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março 31, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 6

A saga de Joel continua.


SÓ A VIDA ENSINA

Capítulo 6

CENA 1 - INTERNA/DIA - CASA DE BERNADETE - SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 8 DO CAPÍTULO 5
OZIAS ESTÁ DE PÉ NO CENTRO DA SALA. QUANDO ELE ENTROU TODOS SE LEVANTARAM,. BERNADETE NÃO CONSEGUE DISFARÇAR SUA PREOCUPAÇÃO. ARTUR ENTRA CORRENDO E ABRAÇA O PAI.

JOEL – Que é isso, Ozias? Isso é maneira de receber seu cunhado e sua sogra?

OZIAS – (TRANSTORNADO) Cunhado!? Como você tem coragem de voltar aqui, seu canalha?

BERNADETE – Calma, Ozias. O Joel e a mãe só vieram aqui para nos fazer uma visita. Eles nem pretendem ficar, não é?

A PERGUNTA FICA NO AR UM TEMPO. DONA MARGARIIDA FAZ SINAL PARA JOEL FALAR ALGUMA COISA.

DONA MARGARIDA – Fala, Joel. Se você não fala, falo eu.

JOEL – Pode deixar, mãe. Eu falo.

OZIAS – Vem bomba aí.

BERNADETE – Espera, Ozias. Deixa o Joel falar. (CONCILIADORA) Por que a gente não senta? (SAINDO) Eu vou preparar um café.

OZIAS – Nada disso, Bernadete. Vamos primeiro ouvir o que o seu irmão tem a dizer.

BERNADETE PERMANECE NA SALA. TODOS SENTAM.

OZIAS – E então...

JOEL – Sabe o que é... Eu tive aí uns contratempos. Perdi o emprego e tivemos que entregar o apartamento. A gente, eu e a mãe... A gente tá, temporariamente, sem onde morar. Essa que é a verdade.

BERNADETE – O quê?

OZIAS – Vê se eu entendi... Vocês estão sem ter onde morar e então resolveram se aboletar aqui na minha casa?

JOEL – É só por uns tempos...

OZIAS – Uns tempos!?

JOEL – Vê se dá pra você esquecer as mágoas do passado, cunhado. Eu sei que eu sempre aprontei muito, mas eu tô mudado, não é mãe? (TEMPO) A vida ensina a gente, Ozias. Você tem razão. Tá mais que na hora de eu criar juízo. Tô disposto a correr atrás de emprego. Você vai ver. Em pouco tempo tô empregado de novo e aí é vida nova.

OZIAS – Até isso acontecer, se acontecer, eu é que pago o pato. (SAINDO DA SALA) Era só o que me faltava. (SAI)

CORTA PARA:

CENA 2 - INTERNA/DIA - CASA DE BERNADETE -  SALA
APÓS O JANTAR, TODOS ESTÃO REUNIDOS. OZIAS PUXA BERNADETE PARA UM CANTO.

OZIAS – Você tem que dar um jeito nisso.

BERNADETE – O que você quer que eu faça? É meu irmão, é minha mãe... Não dá para fechar as portas assim. Será que não dá para você entender, Ozias?

OZIAS – Não. Eu não entendo. (TEMPO) Eu não quero esse pilantra aqui em casa misturado com nossos filhos. Eu entendo que é seu irmão, mas você sabe que ele não presta. Se tá nessa situação é porque nunca teve responsabilidade.  Sempre botou fora tudo o que ganha, além de torrar o dinheiro da pensão de dona Margarida.

BERNADETE – É por ela que eu tô preocupada. (TOM) Eu não posso deixar minha mãe na rua.

CORTA PARA:

CENA 3 - INTERNA/DIA. - CASA DE BERNADETE -  SALA.
BERNADETE ESTÁ DIANTE DE JOEL E DONA MARGARIDA. BERNADETE ESTÁ NERVOSA, AFLITA.

DONA MARGARIDA – Senta, Bernadete. Assim você vai passar mal.

JOEL – Parece que a Dete não tem notícia boa pra gente, né, Dete?

BERNADETE – Tenta entender, Joel. (TEMPO) O Ozias não consegue esquecer as vezes que você aprontou com ele.

JOEL – (LEVANTANDO-SE PARA PEGAR AS MALAS QUE AINDA ESTÃO NA SALA) Já entendi tudo. Estamos sendo colocados no meio da rua. (TOM) Vamos embora, mãe.  Sua filha tá fechando a porta na nossa cara.

BERNADETE – Não é nada disso.

JOEL – Então o que é?

BERNADETE – O Ozias disse que a mãe pode ficar. (TEMPO) Você se arranja melhor, Joel. É homem, sabe se virar. A casa é muito pequena pra tanta gente. Os meninos estão crescendo... Olha, você pode fazer as refeições aqui, só não pode ficar morando.

JOEL – Tudo bem, Bernadete. (TOM) E pensar que eu sempre tive a maior consideração por você. (PARA A MÃE) Fica aí, mãe. É só eu conseguir um emprego que eu volto para te buscar.

DONA MARGARIDA – Para onde você vai, filho?

JOEL – Eu me viro. (PEGA UMA MALA, DESPEDE-SE DA MÃE E SAÍ. BERNADETE ABRAÇA A MÃE QUE CHORA AO VER O FILHO PARTIR.)

CORTA PARA:

CENA 4 - INTERNA/NOITE - CORREDOR DE UM PRÉDIO - PORTA DE UM APARTAMENTO
JOEL ESTÁ DE PÉ TOCANDO A CAMPAINHA. A PORTA SE ABRE E SURGE FÁBIO. ESTÁ VESTIDO APENAS DE CALÇÃO.

FÁBIO – (SURPRESO) O que você está fazendo aqui, Joel?

JOEL – O cunhadinho bíblia não me quer na casa dele. Acha que vou desencaminhar os filhos dele.

FÁBIO – E não é para menos, né, Joel? Você sempre aprontou muito com ele.

JOEL – Aquele babaca! Vai ver. É só as coisas melhorarem que eu pego ele de jeito. (TEMPO) E aí, não vai me convidar pra entrar? Acho que sobrou pra você, amigo. Tenho que ficar aí uns dias.

