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setembro 18, 2016

Minha mãe não pode saber.

Resultado de imagem para imagem de ações de caridadeApós vários anos trabalhando como voluntário distribuindo comida nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, eu já vi as pessoas refutarem a esse tipo de trabalho de diversas maneiras depreciativas. Algumas alegam que as pessoas que vivem nas ruas ali estão porque se recusam a levantar todos os dias pela manhã para encarar o batente, ou seja, por pura vagabundagem. 
Outras admitem que a sua situação do país está mesmo difícil, mas que elas não têm nada a ver com isso. É problema do governo. O governo é que tem a obrigação de cuidar dos indigentes e famintos. É para isso que pagam altos impostos.
Há também as que acham errado dar comida ou qualquer outro tipo de ajuda. Esta atitude, segundo elas, faz com que muitos permaneçam nas ruas e delas não queiram mais sair.
- Se encontram vida boa, o que mais vão querer? - perguntam.
Muitos chegam a ser agressivos e nos acusam de estar estimulando a vadiagem, a bandidagem e o crime. Até a polícia nos vê com maus olhos e algumas vezes chegaram a tentar nos coibir com o argumento de que estamos atrapalhando o serviço deles. 
Seja como for, a intenção deste post não é exatamente falar das dificuldades que as pessoas que trabalham com o que se acostumou chamar de caridade enfrentam. Problemas sempre existem em todos os lugares e neste caso não seria diferente. 
O que quero é falar do preconceito que existe com este ripo de trabalho vindo das pessoas que convivem com os voluntários. Muitas tentam impedir ou proibir o familiar de participar usando aqueles mesmos velhos argumentos já citados acima. Principalmente, maridos, esposas, namorados, filhos, amigos próximos e colegas de trabalho.
Outro dia, ouvimos uma desculpa de uma pessoa que justificou sua ausência na distribuição dizendo que sua mãe não podia saber que ele fazia parte de um grupo de distribuição de alimento. Essa mãe jamais admitiria que seu filho tivesse contato com pessoas de rua pensando, acredito, por tratarem de pessoas perigosas que poriam em risco a vida de seu filho.
Nós que fazemos esse tipo de trabalho o fazemos por acreditar que, antes de qualquer coisa, são pessoas famintas e necessitadas de apoio de compreensão. Se são bandidas, preguiçosos, exploradores da boa-fé de pessoas de bom coração, não podemos dizer e nem cabe a nós julgar. Não dá para imaginar que alguém more na rua por livre escolha. O que leva uma pessoa a viver nas ruas são outros fatores. 
Desculpem estar tratando desse assunto aqui, mas eu não podia deixar de falar. Fiquei muito chocado com isso. Em pleno século vinte e um ainda vivemos como se fossemos superiores uns aos outros e separados por castas que não podem ter contato. 
Prefiro pensar que essa mãe tenha apenas se equivocado e não saiba o verdadeiro sentido da palavra caridade.

Bom domingo.

setembro 11, 2016

Atores em tempo integral.

