infalível. Achar a porta de saída é uma questão de tato, uma questão de bom senso, sensibilidade.
     Jesus nos exortou a "orar e vigiar". É, o ladrão não marca a hora para chegar. É preciso estar alerta. O importante numa hora dessas é lembrar que fé a gente alimenta, a gente cuida para ela não morrer. Esse é o momento de adubar a nossa fé, de cuidar dela com mais carinho e atenção. Hora de aproveitar o tombo para dar a volta por cima.

março 19, 2013

O silêncio.

      A teoria do big ben nos dá conta de que o mundo em que nós vivemos originou-se de uma grande explosão. O que poderia ser, de cara, uma explicação para toda essa barulheira na qual estamos todos mergulhados o tempo todo, principalmente nos grandes centros.
     Parece que o barulho faz mesmo parte das nossas vidas e nós, de certa forma, já estamos nos acostumados com ele. Mas há momentos em que precisamos de silêncio, pois é através dele que podemos ouvir a voz da nossa alma, as batidas do nosso coração, a nossa respiração.
     E é mergulhados nesse "silêncio" que podemos dialogar com nós mesmos. Infelizmente muita gente foge disso, acreditando que quanto mais barulho tiver à sua volta melhor, que silêncio significa tédio.
     Assim, todos optam por manter-se o tempo todo plugados em algum objeto sonoro, esquecendo-se que já existe muito barulho à nossa volta, que o que precisamos é buscar o silêncio que nos reconcilia com nós mesmos e assim encontrar o nosso equilíbrio. Equilíbrio esse tão importante para a nossa saúde física, mental e espiritual.
     Não devemos ter  medo do silêncio. É através dele que conseguimos refazer a nossa ligação com o divino, com a chama criadora. A fonte onde bebemos saúde, paz, amor, sucesso, equilíbrio, tranquilidade... Tudo o que passamos a vida procurando no meio do caos.

março 17, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 4

Com vocês, o capítulo 4 da nossa história. Muitas emoções aguardam por vocês.

 

Só a vida ensina

capítulo 4


CENA 1 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL  - SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 3
JOEL DESPEDE-SE DO OFICIAL DE JUSTIÇA E FECHA A PORTA. TEM NAS MÃOS O DOCUMENTO QUE RECEBEU DO OFICIAL DE JUSTIÇA. LÊ O DOCUMENTO AVIDAMENTE:

JOEL – (NERVOSO) E agora, malandro? Dessa vez parece que o bicho vai pegar.

DONA MARGARIDA – (ENTRANDO) Quem era, Joel?

JOEL – (ESCONDENDO O DOCUMENTO) Nada não, mãe. Era engano. (TOM) Esse porteiro deixa entrar qualquer um. (SAI)

DONA MARGARIDA – Joel tem uma implicância com esse porteiro. Pra mim, ele é bom até demais. Atencioso, prestativo...

CORTA PARA:

CENA 2 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL FALA COM O PORTEIRO, ELMIR:

ELMIR – Pode falar, seu Joel.

JOEL – É que eu gostaria de lhe pedir um favorzinho...

ELMIR – Se estiver ao meu alcance...

JOEL – (SEM JEITO) – É sobre aquele oficial de justiça que esteve aqui.

ELMIR – O que tem ele?

JOEL – O senhor fica aí se fazendo de sonso, mas o senhor... Bem, você sabe tudo o que acontece por aqui.

ELMIR – Aonde o senhor quer chegar?

JOEL – Quero chegar na dona Margarida. Eu não quero que ela saiba dessas coisas, o senhor entende?

ELMIR – Pode deixar, seu Joel. (TOM) O que acontece na vida dos condôminos não me diz respeito.

JOEL – Assim eu espero.

CORTA PARA:

CENA 3 - INTERIOR/DIA - CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ LIMPANDO A CASA. JOEL ESTÁ ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO.