FÁBIO – ( SEM JEITO) Sabe o que é, Joel?...

JOEL – Vai negar ajuda pro seu amigo, vai?

FÁBIO – Não é isso, cara. É que a Marluce...(TEMPO) Acho que eu esqueci de te dizer. A gente tà morando junto.

JOEL – Não vai me dizer que se deixou cair na armadilha?

FÁBIO – Isso aí, Joel. A Marluce é uma garota legal e já estava passando da hora da gente se juntar. (TEMPO) E o apartamento é muito pequeno. Não dá. Você entende?

SEM DAR RESPOSTA, JOEL PEGA SUA MALA E SAI. FÁBIO O OBSERVA SE DISTANCIANDO.

CORTA PARA:

CENA 5 - INTERNA/NOITE - BAR NO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
 SENTADO NO BALCÃO, COM SUA MALA DO LADO, JOEL BEBE UMA CERVEJA.

JOEL – (CONSIGO MESMO) Veja aonde você chegou, Joel. E agora? Até o Fábio, que se dizia ser seu melhor amigo, fechou as portas pra você. E tudo isso por quê? Por causa da Marluce. Fábio se deixou amarrar pela Marluce. Era só o que faltava. Se bem que... (FICA PENSANDO DURANTE UM TEMPO) Eu também... Ora, ora. Por que eu não pensei nisso antes?

TOMADO POR UMA INESPERADA ANIMAÇÃO, JOEL PAGA A CONTA E SAI DO BAR LEVANDO SUA MALA.

CORTA PARA:

CENA 6 - EXTERNA/DIA - PORTA DO SALÃO ONDE VERINHA TRABALHA
JOEL E VERINHA CONVERSAM

VERINHA – Já falei que a minha patroa não gosta que a gente receba visitas aqui?

JOEL – Essa sua patroa é muito chata. (TENTA ABRAÇAR VERINHA) Vem cá, meu amor.

VERINHA – (AFASTANDO-SE DE JOEL) Sai pra lá.

JOEL – (SENTIDO) Pô! Eu aqui cheio de amor pra dar e você me rejeita?

VERINHA – Aqui não é lugar disso. Já falei.

JOEL – Tá bom. (TEMPO) Que tal se a gente saísse hoje à noite?

VERINHA – Você convida, mas sempre me dá o bolo.

JOEL – Hoje vai ser diferente. Pego você às oito, combinado?

VERINHA – Combinado.

ELES SE DESPEDEM E VERINHA ENTRA. JOEL SAIU CAMINHADO TODO ANIMADO.

CORTA PARA:

CENA 7 - INTERNA/NOITE - UM BAR FREQUENTADO POR CASAIS
JOEL E VERINHA ESTÃO NUMA MESA.

VERINHA – Pra que tudo isso, Joel? Você nunca me trouxe num bar desses. Ganhou na loteria, foi?

JOEL – (GALANTE) Que nada! (TOM) Eu tô é apaixonado.

VERINHA – Apaixonado?

JOEL – Não sei como nunca percebi a mulher maravilhosa que você é.

VERINHA (ENCAMBULADA) Para com isso, Joel. Tá todo mundo olhando.

JOEL – Deixa que olhem. Eles estão com inveja do nosso amor.

OS DOIS SE BEIJAM APAIXONADAMENTE.

CORTA PARA:

CENA 8- EXTERNA/DIA - SUBÚRBIO. PORTA DA CASA DE VERINHA.
JOEL E VERINHA ESTÃO NO PORTÃO TROCANDO BEIJOS.

JOEL – Não vai me convidar para entrar?

VERINHA – Está tarde.

JOEL – Para dois apaixonados não existe hora, existe?

OS DOIS TROCAM MAIS ALGUN BEIJOS E ENTRAM NA CASA.

CORTA PARA:

CENA 9- INTERIOR/NOITE - CASA DE VERINHA -  QUARTO
JOEL E VERINHA ESTÃO DEITADOS NA CAMA.  

JOEL – Eu te amo, Verinha.

VERINHA – Eu também te amo, Joel.

JOEL – Você é a mulher da minha vida.

OS DOIS FAZEM AMOR, ARDENTEMENTE.

CORTA PARA:

CENA 10 - INTERIOR/NOITE - CASA DE VERINHA - QUARTO
APÓS FAZEREM AMOR, JOEL E VERINHA PERMANECEM DEITADOS.

VERINHA – Seria tão bom se fosse sempre assim...

JOEL – Nossa felicidade pode durar para sempre.

VERINHA – Como?

JOEL – Quer se casar comigo?

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO


março 28, 2013

Não dê bola para a tristeza que ela passa.

     Já se perguntou alguma vez o  que você precisa fazer quando está muito feliz? Se você se fez essa pergunta, provavelmente respondeu que simplesmente se deixa levar pelo sentimento de felicidade, que não é necessário mais nada além de disso.
     Agora, se a pergunta for o que você faz quando está triste, vai ficar surpreso ao descobrir que a tristeza, a raiva, o ódio , o rancor diferentes do amor, da felicidade , da paz eles precisam ser alimentados.  Nós só conseguimos ficar, por exemplo,  muito tristes se  a gente der vazão a essa tristeza. A tristeza sozinha não age sobre nós. Você tem que, digamos, dar confiança para ela. Do contrário, ela passa batido.
     Os sentimentos tidos como inferiores não nos vêm de maneira natural. Nós precisamos alimentar a nossa mente com aquilo, através do pensamento e quanto mais mais força dermos ao pensamento de tristeza mais tristes vamos ficar. 
     Experiente fazer essa observação. Você vai descobrir que só está triste porque passou o dia inteiro alimentando um pensamento de tristeza. É claro que a mesma experiência pode ser feita com qualquer outro sentimento que nos deixa "para baixo". Estou usando a tristeza apenas como exemplo.
     Além de ficar claro que esses sentimentos não fazem parte da nossa natureza, da nossa essência, ainda, deixando de alimentá-los, estamos livrando o nosso corpo de suas toxinas. Pois todos sabemos que esses sentimentos são nocivos aos órgãos do nosso corpo.
     Portanto, nada de ficar repetindo que é a pessoa mais infeliz do mundo e que aquele mal que te fizeram merece que você sofra desse ou daquele tanto. Porque seja qual for o mal, a tristeza, a dor que te causaram, alimentar sentimentos negativos é a pior solução, sentir-se mortalmente ofendido, pior ainda.
     Deixe esses sentimentos seguirem o curso deles. Não os exacerbe, não os retenha com você, não os cultive. Deixe que eles sigam com o um rio e vá desaguar em praias distantes onde serão  transformados em coisas melhores. 

março 24, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 5


Com vocês mais um capítulo da nossa novelinha.

SÓ A VIDA ENSINA

Capítulo 5


CENA 1 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL – SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 4
ELMIR CONTINUA PARADO NA PORTA. DONA MARGARIDA ESTÁ À SUA FRENTE.

DONA MARGARIDA – O senhor está me assustando, seu Elmir.

ELMIR – Eu posso entrar? É que um assunto desses não deve ser falado assim no corredor, a senhor entende?

DONA MARGARIDA – Claro. (TOM) Entra, seu Elmir. O senhor aceita um café?

ELMIR – (ENTRANDO) Obrigado, dona Margarida. A conversa vai ser rápida. É que a portaria ficou sozinha... (TEMPO) O assunto que me traz aqui diz respeito ao seu filho, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – O que tem o Joel?

ELMIR – Ele me fez um pedido...

DONA MARGARIDA – Ele andou pedindo dinheiro emprestado ao senhor?

ELMIR – Não. (TEMPO) Ele quer que eu minta pra senhora.

DONA MARGARIDA – Mentir? Que história é essa, seu Almir?

ELMIR – É a respeito do apartamento. (TOM) Teve um oficial de justiça aqui. (HESITANTE) É uma ação de despejo. A senhora vai ter que deixar o apartamento dentro de dois dias.

DONA MARGARIDA – O quê? (CAI DESMAIADA.)

ELMIR – (DESESPERADO) Dona Margarida, dona Margarida...

CORTA PARA:

CENA 2 - INTERIOR/DIA -  CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ DEITADA NO SOFÁ TENDO ELMIR AO SEU LADO. JOEL ENTRA CORRENDO.

JOEL – O que foi que aconteceu?

ELMIR – Eu tava conversando com ela, de repente ela caiu desmaiada.

JOEL – O que você andou falando pra ela, seu boca mole?

ELMIR – Eu não podia continuar escondendo dela a verdade, seu Joel.

JOEL – Sai daqui, antes que eu lhe parta a cara, seu Elmir. Porteiro atrevido, filho da mãe.

ELMIR – (SAINDO) Dona Margarida não merece o que o senhor faz com ela. Ela é uma santa mulher.

JOEL – (GRITA) Sai daqui.

ELMIR – (SAI)

DONA MARGARIDA – O quê? (VENDO JOEL) Que situação humilhante, filho. Isso nunca me aconteceu na vida. (TOM) Diz que isso não é verdade, Joel.

JOEL – Tá tudo bem, mãe. Esse porteiro é um intrigante. (SEM CONVICÇÃO) Eu vou dar um jeito, a senhora vai ver.

CORTA PARA:

CENA 3 - EXTERIOR/DIA - BANCO DE UMA PRAÇA
JOEL E FÁBIO ESTÃO SENTADOS.

FÁBIO – Quer dizer que o porteiro deu com a língua nos dentes?

JOEL – O filho da mãe esperou que eu saísse e foi lá encher a cabeça dela com intriga.

FÁBIO – Se bem que ele acabou lhe prestando um favor. Mais cedo ou mais tarde ela teria que ficar sabendo mesmo.

JOEL – É verdade. (TEMPO) Pelo menos agora ela tá sabendo de tudo. Acabou a mentira.

FÁBIO – Qual é a data do despejo?

JOEL – Amanhã.

FÁBIO – O que você pretende fazer?

JOEL – Não faço a menor ideia.

FÁBIO – (TEMPO) E aquela sua irmã, a Bernadete?

JOEL – O que tem ela?

FÁBIO – Será que ela não pode lhe ajudar. Afinal de contas, a mãe dela está no meio disso tudo.

JOEL – (ANIMADO) Sabe que você tem razão. A Bernadete não pode negar ajuda pra sua própria mãe.
CORTA PARA:

CENA 4 - INTERIOR/DIA CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ SENTADA NO SOFÁ. TELEVISÃO ESTÁ DESLIGADA. JOEL CHEGA, VINDO DA RUA. ESTÁ SOBRIO.

JOEL – Que cara triste é essa. mãe?

DONA MARGARIDA – Como queria que eu estivesse? Não dá pra estar feliz com uma ordem de despejo nas costas.  (TEMPO) E pensar que eu colocava todo o dinheiro da minha pensão na sua mão pra você pagar as contas... (TOM) Você me traiu, Joel. Não se faz isso com uma mãe.

JOEL – Calma, mãe. (TEMPO) Eu sei que eu errei... Mas olha, eu já tenho a solução.

DONA MARGARIDA – Solução?! Que solução?

JOEL – A solução é a Bernadete.

DONA MARGARIDA – O quê?

JOEL – Nós vamos pra casa dela!

DONA MARGARIDA – Você ficou maluco? O Ozias nunca vai aceitar a gente lá. Esqueceu que ele não gosta de você?

JOEL – Ele não gosta de mim, mas da senhora.... (TOM) O Ozias tem verdadeira adoração pela senhora. Ele não vai negar ajuda numa hora dessas. E depois tem a Bernadete. A casa é dela também.

DONA MARGARIDA – (DESESPERADA) Era só o que faltava, meu Deus.

CORTA PARA:

CENA 5 - EXTERIOR/DIA - PORTA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL, DONA MARGARIDA, ELMIR E ALGUNS VIZINHOS ESTÃO REUNIDOS. É UMA ESPÉCIE DE DESPEDIDA. PRÓXIMO DALI, FÁBIO  ESTÁ ENCOSTADO EM UM CARRO, COMO SE ESPERASSE.

DONA MARGARIDA – (EMOCIONADA) Eu vou sentir muita falta disso tudo aqui. Quantos anos...

ELMIR – Todo mundo aqui vai sentir falta da senhora também, dona Margarida. Moradoras como a senhora existem poucas.

JOEL – Você vai sentir saudades é dos lanches que ela lhe dava, seu Elmir. Fala a verdade.

ELMIR – (SORRINDO) Não posso negar. O lanche de dona Margarida era especial.

JOEL – Agora, vamos. O Fábio tá esperando.

O POVO SE DESPEDE DE DONA MARGARIDA. JOEL E DONA MARGARIDA CAMINHAM PARA O CARRO.  ELES ENTRAM E FÁBIO DÁ PARTIDA. ENQUANTO O CARRO PARTE, ELMIR E OS VIZINHOS ACENAM EM DESPEDIDA.

CORTA PARA:

CENA 6 - EXTERNA/DIA - UMA RUA QUALQUER DE UM BAIRRO DO SUBÚRBIO
UM CARRO ESTACIONA NA PORTA DE UM PRÉDIO. DELE SAEM O MOTORISTA, FÁBIO E O CARONA, JOEL. POR ÚLTIMO, DO BANCO DE TRAZ, SAI DONA MARGARIDA. FÁBIO TIRA ALGUMAS MALAS DO PORTA MALAS E COLOCA NO CHÃO.

FÁBIO – Estão entregues.

JOEL – Não vai entrar para um café?

FÁBIO – Não vai dar. Tenho que voltar. A Marluce está me esperando.

JOEL – Isso vai acabar em casamento. É melhor sair fora enquanto é tempo.

DONA MARGARIDA – Que conversa é essa, Joel? (TEMPO) O Fábio não é como você que vive enrolando a pobre da Verinha. Fábio é rapaz sério.

JOEL – (FINGINDO-SE DE OFENDIDO) E eu não sou?

A PERDUNTA FICA NO AR. FÁBIO SE DESPEDE, ENTRA NO CARRO E DÁ PARTIDA. JOEL E DONA MARGARIDA SE PREPARAM PARA ENTRAR NO PRÉDIO. DONA MARGARIDA PARECE MUITO HISITANTE.

CORTA PARA:

CENA 7 - INTERNA/DIA  - CASA DE BERNADETE - SALA
CASA SIMPLES, MAS BEM ARRUMADA. JOEL E DONA MARGARIDA ESTÃO DIANTE DE BERNADETE. BERNADETE SE MOSTRA MUITO SURPRESA.

BERNADETE – Que novidade é essa? Vocês aqui?

JOEL – (FINGINDO) É que a mãe tava com muita saudade de vocês. Não é, mãe?
DONA MARGARIDA – O quê?

JOEL – A senhora estava com saudade de sua filha desalmada.

DONA MARGARIDA – (DISTRAÍDA) É isso. Eu estava com saudade.

BERNADETE – (DESCONFIADA) Está tudo bem?

JOEL (APRESSANDO-SE EM RESPONDER PARA IMPEDIR QUE DONA MARGARIDA DIGA ALGUMA COISA) Claro que está tudo bem. E por que não haveria de estar?

NINGUÉM FALA MAIS NADA. BERNADETE FICA SEM AÇÃO DIANTE DA MÃE E DO IRMÃO. SÓ CONSEGUE OLHAR PARA AS MALAS, GRANDES DEMAIS PARA UMA SIMPLES VISITA.

CORTA PARA:

CENA  8 - INTERNA/NOITE - CASA DE BERNADETE -  SALA
ESTÃO PRESENTES JOEL, DONA MARGARIDA, BERNADETE, OS DOIS FILHOS DELA (UMA MENINA E UM MENINO DE 8 E 10 ANOS).

JOEL – (TENTANDO SER SIMPÁTICO, SE DIRIGINDO AOS SOBRINHOS) Vocês não estavam com saudades da vovó?

MENINO – Estava.

JOEL – E você Jéssica?

MENINA – Eu também.

MENINO – Quem não tava com saudades é o papai.

SURGE UM GRANDE CONSTRANGIMENTO. BERNADETE REAJE NERVOSA.

BERNADETE – O que é isso, Artur? Que história é essa?

MENINO – É verdade. O papai não gosta do tio Joel. Acha que ele é um malandro, cachaceiro.

BERNADETE – Sai daqui, seu pestinha. Vai lá pra dentro, anda.

MENINO – (SAI EMBURRADO) – Não se pode falar nada.

BERNADETE – Essas crianças...

SONPLASTIA DE PORTA SE ABRINDO. ENTRA OZIAS, O MARIDO DE BERNADETE. AO VER JOEL E DONA MARGARIDA REAGE COM ESPANTO.

OZIAS – O que significa isso?

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO



março 22, 2013

Alimentando a fé.

     Dizem que a fé remove montanhas. Embuidos de fé somos capazes de feitos maravilhosos e nos tornamos verdadeiros gigantes, mesmo que os nossos corpos não sejam tão fortes assim.  Isso se dá porque o que nos move não é a força física, mas uma força que está além da nossa compreensão humana.
     E essa força se revela em vários pontos importantes da nossa vida. É ela  que nos leva a nos juntar com outras pessoas para realizar coisas que não podemos, ou não queremos, realizar sozinhos. Pessoas que vêm somar a nós  num projeto, numa fé, numa simples viagem de passeio e mesmo em grandes empreendimentos.
     Como é bom quando encontramos essas parcerias e com elas realizamos coisas, acredtiando um no outro, somando esforços. A roda da vida gira com mais facilidade, pois as engrenagens funcionam de forma a permitir  que tudo aconterça dentro do esperado, do planejado, daquilo que parece ser a vontade de Deus.
     No entanto, às vezes, um outro dito polular ganha a cena. Aquele que diz: nem tudo é para sempre. Muito menos os encontros felizes. Chega um dia em que a roda não gira mais com tanta facilidade e as engrenagens começam a apresentar defeito.
     É aquela hora em que temos vontade de jogar tudo para o alto e dizer que não vale a pena acreditar no ser humano, que essa nossa carcteristica humana é sinônimo de seres imperfeitos, capazes de comenter atos tristes e degradantes. A dor é profunda, o desencanto é muito grande. Nos sentimos desnorteados, perdidos.
     O que fazer num momento desses em que se perde a fé no nosso semelhante? Não existe receita, não existe método infalível. Achar a porta de saída é uma questão de tato, uma questão de bom senso, sensibilidade.
     Jesus nos exortou a "orar e vigiar". É, o ladrão não marca a hora para chegar. É preciso estar alerta. O importante numa hora dessas é lembrar que fé a gente alimenta, a gente cuida para ela não morrer. Esse é o momento de adubar a nossa fé, de cuidar dela com mais carinho e atenção. Hora de aproveitar o tombo para dar a volta por cima.

março 19, 2013

O silêncio.

