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janeiro 22, 2011

Água da vida.

     Sei que determinados assuntos são considerados chatos, verdadeiros tabus. Aquele tipo de conversa que qualquer um disfarça e muda de assunto assim que surge. Entre eles está a morte. Não a morte natural, aquela que percebemos que não há outro jeito, mas aquela que acontece de forma inesperada: as catástrofes, as calamidades e as fatalidades. Vez ou outra a terra é visitada por esse tipo de acontecimento. De uma hora para outra pessoas que viviam suas vidas tranquilamente (ou pelo menos assim se acreditava) sofrem reveses que as tranformam totalmente. O chão desaparece de debaixo dos pès e o que era terra firme vira um pântano de onde não se consegue sair. Tudo vira caos e muitos encontram o fim de forma dolorosa, enquanto outros salvam-se de maneira quase milagrosa. Diante do inexplicável alguns comemoram a vida e outros contam os seus mortos.
     Aqui no Brasil nós sempre nos vangloriamos (não sei se é bem esse o termo) de estarmos distantes dos fenônemos naturais que tanto assolam outras terras: os tornados, ciclones,terremotos, vulcões. Porém, de uns tempos para cá temos tido muitas tempestades com desabamentos e inundações onde vidas têm sido perdidas às centenas. Não é difícil chegar a conclusão de algo mudou. Os sinais têm sido frequentes. O caso de Santa Catarina, as enchentes de São Paulo e de Minas Gerais, o desabamento do morro do Bumba em Niterói e as chuvas na região serrana do Rio não são apenas acontecimentos isolados. Acima de tudo são sinais de que algo realmente vem mudando em nosso planeta. Não de forma apenas estrutural, mas também espiritualmente.
     A Bíblia, sobretudo no Velho Testamento, está repleta de passagens em que fenômenos como esses aconteciam como forma de aviso ao povo de que Deus não estava satisfeito com os destinos da humanidade e queria o seu reajuste. É claro que estamos há milhares de anos dos tempos do Velho Testamento e aquele Deus que falava diretamente aos hebreus, aquele Deus punidor foi substituído pela mensagem de amor de Jesus Cristo. Mesmo assim, esses sinais precisam ser estudados e entendidos à luz da fé, à luz do nosso relacionamento com o divino. Não podemos mais viver ignorando nosso papel de zeladores do nosso planeta e que zelar pelo planeta significa também ocupá-lo de maneira tal que não coloquemos nossas vidas em risco, que não coloquemos em risco a  vida de nossa família, nem de nossa comunidade.
     O tempo passa e continuamos a viver como se estivessemos ainda desbravando esse país. Ainda não tratamos nossa terra de forma amorosa, de modos a tê-la como nossa amiga. Há algum tempo cantou-se uma canção onde se dizia algo mais ou menos assim : " água, água da vida, desce dos montes vem como amiga..." Não tenho certeza, mas acho que essa música é do Guilherme Arantes. É um pedido justo. Mas para a água que vem dos montes descer como amiga não podemos criar obstáculos pelo caminho. É isso que estamos fazendo: estamos criando obstáculos que impedem que nosso planeta seja nosso amigo.
     Enquanto não entendermos que nossa terra tem alma e que nossas intervenções não podem ser feitas de forma irresponsável, vamos estar sempre atônitos diante de tragédias como essa da região serrana. Precisamos todos, povo e governantes, atentar para  a vida do planeta, longe das especulações e dos interesses particulares.

janeiro 15, 2011

Uma palavra aos voluntários.