DONA MARGARIDA – O que há com você, Joel? Não para um minuto quieto.

JOEL – Nada não, mãe.

DONA MARGARIDA – Como não? Olha o seu estado, filho. Tá na cara que está acontecendo alguma coisa. Fala logo o que é. Eu sou sua mãe. Pode se abrir. É a Verinha, não é?

JOEL – Não tem nada a ver com a Verinha.

DONA MARGARIDA – Então o que é?

JOEL – (GROSSEIRO) Já disse que não é nada. (SAI)

CORTA PARA:

CENA 4 - INTERIOR/NOITE - UM BAR DE RUA
JOEL ESTÁ SOZINHO NA MESA DO BAR. JÁ BEBEU BASTANTE.

JOEL (PARA SI) Como é você vai sair dessa, Joel? Desempregado, prestes a ser despejado de seu apartamento... Se não fosse só isso, ainda tem dona Margarida. Como é que eu contar pra ela que a gente tá praticamente no olho da rua? Como? (TEMPO) Melhor não ficar quebrando a cabeça com isso. O jeito é beber mais uma. (FAZ SINAL PARA O GARÇOM) Traz mais uma.

CORTA PARA:

CENA 5 - INTEIOR/NOITE - CASA DE JOEL -  SALA
ESTÁ ESCURO. JOEL ENTRA CAMBALEANDO. QUANDO ELE ESTÁ NO MEIO DA SALA, A LUZ SE ACENDE. DONA MARGARIDA ESTÁ DE PÉ NO MEIO DA SALA.

DONA MARGARIDA – Muito bonito, Joel. Agora é sempre assim, né? Todo dia bebedeira, farra... Onde você pensa em chegar assim? Não basta ter perdido o emprego?

JOEL – Acordada até essa hora, mãe?

DONA MARGARIDA – E como você quer que eu durma sabendo que está bebendo por aí?

JOEL – Não precisa se preocupar, mãe. Só estava me distraindo um pouco.

DONA MARGARIDA – Se pelo menos estivesse com sua noiva, a Verinha...

JOEL – Esquece a Verinha. Ela é muito chata.

DONA MARGARIDA – Ela só quer o seu bem. (TEMPO) Cria juízo, filho. Eu não vou viver pra sempre. Ainda bem que sua irmã se casou direitinho, tem o marido dela, os filhos... (TOM) Você só me dá motivo de preocupação. (SAI)

JOEL – Também não é assim. (TOM) Exagerada. (DEIXA-SE JOGAR NO SOFÁ E DORME ALÍ MESMO)

CORTA PARA:

CENA 6 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA DONA MARGARIDA ESTÁ CHEGANDO DA RUA COM COMPRAS. O PORTEIRO ESTÁ POR ALÍ.

ELMIR – (VENDO DONA MARGARIDA CHEGAR) Deixa eu ajudar a senhora, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – Não precisa, seu Elmir.

ELMIR – (PEGANDO AS COMPRAS ) Faço questão.

DONA MARGARIDA – (TEMPO) Seu Elmir... o senhor tem entregue as contas do apartamento para o Joel?

ELMIR – (SEM JEITO) Sabe o que é, dona Margarida... o seu filho faz questão de pegar. Ele diz que é pra não causar preocupação para a senhora que é muito doente.

DONA MARGARIDA – Doente eu? (TEMPO) Ando muito preocupada, seu Elmir.

ELMIR – O que foi?

DONA MARGARIDA – (TRISTE) O Joel anda de um jeito. O senhor sabe que ele perdeu o emprego, né? Não bastasse isso, tá cada vez bebendo mais. Não há dinheiro que chegue. Eu sei que uma mãe não deve falar isso, mas ele pega todo o dinheiro da minha pensão. (TOM) Deixa isso pra lá. Não posso ficar enchendo a sua cabeça com os meus problemas. Até logo, seu Elmir. (SAI)

ELMIR – Uma mulher tão boa, com um filho desses.