      A teoria do big ben nos dá conta de que o mundo em que nós vivemos originou-se de uma grande explosão. O que poderia ser, de cara, uma explicação para toda essa barulheira na qual estamos todos mergulhados o tempo todo, principalmente nos grandes centros.
     Parece que o barulho faz mesmo parte das nossas vidas e nós, de certa forma, já estamos nos acostumados com ele. Mas há momentos em que precisamos de silêncio, pois é através dele que podemos ouvir a voz da nossa alma, as batidas do nosso coração, a nossa respiração.
     E é mergulhados nesse "silêncio" que podemos dialogar com nós mesmos. Infelizmente muita gente foge disso, acreditando que quanto mais barulho tiver à sua volta melhor, que silêncio significa tédio.
     Assim, todos optam por manter-se o tempo todo plugados em algum objeto sonoro, esquecendo-se que já existe muito barulho à nossa volta, que o que precisamos é buscar o silêncio que nos reconcilia com nós mesmos e assim encontrar o nosso equilíbrio. Equilíbrio esse tão importante para a nossa saúde física, mental e espiritual.
     Não devemos ter  medo do silêncio. É através dele que conseguimos refazer a nossa ligação com o divino, com a chama criadora. A fonte onde bebemos saúde, paz, amor, sucesso, equilíbrio, tranquilidade... Tudo o que passamos a vida procurando no meio do caos.

março 17, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 4

Com vocês, o capítulo 4 da nossa história. Muitas emoções aguardam por vocês.

 

Só a vida ensina

capítulo 4


CENA 1 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL  - SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 3
JOEL DESPEDE-SE DO OFICIAL DE JUSTIÇA E FECHA A PORTA. TEM NAS MÃOS O DOCUMENTO QUE RECEBEU DO OFICIAL DE JUSTIÇA. LÊ O DOCUMENTO AVIDAMENTE:

JOEL – (NERVOSO) E agora, malandro? Dessa vez parece que o bicho vai pegar.

DONA MARGARIDA – (ENTRANDO) Quem era, Joel?

JOEL – (ESCONDENDO O DOCUMENTO) Nada não, mãe. Era engano. (TOM) Esse porteiro deixa entrar qualquer um. (SAI)

DONA MARGARIDA – Joel tem uma implicância com esse porteiro. Pra mim, ele é bom até demais. Atencioso, prestativo...

CORTA PARA:

CENA 2 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL FALA COM O PORTEIRO, ELMIR:

ELMIR – Pode falar, seu Joel.

JOEL – É que eu gostaria de lhe pedir um favorzinho...

ELMIR – Se estiver ao meu alcance...

JOEL – (SEM JEITO) – É sobre aquele oficial de justiça que esteve aqui.

ELMIR – O que tem ele?

JOEL – O senhor fica aí se fazendo de sonso, mas o senhor... Bem, você sabe tudo o que acontece por aqui.

ELMIR – Aonde o senhor quer chegar?

JOEL – Quero chegar na dona Margarida. Eu não quero que ela saiba dessas coisas, o senhor entende?

ELMIR – Pode deixar, seu Joel. (TOM) O que acontece na vida dos condôminos não me diz respeito.

JOEL – Assim eu espero.

CORTA PARA:

CENA 3 - INTERIOR/DIA - CASA DE JOEL - SALA
DONA MARGARIDA ESTÁ LIMPANDO A CASA. JOEL ESTÁ ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO.

DONA MARGARIDA – O que há com você, Joel? Não para um minuto quieto.

JOEL – Nada não, mãe.

DONA MARGARIDA – Como não? Olha o seu estado, filho. Tá na cara que está acontecendo alguma coisa. Fala logo o que é. Eu sou sua mãe. Pode se abrir. É a Verinha, não é?

JOEL – Não tem nada a ver com a Verinha.

DONA MARGARIDA – Então o que é?

JOEL – (GROSSEIRO) Já disse que não é nada. (SAI)

CORTA PARA:

CENA 4 - INTERIOR/NOITE - UM BAR DE RUA
JOEL ESTÁ SOZINHO NA MESA DO BAR. JÁ BEBEU BASTANTE.

JOEL (PARA SI) Como é você vai sair dessa, Joel? Desempregado, prestes a ser despejado de seu apartamento... Se não fosse só isso, ainda tem dona Margarida. Como é que eu contar pra ela que a gente tá praticamente no olho da rua? Como? (TEMPO) Melhor não ficar quebrando a cabeça com isso. O jeito é beber mais uma. (FAZ SINAL PARA O GARÇOM) Traz mais uma.

CORTA PARA:

CENA 5 - INTEIOR/NOITE - CASA DE JOEL -  SALA
ESTÁ ESCURO. JOEL ENTRA CAMBALEANDO. QUANDO ELE ESTÁ NO MEIO DA SALA, A LUZ SE ACENDE. DONA MARGARIDA ESTÁ DE PÉ NO MEIO DA SALA.

DONA MARGARIDA – Muito bonito, Joel. Agora é sempre assim, né? Todo dia bebedeira, farra... Onde você pensa em chegar assim? Não basta ter perdido o emprego?

JOEL – Acordada até essa hora, mãe?

DONA MARGARIDA – E como você quer que eu durma sabendo que está bebendo por aí?

JOEL – Não precisa se preocupar, mãe. Só estava me distraindo um pouco.

DONA MARGARIDA – Se pelo menos estivesse com sua noiva, a Verinha...

JOEL – Esquece a Verinha. Ela é muito chata.

DONA MARGARIDA – Ela só quer o seu bem. (TEMPO) Cria juízo, filho. Eu não vou viver pra sempre. Ainda bem que sua irmã se casou direitinho, tem o marido dela, os filhos... (TOM) Você só me dá motivo de preocupação. (SAI)

JOEL – Também não é assim. (TOM) Exagerada. (DEIXA-SE JOGAR NO SOFÁ E DORME ALÍ MESMO)

CORTA PARA:

CENA 6 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA DONA MARGARIDA ESTÁ CHEGANDO DA RUA COM COMPRAS. O PORTEIRO ESTÁ POR ALÍ.

ELMIR – (VENDO DONA MARGARIDA CHEGAR) Deixa eu ajudar a senhora, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – Não precisa, seu Elmir.

ELMIR – (PEGANDO AS COMPRAS ) Faço questão.

DONA MARGARIDA – (TEMPO) Seu Elmir... o senhor tem entregue as contas do apartamento para o Joel?

ELMIR – (SEM JEITO) Sabe o que é, dona Margarida... o seu filho faz questão de pegar. Ele diz que é pra não causar preocupação para a senhora que é muito doente.

DONA MARGARIDA – Doente eu? (TEMPO) Ando muito preocupada, seu Elmir.

ELMIR – O que foi?

DONA MARGARIDA – (TRISTE) O Joel anda de um jeito. O senhor sabe que ele perdeu o emprego, né? Não bastasse isso, tá cada vez bebendo mais. Não há dinheiro que chegue. Eu sei que uma mãe não deve falar isso, mas ele pega todo o dinheiro da minha pensão. (TOM) Deixa isso pra lá. Não posso ficar enchendo a sua cabeça com os meus problemas. Até logo, seu Elmir. (SAI)

ELMIR – Uma mulher tão boa, com um filho desses.

CORTA PARA:

CENA  7 - INTERIOR/DIA - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
JOEL E ELMIR ESTÃO CONVERSANDO.

ELMIR – É isso aí, seu Joel. O senhor vai me desculpar, mas eu não posso mais fazer isso com dona Margarida. Ela é uma mulher muito boa e não merece ser enganada.

JOEL – Que enganada? Eu não estou enganando ninguém. Estou apenas evitando aborrecimento a uma mulher doente. (TEMPO) Além do mais, não se esqueça que o senhor é apenas um porteiro.

ELMIR – Eu sei o meu lugar, senhor Joel. Acontece que a dona Margarida tem perguntado muito. Ela anda desconfiada. E eu me sinto muito mal com isso.

JOEL – Trate de ficar na sua, senão eu faço uma reclamação ao síndico. (TOM) Onde já se viu? Porteiro atrevido. (SAI, ENTRANDO NO ELEVADOR)

ELMIR – Atrevido?! (OFENDIDO) Além de tudo, ainda me ofende. (TOM) Isso não vai ficar assim.

CORTA PARA:

CENA 8 - INTERIOR/NOITE - CASA DE JOEL - SALA
JOEL ESTÁ DIANTE DE DONA MARGARIDA.

JOEL – Me empresta um dinheiro aí, mãe.

DONA MARGARIDA – Não tenho dinheiro, Joel.

JOEL – Nem vinte pratas?

DONA MARGARIDA – Nada. Tudo o que eu tinha entreguei a você para pagar as contas. (TEMPO) E por falar nisso, onde estão os recibos quitados?

JOEL – Tá desconfiando de mim, mãe?

DONA MARGARIDA – Faz tempo que você não me mostra os recibos de aluguel, luz...

JOEL – Não se preocupe com isso, dona Margarida.  A senhora sabe que eu cuido de tudo. (TOM) Fica aí com a sua novela que eu vou dar umas voltas. (SAI)

DONA MARGARIDA – Já vai encher a cara de novo. Oh, meu Deus! Que sina!

CORTA PARA:

CENA 9 - EXTERIOR/DIA - PORTA DO PRÉDIO ONDE JOEL TRABALHAVA
JOEL ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO. DE REPENTE SURGE FÁBIO.
JOEL VAI AO ENCONTRO DELE.

FÁBIO – O que foi, Joel?

JOEL – Você precisa me ajudar, Fábio.

FÁBIO – Ajudar como?

JOEL – Tô numa enrascada daquelas, irmão. (TEMPO) Tô com ordem de despejo. Tenho poucos dias pra deixar o apartamento e, o que é pior, minha mãe não sabe de nada.

FÁBIO – E agora?

JOEL – Tô sem grana pra nada. (TEMPO) Será que não dava pra você me emprestar algum? Assim que sair dessa, lhe pago.

FÁBIO – Quem dera eu tivesse...? Você sabe a mixaria que eu ganho naquele escritório. Seu Olavo é jogo duro. (TEMPO) Pera aí, e a sua rescisão? Já torrou tudo?

JOEL – Tudo. Tava devendo todo mundo. E dinheiro comigo, você sabe, é pra gastar.

FÁBIO – Não só o seu, mas o da sua mãe também, né?

CORTA PARA:

CENA 10 - INTERIOR/DIA – CASA DE JOEL - SALA.
TOCA A CAMPAINHA E DONA MARGARIDA VAI ATENDER. QUANDO ELA ABRE, APARECE O PORTEIRO,  ELMIR:

DONA MARGARIDA – Seu Elmir!? Aconteceu alguma coisa?

ELMIR – Infelizmente aconteceu, dona Margarida.

DONA MARGARIDA – (ASSUSTADA) O que foi?

CORTA PARA :

