A saga de Joel continua.
SÓ A VIDA ENSINA
Capítulo 6
CENA 1 - INTERNA/DIA - CASA DE BERNADETE - SALA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 8 DO CAPÍTULO 5
OZIAS ESTÁ DE PÉ NO CENTRO DA SALA. QUANDO ELE ENTROU TODOS SE LEVANTARAM,. BERNADETE NÃO CONSEGUE DISFARÇAR SUA PREOCUPAÇÃO. ARTUR ENTRA CORRENDO E ABRAÇA O PAI.
JOEL – Que é isso, Ozias? Isso é maneira de receber seu cunhado e sua sogra?
OZIAS – (TRANSTORNADO) Cunhado!? Como você tem coragem de voltar aqui, seu canalha?
BERNADETE – Calma, Ozias. O Joel e a mãe só vieram aqui para nos fazer uma visita. Eles nem pretendem ficar, não é?
A PERGUNTA FICA NO AR UM TEMPO. DONA MARGARIIDA FAZ SINAL PARA JOEL FALAR ALGUMA COISA.
DONA MARGARIDA – Fala, Joel. Se você não fala, falo eu.
JOEL – Pode deixar, mãe. Eu falo.
OZIAS – Vem bomba aí.
BERNADETE – Espera, Ozias. Deixa o Joel falar. (CONCILIADORA) Por que a gente não senta? (SAINDO) Eu vou preparar um café.
OZIAS – Nada disso, Bernadete. Vamos primeiro ouvir o que o seu irmão tem a dizer.
BERNADETE PERMANECE NA SALA. TODOS SENTAM.
OZIAS – E então...
JOEL – Sabe o que é... Eu tive aí uns contratempos. Perdi o emprego e tivemos que entregar o apartamento. A gente, eu e a mãe... A gente tá, temporariamente, sem onde morar. Essa que é a verdade.
BERNADETE – O quê?
OZIAS – Vê se eu entendi... Vocês estão sem ter onde morar e então resolveram se aboletar aqui na minha casa?
JOEL – É só por uns tempos...
OZIAS – Uns tempos!?
JOEL – Vê se dá pra você esquecer as mágoas do passado, cunhado. Eu sei que eu sempre aprontei muito, mas eu tô mudado, não é mãe? (TEMPO) A vida ensina a gente, Ozias. Você tem razão. Tá mais que na hora de eu criar juízo. Tô disposto a correr atrás de emprego. Você vai ver. Em pouco tempo tô empregado de novo e aí é vida nova.
OZIAS – Até isso acontecer, se acontecer, eu é que pago o pato. (SAINDO DA SALA) Era só o que me faltava. (SAI)
CORTA PARA:
CENA 2 - INTERNA/DIA - CASA DE BERNADETE - SALA
APÓS O JANTAR, TODOS ESTÃO REUNIDOS. OZIAS PUXA BERNADETE PARA UM CANTO.
OZIAS – Você tem que dar um jeito nisso.
BERNADETE – O que você quer que eu faça? É meu irmão, é minha mãe... Não dá para fechar as portas assim. Será que não dá para você entender, Ozias?
OZIAS – Não. Eu não entendo. (TEMPO) Eu não quero esse pilantra aqui em casa misturado com nossos filhos. Eu entendo que é seu irmão, mas você sabe que ele não presta. Se tá nessa situação é porque nunca teve responsabilidade. Sempre botou fora tudo o que ganha, além de torrar o dinheiro da pensão de dona Margarida.
BERNADETE – É por ela que eu tô preocupada. (TOM) Eu não posso deixar minha mãe na rua.
CORTA PARA:
CENA 3 - INTERNA/DIA. - CASA DE BERNADETE - SALA.
BERNADETE ESTÁ DIANTE DE JOEL E DONA MARGARIDA. BERNADETE ESTÁ NERVOSA, AFLITA.
DONA MARGARIDA – Senta, Bernadete. Assim você vai passar mal.
JOEL – Parece que a Dete não tem notícia boa pra gente, né, Dete?
BERNADETE – Tenta entender, Joel. (TEMPO) O Ozias não consegue esquecer as vezes que você aprontou com ele.
JOEL – (LEVANTANDO-SE PARA PEGAR AS MALAS QUE AINDA ESTÃO NA SALA) Já entendi tudo. Estamos sendo colocados no meio da rua. (TOM) Vamos embora, mãe. Sua filha tá fechando a porta na nossa cara.
BERNADETE – Não é nada disso.
JOEL – Então o que é?
BERNADETE – O Ozias disse que a mãe pode ficar. (TEMPO) Você se arranja melhor, Joel. É homem, sabe se virar. A casa é muito pequena pra tanta gente. Os meninos estão crescendo... Olha, você pode fazer as refeições aqui, só não pode ficar morando.
JOEL – Tudo bem, Bernadete. (TOM) E pensar que eu sempre tive a maior consideração por você. (PARA A MÃE) Fica aí, mãe. É só eu conseguir um emprego que eu volto para te buscar.
DONA MARGARIDA – Para onde você vai, filho?
JOEL – Eu me viro. (PEGA UMA MALA, DESPEDE-SE DA MÃE E SAÍ. BERNADETE ABRAÇA A MÃE QUE CHORA AO VER O FILHO PARTIR.)