CORTA PARA:

CENA  7 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL E ELMIR ESTÃO CONVERSANDO.

ELMIR – É isso aí, seu Joel. O senhor vai me desculpar, mas eu não posso mais fazer isso com dona Margarida. Ela é uma mulher muito boa e não merece ser enganada.

JOEL – Que enganada? Eu não estou enganando ninguém. Estou apenas evitando aborrecimento a uma mulher doente. (TEMPO) Além do mais, não se esqueça que o senhor é apenas um porteiro.

ELMIR – Eu sei o meu lugar, senhor Joel. Acontece que a dona Margarida tem perguntado muito. Ela anda desconfiada. E eu me sinto muito mal com isso.

JOEL – Trate de ficar na sua, senão eu faço uma reclamação ao síndico. (TOM) Onde já se viu? Porteiro atrevido. (SAI, ENTRANDO NO ELEVADOR)

ELMIR – Atrevido?! (OFENDIDO) Além de tudo, ainda me ofende. (TOM) Isso não vai ficar assim.

CORTA PARA:

CENA 8 - INTERIOR/NOITE - CASA DE JOEL - SALA
JOEL ESTÁ DIANTE DE DONA MARGARIDA.

JOEL – Me empresta um dinheiro aí, mãe.

DONA MARGARIDA – Não tenho dinheiro, Joel.

JOEL – Nem vinte pratas?

DONA MARGARIDA – Nada. Tudo o que eu tinha entreguei a você para pagar as contas. (TEMPO) E por falar nisso, onde estão os recibos quitados?

JOEL – Tá desconfiando de mim, mãe?

DONA MARGARIDA – Faz tempo que você não me mostra os recibos de aluguel, luz...

JOEL – Não se preocupe com isso, dona Margarida.  A senhora sabe que eu cuido de tudo. (TOM) Fica aí com a sua novela que eu vou dar umas voltas. (SAI)

DONA MARGARIDA – Já vai encher a cara de novo. Oh, meu Deus! Que sina!

CORTA PARA:

CENA 9 - EXTERIOR/DIA - PORTA DO PRÉDIO ONDE JOEL TRABALHAVA
JOEL ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO. DE REPENTE SURGE FÁBIO.
JOEL VAI AO ENCONTRO DELE.

FÁBIO – O que foi, Joel?

JOEL – Você precisa me ajudar, Fábio.

FÁBIO – Ajudar como?

JOEL – Tô numa enrascada daquelas, irmão. (TEMPO) Tô com ordem de despejo. Tenho poucos dias pra deixar o apartamento e, o que é pior, minha mãe não sabe de nada.

FÁBIO – E agora?

JOEL – Tô sem grana pra nada. (TEMPO) Será que não dava pra você me emprestar algum? Assim que sair dessa, lhe pago.

FÁBIO – Quem dera eu tivesse...? Você sabe a mixaria que eu ganho naquele escritório. Seu Olavo é jogo duro. (TEMPO) Pera aí, e a sua rescisão? Já torrou tudo?

JOEL – Tudo. Tava devendo todo mundo. E dinheiro comigo, você sabe, é pra gastar.

FÁBIO – Não só o seu, mas o da sua mãe também, né?

CORTA PARA:

CENA 10 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL - SALA.
TOCA A CAMPAINHA E DONA MARGARIDA VAI ATENDER. QUANDO ELA ABRE, APARECE O PORTEIRO,  ELMIR:

DONA MARGARIDA – Seu Elmir!? Aconteceu alguma coisa?

ELMIR – Infelizmente aconteceu, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – (ASSUSTADA) O que foi?