FIM DO CAPÍTULO


março 15, 2013

Compartilhando no Facebook

     Eu demorei um pouco para aderir ao Facebook. Sempre achei (e continuo achando)  esquisito expor  a minha alma assim de forma tão, digamos,  avassaladora. 
     Confesso mesmo que não morro de amores, mas que acho válido pessoas de todos os lugares do mundo se sentirem mais próximas através dessa rede social  e de tantas outras que existem, onde reencontramos amigos e fazemos tantos outros. E não posso (seria mesmo imperdoável, não é?) esquecer o dihitt.
     Também não se pode esquecer que vivermos na era da informação. E quem não se abre para o mundo (via internet, por exemplo) corre o risco de perder o bonde da história. E ninguém (muito menos eu) quer perder esse bonde que continua bonde apesar de todas as modernidades e que ninguém exatamente onde vai dar.
     Mas não estou aqui para falar das virtudes e dos pecados da era da informática. O que me traz a esse assunto é a questão, entre outras coisas, dos compartilhamentos. Qualquer um sabe que uma das coisas que mais se faz no Facebook é compartilhar. 
     Algo bastante legal. Ninguém consegue ver tudo ou acompanhar de tudo e saber que alguém ao encontrar algo interessante se dispõe a compartilhá-lo com os seus amigos é sempre muito bom e bem-vindo, não é?
     Só que acontece das pessoas compartilharem coisas de que elas não têm muita noção do que seja. Coisas sem sentido e até de muito mal gosto. Para não dizer que muitas vezes são desnecessárias mesmo.
     Acredito que no afã de simplesmente compartilhar, as pessoas vão clicando a torto e a direito, sem fazer nenhum tipo de seleção, nem ver se aquilo é mesmo relevante ou se interessa aos seus amigos virtuais.
     Há também casos de pessoas que embarcam em verdadeiras canoas furadas. Outro dia um amigo compartilhou o desaparecimento de alguem, dizendo que a família estava desesperada atrás da referida pessoa. Poucas dias depois se soube que pessoa estava na casa de uma amiga e não queria falar com ninguém. Espera lá. Isso é brincadeira, não? Alguém com acesso fácil ao Facebook saber que está sendo procurado e não se manifestar me parece um tanto quanto estranho.
     Isso sem falar nas fotos de pessoas em situações penosas e dignas da nossa compaixão que são com partilhadas. Fico pensando aqui comigo: será que são todos fatos verdadeiras?
     Escrevi este post para tentar dizer que compartilhar é coisa séria

março 11, 2013

Só a vida ensina. - Capítulo 3

Com um dia de atraso, eis aí o capítulo 3 da saga de Joel.

SÓ A VIDA ENSINA.


Capítulo 3

CENA 1 - INTERNA/NOITE - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 2
JOEL CONTINUA COM A CARTA NA MÃO. ELMIR, O PORTEIRO, OBSERVA:

ELMIR – Algum problema, seu Joel?

JOEL – (DISFARÇANDO) Não. Nada. Apenas uma dessas cartas de propaganda de políticos. Não sei como descobrem o endereço da gente.

ELMIR – Coisa chata, né?

JOEL – Se é... (TEMPO) Mas sabe o que eu faço? (RASGA A CARTA EM PEDACINHOS) É isso que eu faço.

ELMIR – Essa gente é muito desaforada. (ESTENDE A MÃO PARA PEGAR OS PEDAÇOS DA CARTA) Me dá aqui, seu Joel, que eu jogo no lixo pro senhor. (JOEL ENTREGA OS PEDAÇOS DA CARTA AO PORTEIRO E SAI. DEPOIS UM TEMPO O PORTEIRO COLOCA OS PEDAÇOS DA CARTA SOBRE SUA MESA E COMEÇA A MONTAR COMO SE FOSSE UM QUEBRA-CABEÇA PARA DESCOBRIR DO QUE SE TRATAVA SEU CONTEÚDO) Ora! Veja só. É carta da administradora cobrando aluguéis atrasados. Bem que eu estava desconfiado. Atrasado com o aluguel, condomínio... Esse seu Joel nunca me enganou. (TOM) Também, vive na farra torrando tudo o que ganha. Dona Margarida é que sofre, coitada.


CORTA PARA:

CENA 2 - INTERNA/NOITE - UM BAR QUALQUER.
JOEL ESTÁ NUMA MESA BEBENDO COM AMIGOS. JÁ ESTÁ BASTANTE ALTO.

JOEL – (LEVANTANDO COM UM COPO DE BEBIDA NA MÃO) Proponho um brinde ao mais novo desempregado da praça.

TURMA DA MESA SE MOVIMENTA. UNS ASSUSTADOS, OUTROS DANDO GARGALHADAS.

JOEL – (AINDA DE PÉ) Estou livre daquele chato do seu Olavo, livre daquele escritoriozinho de quinta categoria. Liberdade para Joel Gomes. (LEVANTANDO O COPO DE BEBIDA) Um viva à liberdade.

TODOS – Viva!

CORTA PARA:

CENA 3 - INTERIOR/NOITE - PORTARIA DO PRÉDIO ONDE JOEL MORA
DONA MARGARIDA ESTÁ DE FRENTE PARA ELMIR. ELA ENTREGA A ELE UM EMBRULHO.

DONA MARGARIDA – Trouxe uma merendinha para o senhor, seu Elmir.

ELMIR – Não precisava, dona Margarida. (PEGANDO O PACOTE) Só a senhora é capaz de se lembrar da gente. Obrigado.

DONA MARGARIDA – O senhor merece muito mais, seu Elmir. (TEMPO) E as contas já chegaram?

ELMIR – Tudo o que chegou até agora eu entreguei para o Joel, seu filho.

DONA MARGARIDA – Não faça isso, seu Elmir.

ELMIR – Ora, por que, dona Margarida?

DONA MARGARIDA – O Joel é um cabeça de vento, seu Elmir. Pega as coisas e depois não sabe onde pôs. (TEMPO) Vamos combinar o seguinte: o senhor só entrega as contas para mim. Combinado?

ELMIR – Combinado.

DONA MARGARIDA – Boa noite, seu Elmir. (SAI)

ELMIR – Bem que eu tento fazer isso, mas ele não deixa. A senhora não conhece o filho que tem.

CORTA PARA:

CENA 4 - INTERNA/NOITE - UM BAR QUALQUER
(O MESMO DA CENA 2)
JOEL LEVANTA-SE DA MESA EM QUE BEBE COM OS AMIGOS E SE DIRIGE A UMA MOÇA QUE BEBE COM UMA TURMA NUMA MESA AO LADO.

JOEL – E aí, gatinha? Não quer passar para a minha mesa?

MOÇA – E por que eu faria isso?

JOEL – Pra gente conversar, ora!

MOÇA – (APONTANDO PARA O RAPAZ AO LADO) Será que você não prefere conversar com o meu namorado?

RAPAZ – O que tá pegando, amor?

MOÇA – O moço aqui tá me convidando para ir para mesa dele.