CORTA PARA:
CENA 4 - INTERNA/NOITE - CORREDOR DE UM PRÉDIO - PORTA DE UM APARTAMENTO
JOEL ESTÁ DE PÉ TOCANDO A CAMPAINHA. A PORTA SE ABRE E SURGE FÁBIO. ESTÁ VESTIDO APENAS DE CALÇÃO.
FÁBIO – (SURPRESO) O que você está fazendo aqui, Joel?
JOEL – O cunhadinho bíblia não me quer na casa dele. Acha que vou desencaminhar os filhos dele.
FÁBIO – E não é para menos, né, Joel? Você sempre aprontou muito com ele.
JOEL – Aquele babaca! Vai ver. É só as coisas melhorarem que eu pego ele de jeito. (TEMPO) E aí, não vai me convidar pra entrar? Acho que sobrou pra você, amigo. Tenho que ficar aí uns dias.
FÁBIO – ( SEM JEITO) Sabe o que é, Joel?...
JOEL – Vai negar ajuda pro seu amigo, vai?
FÁBIO – Não é isso, cara. É que a Marluce...(TEMPO) Acho que eu esqueci de te dizer. A gente tà morando junto.
JOEL – Não vai me dizer que se deixou cair na armadilha?
FÁBIO – Isso aí, Joel. A Marluce é uma garota legal e já estava passando da hora da gente se juntar. (TEMPO) E o apartamento é muito pequeno. Não dá. Você entende?
SEM DAR RESPOSTA, JOEL PEGA SUA MALA E SAI. FÁBIO O OBSERVA SE DISTANCIANDO.
CORTA PARA:
CENA 5 - INTERNA/NOITE - BAR NO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
SENTADO NO BALCÃO, COM SUA MALA DO LADO, JOEL BEBE UMA CERVEJA.
JOEL – (CONSIGO MESMO) Veja aonde você chegou, Joel. E agora? Até o Fábio, que se dizia ser seu melhor amigo, fechou as portas pra você. E tudo isso por quê? Por causa da Marluce. Fábio se deixou amarrar pela Marluce. Era só o que faltava. Se bem que... (FICA PENSANDO DURANTE UM TEMPO) Eu também... Ora, ora. Por que eu não pensei nisso antes?
TOMADO POR UMA INESPERADA ANIMAÇÃO, JOEL PAGA A CONTA E SAI DO BAR LEVANDO SUA MALA.
CORTA PARA:
CENA 6 - EXTERNA/DIA - PORTA DO SALÃO ONDE VERINHA TRABALHA
JOEL E VERINHA CONVERSAM
VERINHA – Já falei que a minha patroa não gosta que a gente receba visitas aqui?
JOEL – Essa sua patroa é muito chata. (TENTA ABRAÇAR VERINHA) Vem cá, meu amor.
VERINHA – (AFASTANDO-SE DE JOEL) Sai pra lá.
JOEL – (SENTIDO) Pô! Eu aqui cheio de amor pra dar e você me rejeita?
VERINHA – Aqui não é lugar disso. Já falei.
JOEL – Tá bom. (TEMPO) Que tal se a gente saísse hoje à noite?
VERINHA – Você convida, mas sempre me dá o bolo.
JOEL – Hoje vai ser diferente. Pego você às oito, combinado?
VERINHA – Combinado.
ELES SE DESPEDEM E VERINHA ENTRA. JOEL SAIU CAMINHADO TODO ANIMADO.
CORTA PARA:
CENA 7 - INTERNA/NOITE - UM BAR FREQUENTADO POR CASAIS
JOEL E VERINHA ESTÃO NUMA MESA.
VERINHA – Pra que tudo isso, Joel? Você nunca me trouxe num bar desses. Ganhou na loteria, foi?
JOEL – (GALANTE) Que nada! (TOM) Eu tô é apaixonado.
VERINHA – Apaixonado?
JOEL – Não sei como nunca percebi a mulher maravilhosa que você é.
VERINHA (ENCAMBULADA) Para com isso, Joel. Tá todo mundo olhando.
JOEL – Deixa que olhem. Eles estão com inveja do nosso amor.
OS DOIS SE BEIJAM APAIXONADAMENTE.
CORTA PARA:
CENA 8- EXTERNA/DIA - SUBÚRBIO. PORTA DA CASA DE VERINHA.
JOEL E VERINHA ESTÃO NO PORTÃO TROCANDO BEIJOS.
JOEL – Não vai me convidar para entrar?
VERINHA – Está tarde.
JOEL – Para dois apaixonados não existe hora, existe?
OS DOIS TROCAM MAIS ALGUN BEIJOS E ENTRAM NA CASA.
CORTA PARA:
CENA 9- INTERIOR/NOITE - CASA DE VERINHA - QUARTO
JOEL E VERINHA ESTÃO DEITADOS NA CAMA.
JOEL – Eu te amo, Verinha.
VERINHA – Eu também te amo, Joel.
JOEL – Você é a mulher da minha vida.
OS DOIS FAZEM AMOR, ARDENTEMENTE.
CORTA PARA:
CENA 10 - INTERIOR/NOITE - CASA DE VERINHA - QUARTO
APÓS FAZEREM AMOR, JOEL E VERINHA PERMANECEM DEITADOS.
VERINHA – Seria tão bom se fosse sempre assim...
JOEL – Nossa felicidade pode durar para sempre.
VERINHA – Como?
JOEL – Quer se casar comigo?
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO