Não, eu não estou falando da Babilônia da Bíblia e, sim, de Babilônia, a novela das nove da Globo. Depois de um primeiro capitulo, que eu classifiquei de impecável, a novela não resistiu à primeira cena do segundo capítulo. Ali, ficou claro que aquele joguinho infantil de duas vilãs não teria o menor futuro.
Além, é claro, do fato de que os autores (três, mais dez auxiliares. Nunca vou entender por que tanta gente para fazer algo que basta uma pessoa) resolveram abrir mão do maior trunfo de uma história que é o mistério - nesse caso seria o batido "quem matou", mas que sempre funciona - e mostraram a criminosa tirando a vida de seu amante por uma razão, digamos, fútil. Ou seja, todo mundo sabe o que aconteceu, o resto é pura especulação. Bola fora.
A partir daí, ela passa a negar o crime e a fazer conchavos para mantê-lo em segredo. Essa trama poderia funcionar num filme, numa minissérie de dez capítulos, não numa novela de duzentos capítulos. Isso qualquer um sabe, até os que não sãos autores de novela. Estranho que alguém com a experiência de um Gilberto Braga e mesmo do Ricardo Linhares (dois dos autores principais) não saibam disso.
Para assistir Babilônia, ou qualquer outra novela, você precisa "comprar" a história. Nem precisa ser uma boa história. A prova disso é Império, a antecessor no horário, que tinha uma trama pífia, mas que a gente conseguia assistir com algum interesse.
Acreditar que o público iria compra essa história de uma mulher que mata e nada lhe acontece além de uns poucos aborrecimentos com uma amiga de adolescência que não sai do seu pé e uma filha querendo justiçar o pai poderia cair nas graças do telespectador é demais. O telespectador escreve novelas enquanto assiste e sabe todos os caminhos que uma trama deve seguir, o que interessa e o que não interessa. E esse papo de preconceito é pura mentira. Faz tempo que se vê homossexuais nas novelas e séries de televisão. O assunto está para lá de batido, ou desgastado. A questão é outra.
Talvez seja o pessimismo da novela. Parece que ali nada tem jeito. O mundo está todo perdido e ninguém presta. O que não está longe de ser verdade, mas daí a alguém sentar-se na frente de uma televisão e sentir a mesma angústia que se sente no dia a dia é desesperador. Realidade sim, mas com um fio de esperança, por favor. A novela não tem nenhum personagem que tenha caído nas graças do povo, não tem empatia. Falta um personagem com quem a gente se identifique, alguém que nos conquiste. Infelizmente, a protagonista, a excelente Camila Pitanga, acaba tornando-se chata em sua obsessão em ver na cadeia a assina do pai.
Não se pode esquecer da eterna mania de se escrever "novela de rico" (coisa de Gilberto Braga, poderia se dizer) onde pobre sempre paga mico com suas grossuras e falta de modos. É evidente o "desconhecimento" dos autores sobre a vida na favela e tudo soa artificial. Principalmente, o fato de rico ficar entrando e saindo da comunidade pobre como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Não se pode esquecer da eterna mania de se escrever "novela de rico" (coisa de Gilberto Braga, poderia se dizer) onde pobre sempre paga mico com suas grossuras e falta de modos. É evidente o "desconhecimento" dos autores sobre a vida na favela e tudo soa artificial. Principalmente, o fato de rico ficar entrando e saindo da comunidade pobre como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Pena. Porque é uma produção bem cuidada (o padrão Globo), bom atores, mas a trama derrapa. De bom apenas o fato de ver que temos belos e competentes atores negros. Nunca se viu tantos reunidos numa mesma novela. Provavelmente, seja a única coisa que merece elogio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário