Sou o primeiro a reconhecer que a nossa cidade andava (e anda) uma verdadeira bagunça, com as ruas e passeios sendo usados de maneira desorganizada, um verdadeiro caus e que a ideia de nosso ainda novo prefeito de colocar uma certa ordem na bagunça é muito bem vinda. O que acontece é que nosso prefeito parece achar que o maior problema de nossa cidade ( e talvez não deixe de ter razão) é a população de rua, e que basta recolher os mendigos para que todos os ânimos sejam acalmados e que a população ( a que não é de rua, embora ande na rua e a use mal) fique satisfeita. Concordo que nossos irmãos de rua não podem ficar a mercê da sorte e que alguma coisa deva ser feita por eles. Não apenas para tirá-los das ruas e escondê-los num "depósito" qualquer, mas que algo de efetivo seja feito. Por isso, pergunto: qual é o destino que essas pessoas têm ao serem "recolhidas"? Para onde elas são levadas e qual o tratamento ou ajuda que recebem? Qual é o plano de nosso prefeito para elas? Apenas tirá-las da vista de todos como que varrendo a "sujeira" para debaixo do tapete? É essa a sensação que tenho toda vez que vejo um ônibus "cata mendigo" parado na minha porta na rua do Catete. Dentro do ônibus vejo pessoas sentadas prontas para partirem para um destino que creio seja ignorado para elas como é para os bois quando vão para o matadouro. Gostaria muito de saber qual destino elas têm. Se recebem tratamento, alojamento, se são encaminhadas para emprego ou cursos profissionalizantes. Pois não basta tirá-las da rua num ato para "inglês ver" e depois deixá-las ao léo prontas para voltarem para as ruas logo em seguida. Tenho experiência no assunto, pois já vivi essa situação de morador de rua e já usei os serviços da Fundação Leão XIII que na época ( anos 1990) eram péssimos e que nada mudaram nos últimos anos ( haja vista uma visita que fiz à uma unidade da Leão XIII no último natal, quando pude constatar que tudo continua muito parecido com o que eu vi e vivi), infelizmente. Por isso, quando vejo o "ônibus" não deixo de ficar preocupado quando o "destino" desses meus irmãos. E temos (eu e o pessoal da "Sopa das quartas-feiras") recibo relatos de moradores de rua que foram "recolhidos" em Copacabana e "soltos" na Dutra, entregues à própria sorte. Não posso afirmar que os relatos são verdadeiros ou não, mas também não posso deixar de denunciar. É preciso dar voz aos moradores de rua. Nosso sociedade precisa parar de vê-los apenas como algo que enfeia a paisagem, são pessoas, seres humanos vivendo um momento de exceção seja pelo motivo que for. Apelo para o lado cristão de todos nós: como Jesus nos ensinou, devemos nos voltar mais para o nosso próximo. E nesse dia do trabalho talvez nosso próximo esteja precisando de um emprego, um dos maiores motivos que levam um indivíduo para as ruas.
PS. - Quem tiver alguma resposta para as minhas indagações, não deixe de postá-las aqui. Ficarei muito agradecido.
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