Cheguei a conclusão que somos todos atores em tempo integral e que vivemos num palco, às vezes iluminado, às vezes na penumbra ou até sem luz alguma, em plena escuridão. Eu sei que você vai dizer que isso não é verdade, pois procura sempre agir de forma coerente e sem vacilações. Se assim for, sorte sua.
O que vejo por aí é muita representação cênica e muito pouco de verdadeiro e genuíno.
Em sociedade, convencionou-se que nunca devemos ser nós mesmos, que nunca devemos mostrar a nossa alma verdadeira, os nossos pensamentos e opiniões. O importante é agradar e nem sempre agradamos quando falamos aquilo que realmente pensamos.
Em sociedade, convencionou-se que nunca devemos ser nós mesmos, que nunca devemos mostrar a nossa alma verdadeira, os nossos pensamentos e opiniões. O importante é agradar e nem sempre agradamos quando falamos aquilo que realmente pensamos.
Para viver dentro desse esquema de nunca sermos verdadeiros, lançamos mão de personagens: o amigo compreensivo que nunca faz críticas, o bonzinho, o camarada, aquele que concorda com tudo e com todos sem nunca revelar o que realmente está pensando. Isso é o que se espera de nós no trabalho, no clube, na praia, na igreja, na política, nos esportes e onde quer que o convívio seja necessário e imprescindível.
Dar opinião contrária ou usar de sinceridade é definitivamente proibido. Para os que infringem está lei a pena é severa e pode variar entre o banimento do grupo e o processo judicial. É isso mesmo. Falar a verdade muitas vezes gera processo. É preciso ficar alerta e pensar muito bem antes de falar qualquer coisa ou ter qualquer atitude fora do padrão.
Os personagens são a melhor saída para não se meter em confusão. Assuma uma personalidade agradável, otimista. que só fala coisas boas, amenas, construtivas e evite discussão de qualquer natureza. Pintou alguma diferença, saia de cena (afinal isso é um palco ou não é?) ou simplesmente cale-se.
Nem pense em interpretar personagens desagradáveis que vivem reclamando de tudo e de todos e que dizem o que bem entendem. Esses personagens são malvistos e odiados. Vilões só fazem sucesso no cinema e na televisão. Na vida real, só os bonzinhos e os cordatos têm vez.
Fique atento aos assuntos proibidos. Religião, futebol e política estão entre os principais. Mas diversidade sexual também é bom evitar. Você nunca sabe se está falando com uma mente aberta e esclarecida ou com empedernido conservador. É preciso ficar de olho. Esses assuntos podem criar muito embaraço e dor de cabeça.
E nunca se esqueça de sair de casa com o personagem bem ensaiado e nada de fazer feio. Afinal de contas, você quer viver sua vidinha sem se estressar, não é? Só não se esqueça que saber improvisar também é necessário.
Bom domingo.
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