CORTA PARA :

FIM DO CAPÍTULO


março 15, 2013

Compartilhando no Facebook

     Eu demorei um pouco para aderir ao Facebook. Sempre achei (e continuo achando)  esquisito expor  a minha alma assim de forma tão, digamos,  avassaladora. 
     Confesso mesmo que não morro de amores, mas que acho válido pessoas de todos os lugares do mundo se sentirem mais próximas através dessa rede social  e de tantas outras que existem, onde reencontramos amigos e fazemos tantos outros. E não posso (seria mesmo imperdoável, não é?) esquecer o dihitt.
     Também não se pode esquecer que vivermos na era da informação. E quem não se abre para o mundo (via internet, por exemplo) corre o risco de perder o bonde da história. E ninguém (muito menos eu) quer perder esse bonde que continua bonde apesar de todas as modernidades e que ninguém exatamente onde vai dar.
     Mas não estou aqui para falar das virtudes e dos pecados da era da informática. O que me traz a esse assunto é a questão, entre outras coisas, dos compartilhamentos. Qualquer um sabe que uma das coisas que mais se faz no Facebook é compartilhar. 
     Algo bastante legal. Ninguém consegue ver tudo ou acompanhar de tudo e saber que alguém ao encontrar algo interessante se dispõe a compartilhá-lo com os seus amigos é sempre muito bom e bem-vindo, não é?
     Só que acontece das pessoas compartilharem coisas de que elas não têm muita noção do que seja. Coisas sem sentido e até de muito mal gosto. Para não dizer que muitas vezes são desnecessárias mesmo.
     Acredito que no afã de simplesmente compartilhar, as pessoas vão clicando a torto e a direito, sem fazer nenhum tipo de seleção, nem ver se aquilo é mesmo relevante ou se interessa aos seus amigos virtuais.
     Há também casos de pessoas que embarcam em verdadeiras canoas furadas. Outro dia um amigo compartilhou o desaparecimento de alguem, dizendo que a família estava desesperada atrás da referida pessoa. Poucas dias depois se soube que pessoa estava na casa de uma amiga e não queria falar com ninguém. Espera lá. Isso é brincadeira, não? Alguém com acesso fácil ao Facebook saber que está sendo procurado e não se manifestar me parece um tanto quanto estranho.
     Isso sem falar nas fotos de pessoas em situações penosas e dignas da nossa compaixão que são com partilhadas. Fico pensando aqui comigo: será que são todos fatos verdadeiras?
     Escrevi este post para tentar dizer que compartilhar é coisa séria

março 11, 2013

Só a vida ensina. - Capítulo 3

Com um dia de atraso, eis aí o capítulo 3 da saga de Joel.

SÓ A VIDA ENSINA.


Capítulo 3

CENA 1 - INTERNA/NOITE - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 2
JOEL CONTINUA COM A CARTA NA MÃO. ELMIR, O PORTEIRO, OBSERVA:

ELMIR – Algum problema, seu Joel?

JOEL – (DISFARÇANDO) Não. Nada. Apenas uma dessas cartas de propaganda de políticos. Não sei como descobrem o endereço da gente.

ELMIR – Coisa chata, né?

JOEL – Se é... (TEMPO) Mas sabe o que eu faço? (RASGA A CARTA EM PEDACINHOS) É isso que eu faço.

ELMIR – Essa gente é muito desaforada. (ESTENDE A MÃO PARA PEGAR OS PEDAÇOS DA CARTA) Me dá aqui, seu Joel, que eu jogo no lixo pro senhor. (JOEL ENTREGA OS PEDAÇOS DA CARTA AO PORTEIRO E SAI. DEPOIS UM TEMPO O PORTEIRO COLOCA OS PEDAÇOS DA CARTA SOBRE SUA MESA E COMEÇA A MONTAR COMO SE FOSSE UM QUEBRA-CABEÇA PARA DESCOBRIR DO QUE SE TRATAVA SEU CONTEÚDO) Ora! Veja só. É carta da administradora cobrando aluguéis atrasados. Bem que eu estava desconfiado. Atrasado com o aluguel, condomínio... Esse seu Joel nunca me enganou. (TOM) Também, vive na farra torrando tudo o que ganha. Dona Margarida é que sofre, coitada.