RAPAZ – Verdade? (A MOÇA FAZ SINAL QUE SIM E O RAPAZ DÁ UM SOCO EM JOEL QUE CAI. FORMA-SE UMA CONFUSÃO. O PESSOAL DA MESA DE JOEL SE METE NA BRIGA. O DONO DO BAR PERCEBE A CONFUSÃO, PEGA O TELEFONE E FAZ UMA LIGAÇÃO.

CORTA PARA:

CENA 5 - INTERNA /NOITE - BAR
MESMO BAR DA CENA 2 E 4.
CONFUSÃO CONTINUA. JOEL, MUITO BÊBADO, INSISTE EM QUERER FALAR A COM A MOÇA ACOMPANHADA.

JOEL – E aí, gatinha? Vai me esnobar, vai?

RAPAZ – (PARA A NAMORADA) Eu vou partir a cara desse filho da mãe.

MOÇA – Fica calmo, amor.

NESSE MOMENTO ENTRAM DOIS POLICIAIS. A CONFUSÃO TERMINA NO ATO DA CHEGADA DOS POLICIAIS.

POLICIAL – Quem é o responsável por essa baderna?

TEM-SE INÍCIO UM GRANDE BURBURINHO, TODOS FALAM E NINGUÉM SE ENTENDE.

POLICIAL – Já entendi tudo. Vai todo mundo em cana. Vão ter que se explicar com o delegado.

CORTA PARA:

CENA 6 - INTERIOR/NOITE - DELEGACIA DE POLÍCIA
JOEL, A MOÇA, O RAPAZ, OS POLICIAIS E TODOS OS OUTROS DA CENA 5 ESTÃO DIANTE DO DELEGADO.

DELEGADO – Dá para  falar um de cada vez?

TODOS VOLTAM A DISCUTIR. O POLICIAL QUE DEU A VOZ DE PRISÃO TOMA A FRENTE.

POLICIAL – Sabe o que é. Doutor... Estavam todos fazendo baderna num bar. Pelo que me consta esse daí (APONTA PARA JOEL) foi quem começou tudo.

DELEGADO – (PARA JOEL) O que o senhor tem a dizer?

JOEL – (BÊBADO) Em primeiro lugar: quem é o senhor? Com que autoridade se dirige a mim nestes termos?
DELEGADO – Sou o delegado.

JOEL – Então prove que é o delegado.

DELEGADO – Olha aqui, seu cachaceiro. Quem faz pergunta aqui sou eu. (PARA OS POLCIAIS) Levem esse elemento para a cela. Ele tá precisando refrescar as ideias.  Os outros estão liberados.

OS OUTROS DETIDOS SAEM.

JOEL – (RESISTINDO À PRISÃO) Vocês não podem fazer isso. Eu tenho direito de chamar o meu advogado.

DELEGADO – O senhor vai fazer isso lá da cela. Podem levar.

POLICIAIS SAEM COM JOEL.

CORTA PARA:

CENA 7 - INTERNA/NOITE - CELA DE PRISÃO
JOEL ESTÁ PRESO JUNTAMENTE COM OUTROS. POLICIAL CHEGA TRAZENDO VERINHA. PRESOS COMEÇAM COM UMA CERTA ALGAZARRA.

POLICIAL – Silêncio no ressinto. (PRESOS SE ACALMAM. ELE APONTA PARA JOEL) É esse aí o seu namorado.

VERINHA – Noivo, moço.

POLCIAL – O que seja. (TEMPO) Tem dez minutos, nem um segundo a mais. (SAI)

JOEL – Viu o que fizeram comigo, amor?

VERINHA – Que foi que você aprontou, Joel?

JOEL – Não fiz nada. Tava quietinho no meu canto. A moça é que ficou me dando bola, aí o cara, que não controla a sua namorada, partiu para cima de mim.

VERINHA – Difícil de acreditar, né, Joel? (TEMPO) O que você quer de mim?

JOEL – Que você conversasse com o delegado, explicasse a minha situação. Sou um homem de bem, trabalhador. Não mereço esse tratamento.

VERINHA – Tá bom. Eu vou tentar falar com ele.

CORTA PARA:

CENA 8 - INTERNA/NOITE - SALA DO DELEGADO
VERINHA ESTÁ DIANTE DO DELEGADO.

DELEGADO – Estão a senhorita é a noiva do meliante?

VERINHA – Meu noivo é homem trabalhador, doutor delegado.

DELEGADO – É mesmo? (TEMPO) E por que ele estava brigando num bar altas horas da noite? Pelo que me consta trabalhadores não costumam agir assim.

VERINHA – É que ele às vezes se junta com umas companhias... O senhor entende, né?

DELEGADO – Olha aqui, moça. Eu vou liberar esse rapaz em consideração a você que eu estou vendo que é uma moça de bem. Mas que fique bem claro: se esse rapaz for trazido mais uma vez aqui por estar perturbando a ordem, a coisa vai engrossar para o lado dele. Ouviu bem?

VERINHA – Pode deixar, doutor delegado. Pode deixar.

CORTA PARA:
CENA 9 - EXTERNA/NOITE - PORTA DA DELEGACIA
VERINHA E JOEL ESTÃO CONVERSANDO.

VERINHA – Que essa seja a última vez que você me mete nos seus rolos, viu Joel?

JOEL – Pode deixar. Eu vou mudar. Você pode ficar tranquila, meu amor. (TENTA BEIJAR VERINHA, ELA SE AFASTA) Só um beijinho, Verinha. Você não sabe o que sofri naquela cela.

VERINHA – Faço uma ideia. (TOM) E vou logo lhe avisando: se você continuar nessa vida, boto um fim nesse noivado. Tô cansada de tudo isso.

JOEL – Não fala assim, Verinha. Você é a razão da minha vida.

CORTA PARA:

CENA 10 - INTERNA/DIA. - CASA DE JOEL
SALA, JOEL ESTÁ ASSISTINDO FUTEBOL NA TELEVISÃO. TOCA A CAMPAINHA E ELE VAI ATENDER. ABRE A PORTA E SURGE UM HOMEM DE TERNO E GRAVATA.

HOMEM – Senhor, Joel Gomes?

JOEL – É ele.

HOMEM – Oficial de justiça. Queira assinar aqui, por favor.

JOEL FICA SEM AÇÃO.

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO