Faço aqui um parenteses para falar do quanto a morte é definitiva e repentina, principalmente nos casos em que ela chega sem o conhecido (nem por isso bem-vindo) aviso da doença e quem está ao lado vai meio que se preparando para o ato final. No caso de minha mãe foi de forma repentina: um ataque cardíaco. Por isso, talvez, a minha atitude de incompreensão diante da mudança de situação. De uma hora para outra eu tinha mãe e logo em seguida era um órfão.
Voltando à visita da professora, depois de me ouvir ela falaria o que eu nunca iria esquecer:
- Tudo bem, acredito que você , seu pai e todos os seus irmãos estejam realmente sofrendo com a morte de sua mãe, mas vamos pensar uma coisa: por que você sente tanto a falta dela? Por que ela fazia a comida, lavava a roupa, cuidava da casa, de você e seus irmãos? Isso qualquer um pode fazer. Não precisa ser sua mãe.
Creio que a professora tinha a melhor das intenções. Talvez ela quisesse diminuir a minha dor, mas a "visita" terminou ali. Um certo constrangimento passou a dar o tom. Para dizer a verdade, cheguei a ficar chocado. Achei mesmo ter sido vítima de uma grosseria sem limite e, como já disse acima, para nunca mais esquecer. Na minha cabeça uma coisa era certa: eu tinha acabado de perder a minha mãe e me achava com todo o direito de estar triste e chateado.
Porém, o tempo passou. Essa história ficou lá para traz, eu me espiritualizei um pouco mais e passei a ver as coisas por um outro prisma. É claro que ainda não cheguei a compreender a fala da professora, contudo, aprendi que as pessoas têm um tempo certo para ficar aqui na terra e que quando chega a hora não há desculpa. Seja mãe, pai, filho, irmão, amigo, conhecido ou desconhecido a partida, a separação, ausência é certa.
Por isso, toda vez que vejo pessoas reclamando a perda de seus ententes queridos ( principalmente, aqueles que morrem em acidentes aérios e tragédias ) e, com isso, cobrando altas indenizações baseado na importância que essas pessoas tinham para elas financeira e afetivamente, acabo me perguntando se elas receberam a "visita" da ex-professora para questioná-los. Fico imaginando que a dita professora perguntaria para elas:
- Por que você queria essa pessoa viva? Ela só servia para pagar as suas contas, fazer-lhe companhia, levar você para a escola, para passear, para cuidar de você?
Ela terminaria a conversa dizendo, como disse para mim, que temos que dar o direito às pessoas de morrerem, de partirem. Que ninguém vêm ao mundo apenas para garantir a nossa sobrevivência, para nos dar vida boa.
Provavelmente, ela ficaria chocada, por exemplo, ao ouvir um pai dizendo que sente falta do filho porque ele era quem o levava ao médico todos os meses e que depois do acidente aério que o matou, ele espera todos os dias que ele apareça para levá-lo a consulta e se que nega a ir sem o filho. Coisas da vida que a nossa racionalidade tende a classificar como absurdas.
O tempo me mostrou que cada pessoa trabalha suas perdas de maneira diferente, própria. Uns vão sentir a falta do provedor, outros da companhia, do afeto, do cuidado, da mão sempre estendida, da palavra amiga, outros da simples presença. Uma coisa é certa: seja o motivo que for, todos queremos nossos entes queridos eternamente do nosso lado. Vivos e de carne e osso. E falem o que quiser falar.
Porém, o tempo passou. Essa história ficou lá para traz, eu me espiritualizei um pouco mais e passei a ver as coisas por um outro prisma. É claro que ainda não cheguei a compreender a fala da professora, contudo, aprendi que as pessoas têm um tempo certo para ficar aqui na terra e que quando chega a hora não há desculpa. Seja mãe, pai, filho, irmão, amigo, conhecido ou desconhecido a partida, a separação, ausência é certa.
Por isso, toda vez que vejo pessoas reclamando a perda de seus ententes queridos ( principalmente, aqueles que morrem em acidentes aérios e tragédias ) e, com isso, cobrando altas indenizações baseado na importância que essas pessoas tinham para elas financeira e afetivamente, acabo me perguntando se elas receberam a "visita" da ex-professora para questioná-los. Fico imaginando que a dita professora perguntaria para elas:
- Por que você queria essa pessoa viva? Ela só servia para pagar as suas contas, fazer-lhe companhia, levar você para a escola, para passear, para cuidar de você?
Ela terminaria a conversa dizendo, como disse para mim, que temos que dar o direito às pessoas de morrerem, de partirem. Que ninguém vêm ao mundo apenas para garantir a nossa sobrevivência, para nos dar vida boa.
Provavelmente, ela ficaria chocada, por exemplo, ao ouvir um pai dizendo que sente falta do filho porque ele era quem o levava ao médico todos os meses e que depois do acidente aério que o matou, ele espera todos os dias que ele apareça para levá-lo a consulta e se que nega a ir sem o filho. Coisas da vida que a nossa racionalidade tende a classificar como absurdas.
O tempo me mostrou que cada pessoa trabalha suas perdas de maneira diferente, própria. Uns vão sentir a falta do provedor, outros da companhia, do afeto, do cuidado, da mão sempre estendida, da palavra amiga, outros da simples presença. Uma coisa é certa: seja o motivo que for, todos queremos nossos entes queridos eternamente do nosso lado. Vivos e de carne e osso. E falem o que quiser falar.
Excelente Julio.
ResponderExcluirCada coisa a seu tempo, e cada tempo para lidar com alguma coisa...
Perdas dão sempre doloridas.
Um abraço.
Não tive o prazer de conhecer minha mãe biológica, perdi quando tinha um mês de nascido, de fato é uma perda impar, ms fui sortudo, ganhei minha mãe adotiva. Belo texto, meu caro. Voz do Povo.
ResponderExcluirLindo o texto. Mas não achei certo o comentário da professora exatamente naquele momento de dor. Mas...cada uma pensa de um jeito e fala o que quer. Eu conheço essa dor. Talvez a mãe dela, ainda estivesse viva, né?
ResponderExcluirAbs.
Eloy