     Não é difícil chegar a conclusão de que tragédias fazem parte da vida assim como as alegrias, mas as tragédias costumam ser mais marcantes em nossas vidas por sempre (pelo menos aparentemente) virem sem avisar. Parece que nos preparamos mais para as alegrias do que para as tristezas. Embora saibamos que elas virão cedo ou tarde. Talvez seja por isso que ficamos tão estarrecidos quando somos visitados por algum infortúnio. É o caso agora dessa tragédia provocada pelas chuvas no estado do Rio de Janeiro e em outra partes do Brasil, como Minas Gerais e São Paulo. Nesse momento ficamos (eu em particular) atônitos diante das imagens que nos chegam a todo momento. Não sabemos o que pensar, a não ser que estas pessoas estão passando por um verdadeiro flagelo e que precisam de ajuda.
    Geralmente colocamos a culpa no prefeito, no governador e até no presidente (no nosso caso, na) da república por eles não terem feito isso ou aquilo, por ter deixado de dragar os rios (embora nós não deixemos de jogar lixo nele), por ter permitido que se construíssem casas aqui ou ali e mais isso e mais aquilo. Infelizmente tudo isso é mera perda de tempo. Não é hora para procurar culpados ou pensar no que poderia ter sido feito e que não se fez. Nem talvez seja hora para nos eximir de culpa pelas escolhas que fazemos e pelas tantas vezes que não ouvimos a voz da natureza e do bom senso que tentam nos alertar pelos riscos aos quais nos expomos, muitas vezes, voluntariamente.
     Mas tem gente que não perde tempo com isso. Ainda bem que existe muita  solidariedade no mundo e as pessoas (principalmente nestes momentos) não se negam a prestarem ajuda e solidariedade àqueles que necessitam, fazendo com que sua dor seja pelo menos diminuída em meio à catástrofe. Pessoas que deixam suas casas, seus afazeres, seus interesses particulares e vão fazer a única coisa que podem num momento desses: ajudar, amparar, dar o seu apoio quando tudo parece desmoronado, destruído. Quando ver uma luz no fundo do túnel está praticamente impossível. Essas pessoas não fazem ideia da importância do trabalho que elas fazem neste momento de tanto desalento, dor e perda. Quando tudo parece perdido ver uma mão estendida, ouvir uma palavra de alento, um prato de sopa, uma roupa seca e limpa para vestir, um cobertor, um colchonete pode ser a tábua de salvação de alguém que se julgava perdido, de alguém que não via mais saída.
     É para essas pessoas que eu gostaria de falar. Sem elas tudo seria muito pior. E devemos concordar que não há como ficar pior, não é mesmo? Que Deus, nosso pai, proteja todas essas pessoas. Todos esses voluntários. Aqueles que saem de suas casas conscientemente do trabalho que vão fazer e aqueles que ajudam por puro instinto, sem nem pensar no significado daquilo que estão fazendo, apenas porque se sentem chamados a servir o seu próximo, ajudar sem olhar a quem.

janeiro 08, 2011

Decisão de início de ano.