Resultado de imagem para máscaras de teatroCheguei a conclusão que somos todos atores em tempo integral e que vivemos num palco, às vezes iluminado, às vezes na penumbra ou até sem luz alguma, em plena escuridão. Eu sei que você vai dizer que isso não é verdade, pois procura sempre agir de forma coerente e sem vacilações. Se assim for, sorte sua.
O que vejo por aí é muita representação cênica e muito pouco de verdadeiro e genuíno.
Em sociedade, convencionou-se que nunca devemos ser nós mesmos, que nunca devemos mostrar a nossa alma verdadeira, os nossos pensamentos e opiniões. O importante é agradar e nem sempre agradamos quando falamos aquilo que realmente pensamos.
Para viver dentro desse esquema de nunca sermos verdadeiros, lançamos mão de personagens: o amigo compreensivo que nunca faz críticas, o bonzinho, o camarada, aquele que concorda com tudo e com todos sem nunca revelar o que realmente está pensando. Isso é o que se espera de nós no trabalho, no clube, na praia, na igreja, na política, nos esportes e onde quer que o convívio seja necessário e imprescindível. 
Dar opinião contrária ou usar de sinceridade é definitivamente proibido. Para os que infringem está lei a pena é severa e pode variar entre o banimento do grupo e o processo judicial. É isso mesmo. Falar a verdade muitas vezes gera processo. É preciso ficar alerta e pensar muito bem antes de falar qualquer coisa ou ter qualquer atitude fora do padrão.
Os personagens são a melhor saída para não se meter em confusão. Assuma uma personalidade agradável, otimista. que só fala coisas boas, amenas, construtivas e evite discussão de qualquer natureza. Pintou alguma diferença, saia de cena (afinal isso é um palco ou não é?) ou simplesmente cale-se.  
Nem pense em interpretar personagens desagradáveis que vivem reclamando de tudo e de todos e que dizem o que bem entendem. Esses personagens são malvistos e odiados. Vilões só fazem sucesso no cinema e na televisão. Na vida real, só os bonzinhos e os cordatos têm vez.
Fique atento aos assuntos proibidos. Religião, futebol e política estão entre os principais. Mas diversidade sexual também é bom evitar. Você nunca sabe se está falando com uma mente aberta e esclarecida ou com  empedernido conservador. É preciso ficar de olho. Esses assuntos podem criar muito embaraço e dor de cabeça.
E nunca se esqueça de sair de casa com o personagem bem ensaiado e nada de fazer feio. Afinal de contas, você quer viver sua vidinha sem se estressar, não é? Só não se esqueça que saber improvisar também é necessário.

Bom domingo.

setembro 04, 2016

Força espiritual.

Resultado de imagem para imagens de força espiritualDiferente da força física, que se demonstra através da superioridade sobre os mais fracos, a força espiritual se demonstra pela humildade, pela resignação e até pela humilhação, que podem ser traduzidas como a superioridade de diante dos mais fortes..
Diante das leis que imperam no mundo em que nós vivemos é humilhante não devolver com a mesma moeda uma afronta recebida. Entendem que esse tipo de atitude nos diminuem diante daqueles que nos ofenderam e o certo é "pagar com a mesma moeda".
É difícil acreditar que apesar de estarmos no século vinte e um muita gente ainda pense dessa maneira tão primitiva e preguem a violência e a força bruta como meio de resolver os conflitos quando, através do diálogo e da boa conversa poderia se chegar a melhor e mais durável entendimento.
Infelizmente, não aprendemos a usar o tom conciliador, a desculpar o outro sem querer revidar, sem querer vingança. O caminho do perdão ainda nos é espinhoso, temos sempre a impressão de que se perdoarmos o outro ficaremos fracos diante dele ou diante da sociedade como um todo.
Esse é o nosso maior erro. Nossas vidas seriam muito mais fáceis, se diante de uma voz alterada e agressiva assumíssemos o tom suave e calma de quem sabe que o outro está fora de si e que não está pensando e agindo de forma razoável. Uma atitude calma e serena não só nos livra de sérios aborrecimentos, como demonstra o nosso controle sobre as nossas emoções e a nossa força espiritual.  
Quando alguém nos ofende, humilha ou hostiliza devemos sorrir e seguir adiante e não tentar devolver a ofensa, humilhação ou hostilização sofrida. Nesse momento é que descobrimos se a nossa caminhada está sendo de aprendizado ou se ainda estamos presos às leis e regras do tempo em que humanidade vivia nas trevas do conhecimento.
Nesse nosso tempo, quando já não podemos mais dizer que vivemos na total escuridão, nossas ações devem ser marcadas pelo bom senso, pela presença de espírito e pela certeza de que os humilhados (os mansos de coração)  serão exaltados.

Bom domingo.

agosto 28, 2016

Reciprocidade.

