Normalmente, temos por hábito desejar as grandes realizações. Desde pequenos somos levados a sempre querer o melhor para nós, escolhendo as melhores profissões, as que rendem mais e dão mais estatus, os melhores amigos, namorar com a (o) garota (o) mais bonita (o), enfim, tudo aquilo que nos leve ao patamar mais alto.
E não há de errado nisso. Se podemos desejar, almejar, sonhar que seja com o melhor, não é mesmo? Basta apenas não se esquecer que não devemos apenas sonhar e ficar de braços cruzados. E´preciso sair em campo e lutar pelas nossas aspirações, pelos nossos sonhos mais caros.
Acontece, no entanto, que às vezes a vida insiste em não dar aquilo que pedimos. Muito antes, pelo contrário. Fazemos nossos pedimos, cruzamos nossos dedos, nos esforçamos (pelo menos, assim acreditamos que fazemos) e acabamos por receber algo muito aquém daquilo que pretendíamos.
Muita gente fica completamente desolada e triste. Chora, grita, esperneia, se revolta, quer morrer. Não economiza energia para dizer à vida, ou a quem quer que seja, que aquilo que está sendo oferecido não é o que foi pedido e que, portanto, será devolvido tal como foi enviado. Nem faz questão de abrir o embrulho para dar uma olhadinha no seu interior e com isso se certificar de que não é mesmo o pedido feito. O entregador, coitado, geralmente é obrigado a dar meia volta. Sem nada ter com o peixe, acaba ainda levando alguns xingamentos pela cara afora.
Com toda a fúria do mundo, a gente bate a porta e se encerra em divagações terríveis: o destino insiste em não atender os pedidos que fazemos e tenta nos empurrar qualquer coisa goela abaixo. Sentimos-nos injustiçados e não percebemos que agimos como crianças malcriadas que não param para ouvir ou entender que a vida muitas vezes age de maneira sorrateira. Nem sempre as coisas seguem padrões tão certinhos quanto a gente pensa.
Já imaginou que ao se negar a abrir um presente que não tem a forma daquilo que queremos ganhar podemos estar cometendo um grave erro de julgamento? A vida pode estar tentando brincar um pouco com a gente. Pode acreditar, ela (a vida) também tem senso de humor. Ao pedir, por exemplo, um carro de presente podemos receber apenas uma pequena caixa contendo somente a sua chave.
Ao se negar a abrir a pequena caixa, a gente abre mão daquilo que desejamos tanto, ou seja, o carro. Por isso, precisamos ficar atentos e passar a ser mais receptivos com a vida. Muitas vezes, ao querer trilhar um caminho, recebemos apenas as pistas de como encontrá-lo. Se não dermos a devida atenção a elas (as pistas) podemos nunca encontrar o caminho.
Aceitar o que a vida está oferecendo, seja em que situações for, não é abrir mão dos nossos sonhos ou sinal de passividade e conformismo. E´, em muitos casos, uma forma de mostrarmos o quanto somos gratos, o quanto somos capazes de ver além das aparências.
Boa semana para todos.
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