     É comum as pessoas tomarem decisões a cada início de ano.  Aproveitam o ano que vai começar e fazem uma lista daquelas coisas que  incomodam e que gostariam que saíssem de vez de suas vidas. Essas decisões podem ser coisas aparentemente banais como falar menos ao telefone, responder aos e-mails dos amigos ou podem ter caráter sério como mudar de cidade, de emprego, parar de fumar, emagrecer, separar (namoro ou casamento) e vai por aí. Comigo não foi diferente. Guardei para o início deste ano uma decisão para mim muito importante. Como já postei aqui algumas vezes, eu fazia parte de um centro espírita, o Cruz de Oxalá, já há alguns anos. Pois bem, a partir deste janeiro de 2011 eu estou me desligando desse centro.
     Durante os mais de dez anos que fiquei ali acreditei estar contribuindo para o engrandecimento do trabalho mediúnico, para a difusão e vivência do espiritismo e mais do que qualquer coisa: para, ao lado de muitos irmãos, por em prática os ensinamentos de nosso mestre Jesus Cristo. Por algum tempo acreditei que estava indo nesse caminho, que o trabalho desenvolvido pela casa seguia os princípios cristãos e com minhas entidades, Pai Joaquim de Angola, Ogum Beira-mar, dentre outras, isso era colocado em prática através dos conselhos que davam os que os procuravam.
     Porém, com o passar do tempo fui me sentindo um tanto desgastado com a direção da casa. O trabalho doutrinário quase não tinha importância e tudo o que se queria era atender às pessoas em sua busca incessante pelas benesses da terra sem se preocupar em se tornarem pessoas melhores, mais espiritualizadas, mais voltadas para Deus. De pouco ou nada adiantava as minhas entidades tentarem fazer com que seus "filhos" deixassem um pouco de lado suas vinganças pessoais, seus desejos de riqueza, amores, vantagens pessoais e voltassem para dentro de si mesmas. Apenas clamavam no deserto. Quase todos só queriam como se diz no popular "se dar bem", raros eram os que procuravam as entidades com o desejo de ter um contato maior com a verdadeira espiritualidade.
     Todos devem saber que a Umbanda bebe em muitas fontes e que está longe de ser uma religião pura. Pois acho que aí é que mora o seu encanto e sua principal força. Entre santos e orixás, a Umbanda tornou-se mais uma difusora da fé cristã. Não sei se falei aqui, mas eu me tornei médium (nunca me considerei umbandista ou kardecista e sim apenas médium) contra a minha vontade. Tive muita dificuldade de aceitar quando fui "assaltado" por fenômenos mediúnicos. Travei uma luta desesperada: de um lado estavam aqueles fenônemos que me aterrorizavam do outro estava a minha fé católica ( quase fui padre). A Umbanda venceu no momento em que julguei que não podia ir contra os desígnios de Deus e me negar ao trabalho mediúnico apenas por preconceito ou por pirraça. Mas o tempo passou e passei a exigir um pouco mais. Em minhas leituras e estudos descobri que passamos por muitas mudanças durante o caminho. O que era importante num momento pode deixar de sê-lo num  outro momento. Talvez seja só isso. Só que não posso deixar de estar triste. De uma certa forma, estou bem. Afinal, com isso, volto a me dedicar mais ao catolicismo (que nunca abandonei), na esperança de estar fazendo a coisa certa. O que eu não podia era continuar trilhando um caminho no qual eu não via as minhas pegadas e que eu não sabia aonde ia dar.

Que Deus me proteja e proteja a todos.

janeiro 02, 2011

Para não esquecer as promessas.

     Não sou um grande entusiasta dessa visão de que basta o romper de um novo ano para que as nossas vidas sofram grandes e significativas mudanças e que essas mudanças serão todas para melhor, que seremos felizes como nunca fomos realizando todos os nossos sonhos. Seria muito bom se isso fosse verdade, não é mesmo? Com o romper do novo ano deixaríamos para traz todos os problemas do ano que acabou e zerados começaríamos o ano novo dispostos a fazer tudo certo. Usaríamos a experiência vivida no ano que acabou e não cometeríamos os mesmos erros e nem novos erros. Afinal de contas, além da experiência, tínhamos a poderosa vontade de acertar que, por si só, já seria um trunfo e tanto.
     Já sei que você vai dizer que, como todo mundo, você se deixa levar pela maioria e faz tudo o que tem direito: todas as mandingas, banhos, simpatias, flores para Iemanjá, veste-se de branco, faz promessas (parar de fumar, emagrecer, voltar a malhar, a estudar, a dar mais atenção para a família etc.) e tudo que não dá para imaginar ou mesmo escrever aqui. Até aí, nada de mais. Como diz o velho ditado: "o que não mata, engorda". Ou seja, não existe mal nenhum em tentar se proteger e preparar o corpo e a mente para receber coisas boas. Embora, no fundo, baste apenas que tenhamos firmeza de propósitos e sigamos em frente, o resto Deus ajuda.
     Mas no meio de tudo isso existe um fato que quase sempre se repete: todos os anos na hora da passagem do ano fazemos todo tipo de promessa e temos todos os cuidados e passada a euforia voltamos para nossa vida diária esquecidos das resoluções que tomamos. É nesse momento que ano que chegou se torna igual ao que passou, pois voltamos para a nossa rotina certos de que tudo vai continuar como antes. É aí que caímos na real e chegamos a conclusão de que tudo não passou de uma encenação. Nada daquilo era real. Pulamos, brindamos, fizemos festa só para constar. Todos os nossos propósitos de um ano melhor, de um mundo melhor, mais humano, mais acolhedor, mais solidário era tudo promessa de mau político. Não havia nada de sério naquelas afirmações. Até porque ser bom filho, bom pai, boa mãe, bom profissional, bom irmão dos seus irmãos,  parar de fumar, sair do sedentarismo, cuidar mais de nosso planeta, ter uma atitude mais positiva diante da vida não dependem apenas de palavras, demandam atitude. É aí que pecamos: achamos que tudo vai acontecer como num passe de mágica. Nada disso. Promessas são para ser cumpridas. E para isso temos que nos esforçar, suar a camisa.
     É isso que desejo para mim e para todos nesse ano de 2011, que todos possamos nos esforçar em cumprir todos os nossos propósitos e que não desanimemos diante das dificuldades que por ventura venham a aparecer pelo caminho. E aqueles que não pensaram em algum propósito para o ano que começa, ainda é tempo. Passado o oba-oba fica mais fácil ver que um novo ano é sempre uma chance que Deus nos dá para que possamos começar tudo de novo, literalmente.

Bom 2011!
    

dezembro 26, 2010

Pessoas que ficam tristes no natal.

     Alguém já disse que o natal é uma festa de família, momento em que todos (ou quase todos) tentam esquecer as diferenças e se concentram apenas nas coisas alegres do ano que ora se encerra.  A festa é realmente contagiante e até adeptos de outras religiões, que não têm Jesus Cristo como o Messias salvador, acabam se deixando embalar e entram no espírito do natal. É fácil ver a  alegria estampada no rosto de todos sejam crianças, jovens, adultos ou velhos, ateus ou crentes, ninguém escapa. O natal é realmente uma festa democrática.
     Porém, tem aquelas pessoas que mesmo com tudo isso não conseguem se sentires felizes nesta época. Algumas são tomadas de uma tristeza e uma melancolia inexplicáveis. Enquanto todos trocam presentes, abraços, felicitações estas pessoas se trancam em seus mundinhos particulares onde não tem espaço para festa e alegria. É lógico que muitas dessas pessoas têm motivos de sobra para estarem tristes: algumas acabaram de perder entes queridos, outras estão com doentes na família, há aqueles que estão sozinhos, longe da família, há os que sofreram algum revés no decorrer do ano, os que estão nas ruas, sem teto, sem família, nos hospitais, nos asilos, nos orfanatos, há também aqueles de coração duro que por um motivo ou outro se fechou em si, enfim, o que não é motivo para tristeza. À todos esses nossas orações, nossa solidariedade e o desejo que tudo isso passe e que venham natais felizes por aí. É preciso manter acesa a chama da esperança.  Como diz a canção: desesperar jamais.
     Como estava dizendo, há aqueles que mesmo não estando numa situação desesperadora, se sentem tristes. Estão com as pessoas que amam, recebem presentes,  doam presentes, têm emprego, família, amigos, distribuem desejos de felicidades a todos, mas lá no fundo persiste uma melancolia. Alguém mais apressado poderia classificar de frescura, de que estão chorando de barriga cheia, afinal há tanto problema no mundo, tanta fome, guerra, tanto abandono, tanto vício destruidor de vidas... Mas essa tristeza natalina existe. Eu mesmo já me senti assim muitas vezes e pergunta se eu tinha alguma explicação clara para o fenômeno: não, não tinha. Apenas estava triste.
     Alguns chegam a dizer que não gostam de natal, que acham que é uma festa superfícial, que no dia seguinte ninguém mais se lembra dos votos de felicidade tão ouvidos e falados durante o mês. Está bem. Eu também acho que tudo fica muito no âmbito da palavra, que precisamos mesmo transformar nossos desejos em ações verdadeiras.
    Por outro lado, não podemos nos deixar levar por essa visão de que nada tem mais jeito, que é o fundo do posso. Nada disso! Não podemos nos sentir culpados, não podemos nos negar o direito à uma trégua na nossa luta diária. Precisamos de um momento em que as guerras cessem, principalmente as nossas guerras intimas, aquelas que travamos com nós mesmos e que não têm vencedores. Sobretudo, precisamos acreditar que essa alegria do natal que muitas vezes parece falsa, mentirosa, hipócrita é a alegria que Jesus veio para anunciar e que teimamos em não acreditar, em não botar para funcionar. Não podemos ter medo de ser felizes. Felicidade é antes de qualquer coisa, um direito adquirido. Usufrua sem medo.
   