Resultado de imagem para imagem de reciprocidadeÉ muito comum as pessoas questionarem que depois de muito ajudarem alguém não receberam igual tratamento quando passaram por dificuldades. Afirmam, bastante amarguradas e decepcionadas, que a própria pessoa que recebeu sua ajuda foi a primeira a lhes virar as costas. Muitos acabam por decidir nunca mais ser solidário com ninguém e passam a pregar o egoísmo e a indiferença.
Isso é muito triste e denota desconhecimento de algumas das "leis" da vida. Primeiro, devemos fazer o bem sem olhar a quem nem esperar recompensas. Que a nossa mão direita não saiba o que faz a esquerda, diz o provérbio. Segundo, nem sempre aquela pessoa a quem fazemos o bem é quem vai nos retribuir a gentileza nos ajudando num momento de necessidade. Essa ajuda virá, quase sempre, de onde nós mesmos esperamos. Assim como, provavelmente, aquela pessoa que recebeu a nossa ajudar não esperava ser ajudada por nós, pois, certamente, fizera o bem para uma outra pessoa..
Portanto, não devemos ficar tristes ou mesmo decepcionados por não receber a reciprocidade esperada nem achar que aquela pessoa é mal agradecida e não é merecedora de ajuda. Antes, devemos ficar felizes por isso. Mostra-nos claramente que nada deve ser feito visando receber a recompensa no futuro. A ajuda e assistência que prestamos aos outros devem ser feitas baseadas na lei do amor ao próximo e desprendida de qualquer interesse  sem olhar a quem. Nunca se sabe de onde a solidariedade virá.
Se alguém foi merecedor da nossa ajuda é porque fez alguma coisa que a credenciou para isso. Em algum momento, ela fez o mesmo por alguém e nós fomos o escolhidos por retribuir-lhe a boa ação realizada. É assim que Deus entrelaça o seu povo formando uma corrente de amor e solidariedade que une todo o planeta.

Bom domingo.

agosto 21, 2016

Paz em nós.

Resultado de imagem para imagem da pazTodos somos unânimes em dizer que tudo o que desejamos é que o mundo seja um lugar bom de se viver, onde todos, sem exceção, vivam em paz. Para isso, somos capazes de vestir camisas brancas, empunhar faixas e ir para o meio da rua em caminhadas, corridas, abraços e mais o que for possível, ou esteja na moda, para reivindicar esse nosso sagrado direito.
Tudo isso, sem dúvida, é muito legítimo. Temos mesmo que lutar por aquilo que tanto queremos e necessitamos para viver. O que causa estranheza é o fato de que colocamos toda a responsabilidade pela paz no mundo nas outras pessoas. Parece que nós somos as únicas pessoas pacificas que existem e que o mal e a desordem são criados pelos outros.
Sabemos que isso não é verdade. Antes de sair às ruas fazendo protestos em nome da paz devemos fazer um exame de consciência para saber se nós somos mesmo agentes dessa paz que tanto pedimos ou se também precisamos ser "pacificados".
Uma caminhada, seja pela paz ou não, é sempre uma boa coisa. Principalmente para a saúde do nosso corpo. Mas ninguém precisa disso para pacificar o mundo. A paz deve existir primeiro dentro de nós. É de dentro de nós que ela deve sair para contagiar quem vive ao nosso lado, a nossa comunidade, a cidade onde vivemos, o país para, então, ganhar o mundo sem que sejam necessários grandes eventos.
A paz é algo que se conquista passo a passo, gota a gota. Não adianta organizarmos grandes encontros em nome dela, se quando estamos sozinhos mantemos o nosso coração cheio de raiva, intolerantes, preconceituosos, incessíveis aos problemas dos outros e incapazes de um gesto humanidade.
Para que haja paz no mundo e preciso que, antes de qualquer coisa, exista paz em nós, dentro dos nossos corações e mentes. Pessoas raivosas, ressentidas, vingativas não têm paz nem podem dar paz aos outros. Pacifiquemo-nos. É assim que nasce a paz no mundo.

Bom domingo.

agosto 14, 2016

A questão das diferenças e as olimpíadas.

