O que quero fazer é falar dos nossos muitos enganos, da nossa (minha, em particular) ingenuidade diante da vida. E essa ingenuidade, que muita gente pode classificar de pretensão ou até coisa pior, se dá de forma mais forte, sem dúvida, quando se é jovem.
Na juventude, além de acreditarmos que tudo vai durar para sempre, inclusive a própria juventude, somos levados a pensar que não existe um amanhã. No máximo, aceitamos que, se existe, ele está muito longe de acontecer. Até chegar o tal "amanhã", muita coisa ainda vai acontecer e esse tempo, numa cabeça jovem, toma ares de infinito.
Bom seria se assim fosse, não é? Viveríamos jovens e felizes para sempre. O tal amanhã, porém, um belo dia, dá o ar da graça e descobrimos que o "pra sempre acabou". A utopia da eterna juventude se desfez e temos que conviver com a realidade da finitude não somente das coisas, mas a nossa própria finitude.
Duramente, descobrimos que as amizades se desfazem com o tempo, que os amores acabam, que as pessoas mudam, que nós também mudamos todos os dias. As crenças que tínhamos mudam, ficamos mais isso ou menos aquilo. Sem se tornar outra pessoa, vale lembrar..
É nesse momento que, sem nenhuma melancolia, podemos olhar para trás e dar boas risadas de nós mesmo, pois vemos o quanto estávamos enganados ao sustentar essa ou aquela posição, por ver problema em coisas que tão banais, por acreditar em coisas tão estupidas.
Também, nesse momento, descobrir o quanto foi importante passar por tudo aquilo, o quanto foi importante quebrar a cabeça, a cara, o corpo inteiro. Se não fosse isso a risada que você dá hoje não teria a mesma sonoridade.
Ao contrário, hoje você estaria lamentando ter querido ser adulto antes do tempo e de não ter dado chance a si mesmo de experimentar, de errar para no final das contas poder contabilizar uns poucos, mas generosos, acertos..
Nenhum comentário:
Postar um comentário