Com vocês mais um capítulo da nossa novelinha.
SÓ A VIDA ENSINA
Capítulo 5
CENA 1 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL – SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 4
ELMIR CONTINUA PARADO NA PORTA. DONA MARGARIDA ESTÁ À SUA FRENTE.
DONA MARGARIDA – O senhor está me assustando, seu Elmir.
ELMIR – Eu posso entrar? É que um assunto desses não deve ser falado assim no corredor, a senhor entende?
DONA MARGARIDA – Claro. (TOM) Entra, seu Elmir. O senhor aceita um café?
ELMIR – (ENTRANDO) Obrigado, dona Margarida. A conversa vai ser rápida. É que a portaria ficou sozinha... (TEMPO) O assunto que me traz aqui diz respeito ao seu filho, dona Margarida.
DONA MARGARIDA – O que tem o Joel?
ELMIR – Ele me fez um pedido...
DONA MARGARIDA – Ele andou pedindo dinheiro emprestado ao senhor?
ELMIR – Não. (TEMPO) Ele quer que eu minta pra senhora.
DONA MARGARIDA – Mentir? Que história é essa, seu Almir?
ELMIR – É a respeito do apartamento. (TOM) Teve um oficial de justiça aqui. (HESITANTE) É uma ação de despejo. A senhora vai ter que deixar o apartamento dentro de dois dias.
DONA MARGARIDA – O quê? (CAI DESMAIADA.)
ELMIR – (DESESPERADO) Dona Margarida, dona Margarida...
CORTA PARA:
CENA 2 - INTERIOR/DIA - CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ DEITADA NO SOFÁ TENDO ELMIR AO SEU LADO. JOEL ENTRA CORRENDO.
JOEL – O que foi que aconteceu?
ELMIR – Eu tava conversando com ela, de repente ela caiu desmaiada.
JOEL – O que você andou falando pra ela, seu boca mole?
ELMIR – Eu não podia continuar escondendo dela a verdade, seu Joel.
JOEL – Sai daqui, antes que eu lhe parta a cara, seu Elmir. Porteiro atrevido, filho da mãe.
ELMIR – (SAINDO) Dona Margarida não merece o que o senhor faz com ela. Ela é uma santa mulher.
JOEL – (GRITA) Sai daqui.
ELMIR – (SAI)
DONA MARGARIDA – O quê? (VENDO JOEL) Que situação humilhante, filho. Isso nunca me aconteceu na vida. (TOM) Diz que isso não é verdade, Joel.
JOEL – Tá tudo bem, mãe. Esse porteiro é um intrigante. (SEM CONVICÇÃO) Eu vou dar um jeito, a senhora vai ver.
CORTA PARA:
CENA 3 - EXTERIOR/DIA - BANCO DE UMA PRAÇA
JOEL E FÁBIO ESTÃO SENTADOS.
FÁBIO – Quer dizer que o porteiro deu com a língua nos dentes?
JOEL – O filho da mãe esperou que eu saísse e foi lá encher a cabeça dela com intriga.
FÁBIO – Se bem que ele acabou lhe prestando um favor. Mais cedo ou mais tarde ela teria que ficar sabendo mesmo.
JOEL – É verdade. (TEMPO) Pelo menos agora ela tá sabendo de tudo. Acabou a mentira.
FÁBIO – Qual é a data do despejo?
JOEL – Amanhã.
FÁBIO – O que você pretende fazer?
JOEL – Não faço a menor ideia.
FÁBIO – (TEMPO) E aquela sua irmã, a Bernadete?
JOEL – O que tem ela?
FÁBIO – Será que ela não pode lhe ajudar. Afinal de contas, a mãe dela está no meio disso tudo.
JOEL – (ANIMADO) Sabe que você tem razão. A Bernadete não pode negar ajuda pra sua própria mãe.
CORTA PARA:
CENA 4 - INTERIOR/DIA CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ. TELEVISÃO ESTÁ DESLIGADA. JOEL CHEGA, VINDO DA RUA. ESTÁ SOBRIO.
JOEL – Que cara triste é essa. mãe?
DONA MARGARIDA – Como queria que eu estivesse? Não dá pra estar feliz com uma ordem de despejo nas costas. (TEMPO) E pensar que eu colocava todo o dinheiro da minha pensão na sua mão pra você pagar as contas... (TOM) Você me traiu, Joel. Não se faz isso com uma mãe.
JOEL – Calma, mãe. (TEMPO) Eu sei que eu errei... Mas olha, eu já tenho a solução.
DONA MARGARIDA – Solução?! Que solução?
JOEL – A solução é a Bernadete.
DONA MARGARIDA – O quê?
JOEL – Nós vamos pra casa dela!
DONA MARGARIDA – Você ficou maluco? O Ozias nunca vai aceitar a gente lá. Esqueceu que ele não gosta de você?
JOEL – Ele não gosta de mim, mas da senhora.... (TOM) O Ozias tem verdadeira adoração pela senhora. Ele não vai negar ajuda numa hora dessas. E depois tem a Bernadete. A casa é dela também.
DONA MARGARIDA – (DESESPERADA) Era só o que faltava, meu Deus.
CORTA PARA:
CENA 5 - EXTERIOR/DIA - PORTA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL, DONA MARGARIDA, ELMIR E ALGUNS VIZINHOS ESTÃO REUNIDOS. É UMA ESPÉCIE DE DESPEDIDA. PRÓXIMO DALI, FÁBIO ESTÁ ENCOSTADO EM UM CARRO, COMO SE ESPERASSE.