É inegável que a humanidade deu um grande salto nos últimos cem anos através de inventos e descobertas que vieram para facilitar a vida de todo mundo encurtando distâncias, trazendo progresso para lugares antes condenados ao atraso e ao abandono e muito mais coisas que talvez seriam impossíveis de relacionar.
No entanto, todas esses inventos e descobertas não foram capazes de acabar com o pior dos males de nossa sociedade: o preconceito. Essa mácula que segrega, inferioriza, nega direitos e até, em muitos casos, a liberdade, condenando pessoas por causa da cor de sua pele, origem racial, sua opção sexual, orientação religiosa, posição política e muito mais.
Dia chegará que será praticamente proibido dar a nossa opinião. Já vemos isso acontecer sistematicamente na internet. Basta que alguém manifeste seu pensamento para que, em seguida, sofra verdadeiro linchamento.
Muitas vezes, é claro, tratam-se de reações legítimas. Até porque muitos têm usado as facilidades que as novas tecnologias trouxeram para espalhar ideias racistas, xenófobas, homofóbicas e todo tipo de intolerância.  Isso, sem dúvida, precisa ser combatido.
O problema é que estamos todos perdendo a mão. Ao tentar defender algum tipo de preconceito acabamos também sendo preconceituosos ou violentos demais. É o caso, por exemplo, da intolerância política que vivemos no Brasil nesses tempos. O que vemos é agressão de todos os lados e ninguém preocupado em respeitar as posições do outro, como se pensar diferente fosse crime.
Ninguém é criminoso (a) por pensar diferente de nós, por ter uma opção sexual diferente da nossa, por crer em coisas que não cremos, por ser estrangeiro (a), por ser de uma raça diferente da nossa ou por não ter a mesma cor da nossa pele. Isso são apenas diferenças. Diferenças que, ao contrário do que se possa crer, fazem esse nosso mundo melhor.
É exatamente por sermos, em geral, tão diferentes que o mundo fica mais suportável de viver. A diversidade de povos, costumes, religiões, opções sexuais, pensamento é que torna esse mundo incrível que ele é.
Para se certificar disso, basta dar uma olhada nas olimpíadas que ora acontecem no Rio de Janeiro. Essa é a prova de que o bom mesmo é sermos todos diferentes. É isso que nos aproxima. Infelizmente, muitos ainda não pensam assim.

Bom domingo.


 

julho 31, 2016

O real e o virtual.

Resultado de imagem para imagem real e virtual diferençaEstamos, sem dúvida, vivendo um tempo em que o virtual ganha mais e mais espaço na vida das pessoas. Poucos são aqueles que não fazem parte de uma rede social como facebook, instagran. linkedin e muitas outras. Há quem participe de todas ao mesmo e se gabe de ter milhares de seguidores com os quais tem uma ligação que costumam chamar de amizade.
Num primeiro olhar, parece tudo muito bem. Pode-se até acreditar que a internet veio mesmo para acabar com as distâncias e aproximar de vez as pessoas. Qualquer um em qualquer lugar do mundo pode se comunicar instantaneamente dependendo apenas de um computador ou aparelho de celular. 
Viva a modernidade, não é mesmo? Finalmente, chegamos ao futuro, dizem alguns. Porém, parece que não temos muito o que comemorar. Como tudo, a internet e suas redes sociais têm dois lados. Se por um deles, acabaram-se as distâncias e outras barreiras que isolavam pessoas, por outro tem nos levado a perder o pé da realidade.
Sim, o virtual cresceu tanto que tem tomado o lugar do real. Hoje, já não sabemos mais o que de fato está acontecendo e o que é pura invenção., ou seja, o que é virtual. E isso vale principalmente para as notícias que são divulgadas, os produtos que são oferecidos, os feitos heroicos. Parece que estamos vivendo em um mundo à parte.
Será que isso é realmente benéfico? Nossas crianças são criadas para acreditar num mundo de vídeo games onde se mata o inimigo ou vence barreiras apenas apertando um botão e terminado o jogo começa-se outro sem nenhuma consequência maior.
Por outro lado, alguns adultos criam identidades fakes nas redes sociais onde dizem serem o que não são ou dão opinião devastadoras sobre assuntos sérios com o único intuito de disseminar preconceito contra minorias se fazendo valer do anonimato.
Talvez tudo isso aconteça pela necessidade que as pessoas têm de fugir da realidade hostil que as cerca. Mas não se pode deixar de se pensar que este é um caminho perigoso. Se podemos tudo no mundo virtual sem ter que responder pelos nossos atos, e isso sem dúvida é bastante sedutor, no real temos que prestar contas do que fazemos.
O problema é que os crimes virtuais como preconceitos de todo gênero, pedofilia, aliciamentos de toda sorte, golpes os mais diversos não ficam só no plano do imaginário. Eles atingem pessoas e provocam danos muitas vezes irreparáveis.
Ninguém duvida que as novas tecnologias trouxeram avanços inimagináveis para a humanidade, mas também trouxeram novos e graves problemas. É preciso separar o real o virtual. Por mais que o virtual nos dê a possibilidade do sonho, precisamos manter o pé firme no real.

Bom domingo.