CORTA PARA:

CENA 2 - INTERNA/NOITE - UM BAR QUALQUER.
JOEL ESTÁ NUMA MESA BEBENDO COM AMIGOS. JÁ ESTÁ BASTANTE ALTO.

JOEL – (LEVANTANDO COM UM COPO DE BEBIDA NA MÃO) Proponho um brinde ao mais novo desempregado da praça.

TURMA DA MESA SE MOVIMENTA. UNS ASSUSTADOS, OUTROS DANDO GARGALHADAS.

JOEL – (AINDA DE PÉ) Estou livre daquele chato do seu Olavo, livre daquele escritoriozinho de quinta categoria. Liberdade para Joel Gomes. (LEVANTANDO O COPO DE BEBIDA) Um viva à liberdade.

TODOS – Viva!

CORTA PARA:

CENA 3 - INTERIOR/NOITE - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
DONA MARGARIDA ESTÁ DE FRENTE PARA ELMIR. ELA ENTREGA A ELE UM EMBRULHO.

DONA MARGARIDA – Trouxe uma merendinha para o senhor, seu Elmir.

ELMIR – Não precisava, dona Margarida. (PEGANDO O PACOTE) Só a senhora é capaz de se lembrar da gente. Obrigado.

DONA MARGARIDA – O senhor merece muito mais, seu Elmir. (TEMPO) E as contas já chegaram?

ELMIR – Tudo o que chegou até agora eu entreguei para o Joel, seu filho.

DONA MARGARIDA – Não faça isso, seu Elmir.

ELMIR – Ora, por que, dona Margarida?

DONA MARGARIDA – O Joel é um cabeça de vento, seu Elmir. Pega as coisas e depois não sabe onde pôs. (TEMPO) Vamos combinar o seguinte: o senhor só entrega as contas para mim. Combinado?

ELMIR – Combinado.

DONA MARGARIDA – Boa noite, seu Elmir. (SAI)

ELMIR – Bem que eu tento fazer isso, mas ele não deixa. A senhora não conhece o filho que tem.

CORTA PARA:

CENA 4 - INTERNA/NOITE - UM BAR QUALQUER
(O MESMO DA CENA 2)
JOEL LEVANTA-SE DA MESA EM QUE BEBE COM OS AMIGOS E SE DIRIGE A UMA MOÇA QUE BEBE COM UMA TURMA NUMA MESA AO LADO.

JOEL – E aí, gatinha? Não quer passar para a minha mesa?

MOÇA – E por que eu faria isso?

JOEL – Pra gente conversar, ora!

MOÇA – (APONTANDO PARA O RAPAZ AO LADO) Será que você não prefere conversar com o meu namorado?

RAPAZ – O que tá pegando, amor?

MOÇA – O moço aqui tá me convidando para ir para mesa dele.

RAPAZ – Verdade? (A MOÇA FAZ SINAL QUE SIM E O RAPAZ DÁ UM SOCO EM JOEL QUE CAI. FORMA-SE UMA CONFUSÃO. O PESSOAL DA MESA DE JOEL SE METE NA BRIGA. O DONO DO BAR PERCEBE A CONFUSÃO, PEGA O TELEFONE E FAZ UMA LIGAÇÃO.

CORTA PARA:

CENA 5 - INTERNA /NOITE - BAR
MESMO BAR DA CENA 2 E 4.
CONFUSÃO CONTINUA. JOEL, MUITO BÊBADO, INSISTE EM QUERER FALAR A COM A MOÇA ACOMPANHADA.

JOEL – E aí, gatinha? Vai me esnobar, vai?

RAPAZ – (PARA A NAMORADA) Eu vou partir a cara desse filho da mãe.

MOÇA – Fica calmo, amor.

