Quem você levaria para uma ilha deserta? É bem provável que hoje em dia já não existam tantas ilhas desertas assim à nossa disposição e nem as pessoas usam mais esse tipo de indagação. Isso é coisa do passado. Pois é. O tempo passa. Antigamente, na verdade, nem tão antigamente, essa pergunta era comum.
Separavam-se as pessoas, ainda que de brincadeira, quais você levaria para uma ilha deserta e quais você não levaria. Essa ilha poderia ser um lugar bom ou ruim. Dependia de quem você estava disposto a levar para lá. Caso fosse uma pessoa agradável, é claro, você não só não a levaria para a tal ilha como também ficaria lá fazendo companhia a ela, pois nesse caso o local seria uma cópia do paraíso e você não é bobo (a) nem nada parecido, né? Do contrário...
Particularmente, sempre achei a pergunta divertida, mas nunca cheguei a pensar em quem eu levaria e quem não levaria. Sempre achei que ilhas desertas são lugares inóspitos e que ninguém, nem mesmo os meus possíveis desafetos, mereceriam ser encerrados num lugar distante e sem condições mínimas de sobrevivência, ainda que de beleza descomunal.
Porque, acredito, ilha deserta, por mais paradisíaca que seja, é lugar de desterro. Principalmente, nestes dias de internet e tecnologias avançadíssimas. Ninguém suportaria passar mais que duas horas desconectado do mundo. Sem dúvida, enlouqueceria.
Porém, nos últimos tempos eu tenho pensado muito na tal ilha deserta e cheguei a conclusão que existem sim algumas pessoas que mereceriam passar uma boa temporada por lá totalmente desplugado do mundo. Talvez assim, aprendam a viver em sociedade e a respeitar os direitos dos outros.
Gente que pensa ser dona do mundo, que só tem olhos para o próprio umbigo e que é incapaz de sequer lembrar que não está sozinha, que o mundo, para o bem e para o mal, é a casa de todos. Sim, porque as pessoas estão tão egoístas que agem assim até quando precisam da ajuda dos outros.
Dizem que isso é sinal dos tempos. Prefiro acreditar que talvez seja a ausência deles, os sinais. Estamos todos desnorteados. Ninguém sabe que caminho seguir e resolve criar uma trilha particular. Pensando melhor, acho que não preciso mandar ninguém para uma ilha deserta. Todos estamos nos transformando em ilhas. Ilhas perdidas em oceanos de lixo que fazemos questão de espalhar por onde passamos.
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