DONA MARGARIDA – (EMOCIONADA) Eu vou sentir muita falta disso tudo aqui. Quantos anos...
ELMIR – Todo mundo aqui vai sentir falta da senhora também, dona Margarida. Moradoras como a senhora existem poucas.
JOEL – Você vai sentir saudades é dos lanches que ela lhe dava, seu Elmir. Fala a verdade.
ELMIR – (SORRINDO) Não posso negar. O lanche de dona Margarida era especial.
JOEL – Agora, vamos. O Fábio tá esperando.
O POVO SE DESPEDE DE DONA MARGARIDA. JOEL E DONA MARGARIDA CAMINHAM PARA O CARRO. ELES ENTRAM E FÁBIO DÁ PARTIDA. ENQUANTO O CARRO PARTE, ELMIR E OS VIZINHOS ACENAM EM DESPEDIDA.
CORTA PARA:
CENA 6 - EXTERNA/DIA - UMA RUA QUALQUER DE UM BAIRRO DO SUBÚRBIO
UM CARRO ESTACIONA NA PORTA DE UM PRÉDIO. DELE SAEM O MOTORISTA, FÁBIO E O CARONA, JOEL. POR ÚLTIMO, DO BANCO DE TRAZ, SAI DONA MARGARIDA. FÁBIO TIRA ALGUMAS MALAS DO PORTA MALAS E COLOCA NO CHÃO.
FÁBIO – Estão entregues.
JOEL – Não vai entrar para um café?
FÁBIO – Não vai dar. Tenho que voltar. A Marluce está me esperando.
JOEL – Isso vai acabar em casamento. É melhor sair fora enquanto é tempo.
DONA MARGARIDA – Que conversa é essa, Joel? (TEMPO) O Fábio não é como você que vive enrolando a pobre da Verinha. Fábio é rapaz sério.
JOEL – (FINGINDO-SE DE OFENDIDO) E eu não sou?
A PERDUNTA FICA NO AR. FÁBIO SE DESPEDE, ENTRA NO CARRO E DÁ PARTIDA. JOEL E DONA MARGARIDA SE PREPARAM PARA ENTRAR NO PRÉDIO. DONA MARGARIDA PARECE MUITO HISITANTE.
CORTA PARA:
CENA 7 - INTERNA/DIA - CASA DE BERNADETE - SALA
CASA SIMPLES, MAS BEM ARRUMADA. JOEL E DONA MARGARIDA ESTÃO DIANTE DE BERNADETE. BERNADETE SE MOSTRA MUITO SURPRESA.
BERNADETE – Que novidade é essa? Vocês aqui?
JOEL – (FINGINDO) É que a mãe tava com muita saudade de vocês. Não é, mãe?
DONA MARGARIDA – O quê?
JOEL – A senhora estava com saudade de sua filha desalmada.
DONA MARGARIDA – (DISTRAÍDA) É isso. Eu estava com saudade.
BERNADETE – (DESCONFIADA) Está tudo bem?
JOEL (APRESSANDO-SE EM RESPONDER PARA IMPEDIR QUE DONA MARGARIDA DIGA ALGUMA COISA) Claro que está tudo bem. E por que não haveria de estar?
NINGUÉM FALA MAIS NADA. BERNADETE FICA SEM AÇÃO DIANTE DA MÃE E DO IRMÃO. SÓ CONSEGUE OLHAR PARA AS MALAS, GRANDES DEMAIS PARA UMA SIMPLES VISITA.
CORTA PARA:
CENA 8 - INTERNA/NOITE - CASA DE BERNADETE - SALA
ESTÃO PRESENTES JOEL, DONA MARGARIDA, BERNADETE, OS DOIS FILHOS DELA (UMA MENINA E UM MENINO DE 8 E 10 ANOS).
JOEL – (TENTANDO SER SIMPÁTICO, SE DIRIGINDO AOS SOBRINHOS) Vocês não estavam com saudades da vovó?
MENINO – Estava.
JOEL – E você Jéssica?
MENINA – Eu também.
MENINO – Quem não tava com saudades é o papai.
SURGE UM GRANDE CONSTRANGIMENTO. BERNADETE REAJE NERVOSA.
BERNADETE – O que é isso, Artur? Que história é essa?
MENINO – É verdade. O papai não gosta do tio Joel. Acha que ele é um malandro, cachaceiro.
BERNADETE – Sai daqui, seu pestinha. Vai lá pra dentro, anda.
MENINO – (SAI EMBURRADO) – Não se pode falar nada.
BERNADETE – Essas crianças...
SONPLASTIA DE PORTA SE ABRINDO. ENTRA OZIAS, O MARIDO DE BERNADETE. AO VER JOEL E DONA MARGARIDA REAGE COM ESPANTO.
OZIAS – O que significa isso?
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO
que bacana....o capítulo, passo a passo, cena por sena....gostei...abçs
ResponderExcluirQue legal mesmo, também adorei conhecer os detalhes, as minúcias do preparo de uma cena!
ResponderExcluirAgora preciso ver os capítulos anteriores para acompanhar esta novela!!
Parabéns Julio, o trabalho de escritor e ator é muito bonito e também trabalhoso por demais!!
Abraços e excelente semana!!