NESSE MOMENTO ENTRAM DOIS POLICIAIS. A CONFUSÃO TERMINA NO ATO DA CHEGADA DOS POLICIAIS.

POLICIAL – Quem é o responsável por essa baderna?

TEM-SE INÍCIO UM GRANDE BURBURINHO, TODOS FALAM E NINGUÉM SE ENTENDE.

POLICIAL – Já entendi tudo. Vai todo mundo em cana. Vão ter que se explicar com o delegado.

CORTA PARA:

CENA 6 - INTERIOR/NOITE - DELEGACIA DE POLÍCIA
JOEL, A MOÇA, O RAPAZ, OS POLICIAIS E TODOS OS OUTROS DA CENA 5 ESTÃO DIANTE DO DELEGADO.

DELEGADO – Dá para  falar um de cada vez?

TODOS VOLTAM A DISCUTIR. O POLICIAL QUE DEU A VOZ DE PRISÃO TOMA A FRENTE.

POLICIAL – Sabe o que é. Doutor... Estavam todos fazendo baderna num bar. Pelo que me consta esse daí (APONTA PARA JOEL) foi quem começou tudo.

DELEGADO – (PARA JOEL) O que o senhor tem a dizer?

JOEL – (BÊBADO) Em primeiro lugar: quem é o senhor? Com que autoridade se dirige a mim nestes termos?
DELEGADO – Sou o delegado.

JOEL – Então prove que é o delegado.

DELEGADO – Olha aqui, seu cachaceiro. Quem faz pergunta aqui sou eu. (PARA OS POLCIAIS) Levem esse elemento para a cela. Ele tá precisando refrescar as ideias.  Os outros estão liberados.

OS OUTROS DETIDOS SAEM.

JOEL – (RESISTINDO À PRISÃO) Vocês não podem fazer isso. Eu tenho direito de chamar o meu advogado.

DELEGADO – O senhor vai fazer isso lá da cela. Podem levar.

POLICIAIS SAEM COM JOEL.

CORTA PARA:

CENA 7 - INTERNA/NOITE - CELA DE PRISÃO
JOEL ESTÁ PRESO JUNTAMENTE COM OUTROS. POLICIAL CHEGA TRAZENDO VERINHA. PRESOS COMEÇAM COM UMA CERTA ALGAZARRA.

POLICIAL – Silêncio no ressinto. (PRESOS SE ACALMAM. ELE APONTA PARA JOEL) É esse aí o seu namorado.

VERINHA – Noivo, moço.

POLCIAL – O que seja. (TEMPO) Tem dez minutos, nem um segundo a mais. (SAI)

JOEL – Viu o que fizeram comigo, amor?

VERINHA – Que foi que você aprontou, Joel?

JOEL – Não fiz nada. Tava quietinho no meu canto. A moça é que ficou me dando bola, aí o cara, que não controla a sua namorada, partiu para cima de mim.

VERINHA – Difícil de acreditar, né, Joel? (TEMPO) O que você quer de mim?

JOEL – Que você conversasse com o delegado, explicasse a minha situação. Sou um homem de bem, trabalhador. Não mereço esse tratamento.

VERINHA – Tá bom. Eu vou tentar falar com ele.

CORTA PARA:

CENA 8 - INTERNA/NOITE - SALA DO DELEGADO
VERINHA ESTÁ DIANTE DO DELEGADO.

DELEGADO – Estão a senhorita é a noiva do meliante?

VERINHA – Meu noivo é homem trabalhador, doutor delegado.

DELEGADO – É mesmo? (TEMPO) E por que ele estava brigando num bar altas horas da noite? Pelo que me consta trabalhadores não costumam agir assim.

VERINHA – É que ele às vezes se junta com umas companhias... O senhor entende, né?

DELEGADO – Olha aqui, moça. Eu vou liberar esse rapaz em consideração a você que eu estou vendo que é uma moça de bem. Mas que fique bem claro: se esse rapaz for trazido mais uma vez aqui por estar perturbando a ordem, a coisa vai engrossar para o lado dele. Ouviu bem?

VERINHA – Pode deixar, doutor delegado. Pode deixar.

CORTA PARA:
CENA 9 - EXTERNA/NOITE - PORTA DA DELEGACIA
VERINHA E JOEL ESTÃO CONVERSANDO.

VERINHA – Que essa seja a última vez que você me mete nos seus rolos, viu Joel?

JOEL – Pode deixar. Eu vou mudar. Você pode ficar tranquila, meu amor. (TENTA BEIJAR VERINHA, ELA SE AFASTA) Só um beijinho, Verinha. Você não sabe o que sofri naquela cela.

VERINHA – Faço uma ideia. (TOM) E vou logo lhe avisando: se você continuar nessa vida, boto um fim nesse noivado. Tô cansada de tudo isso.

JOEL – Não fala assim, Verinha. Você é a razão da minha vida.

CORTA PARA:

CENA 10 - INTERNA/DIA. - CASA DE JOEL
SALA, JOEL ESTÁ ASSISTINDO FUTEBOL NA TELEVISÃO. TOCA A CAMPAINHA E ELE VAI ATENDER. ABRE A PORTA E SURGE UM HOMEM DE TERNO E GRAVATA.

HOMEM – Senhor, Joel Gomes?

JOEL – É ele.

HOMEM – Oficial de justiça. Queira assinar aqui, por favor.

JOEL FICA SEM AÇÃO.

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO

março 07, 2013

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

   Essa frase, dita pela raposa ao pequeno príncipe no livro de mesmo nome, é vista, muitas vezes, como algo piegas. O próprio livro sempre foi visto como "um livro para moças de cabeças vazias". Prova disso é que onze  em cada dez canditatas a miss diziam tê-lo como seu livro de cabeceira.
      Mas não estamos para falar do famoso e controverso livro de  Saint Exupéry. Eu, particularmente, gosto muito e acho que é sempre oportuno que alguém nos chame a atenção para  esses detalhes da vida que teimamos em classificar como coisas sem muita importância ou às quais não devamos prestar muita atenção.
     É baseado nesse tipo de visão que fechamos os olhos para tudo o que está acontecendo ao nosso lado. É como se nada nos dissesse respeito e que tudo o que acontece com o outro não é da nossa conta.
     Até quando vamos viver essa mentira? Tudo o que acontece com os outros nos interessa sim, estamos todos interligados sim. Não podemos ficar indiferentes a nada. Mesmo com todo o esforço que fazemos par provar o contrário, ninguém pode negar
que a dor do outro doe em nós e que a  alegria do outro também é a nossa alegria.
     Parece piegas falar assim, mas não existe outra maneira de encarar os fatos. Ninguém é tão  insensível quanto tenta  provar ser. Somos todos irmãos, membros de uma mesma família e, portanto, responsáveis uns pelos outros.
     Nesses nossos dias, convencionou-se que o ideal é ninguém falar nada, concordar com tudo em nome da boa convivência, para não se aborrecer, para não parecer chato ou inconveniente.
     Por isso, deixamos que tudo aconteça à nossa volta: deixamos que depredem a cidade, que joguem lixo nas ruas e todos fiquemos ilhados nos dias de chuva e coisas assim porque este é a melhor maneira de se viver. Será mesmo? Acredito que a raposa estava certa: somos responsáveis por aqueles que cativamos:  os parentes, os amigos, os conhecidos, aqueles a quem nem conhecemos (principalmente esses),  nossa casa, a nossa cidade e por nós mesmos.
     Precisamos aprender a cuidar melhor de tudo isso.  Ou nos sucumbiremos  todos acreditando que tudo é responsabilidade do outro, do governo e de quem mais se queira acreditar.