dezembro 19, 2010

Aprender a gastar.

     É nesta época do ano que acostumamos fazer as maiores loucuras. Levados pelo clima de festa que se instala por todo lado, saímos por ai fazendo compras e mais compras. Chegamos a nos sentir verdadeiros milionários, tal a fúria com que vamos às compras. Dá gosto ver o entusiasmo de todos. Sem dúvida, essa é uma época feliz. Mesmo sabendo que essa fúria consumista nada tem de cristão, pois Jesus nasceu numa humilde estrebaria, longe de qualquer luxo.  Mas é bom ver todos se preparando para a ceia de natal e para presentear as pessoas que lhes são caras. Consumismo à parte, isso tem muito de amor, amizade, companheirismo, consideração que as pessoas tentam (se conseguem ou não é um outro papo) demonstrar umas às outras. Palmas para o Natal que consegue fazer com que as pessoas enfeitem suas casas (por dentro e por fora), se reúnam em torno de uma mesa ou que as fazem deslocarem de um lado para outro para estar com aqueles que amam. É essa festa que interessa. É essa troca de gentilezas, de amor, de compreensão que faz essa época ter um encanto diferente.
     Porém, passada toda essa euforia, todo esse encanto, começam a chegar as contas para pagar. É aí que a gente (eu também) se dá conta de que foi com sede demais ao pote e... Bem, todos conhecem essa história. Descobrimos, um pouco tarde, que gastamos além da conta e que vamos passar vários meses do ano que mal acaba de começar pagando contas e, o que é pior, nos privando de muitas coisas para que o orçamento não estoure mais. É ai que bate aquele arrependimento. Nesse momento chegamos a pensar que toda a nossa generosidade foi um erro, que não precisava ter exagerado tanto. O pobre do décimo terceiro que a gente achava que era a nossa salvação parece que nem existiu.  Para resumir a ópera, estamos endividados.
     É aí que me vem um pensamento: será que não haveria uma maneira de aprendermos a gastar como pessoas controladas? Para mim, pessoas controladas são aquelas que separam o seu dinheiro em partes: tanto para isso, tanto para aquilo, esse aqui para a poupança (segundo os economistas de plantão, nossos gastos excessivos estão acordando um monstro horrível chamado inflação e quando poupamos nosso dinheirinho ele dorme tranquilo), esse é para o carnaval (e ainda tem o carnaval, meu Deus), esse para a matrícula das crianças, enfim uma lista que não acaba. Mas aí aparece um outro pensamento intrometido: será que a vida teria graça com tanto controle? E o natal teria graça se não fosse esse descontrole, essa efervescência sentimental? Chego a conclusão que não. Então, que cada um faça a sua festa de seu jeito, uns com gastança, outros com temperança, mas todos felizes à sua maneira.

dezembro 11, 2010

Doar sem nada pedir em troca.

     Com a aproximação do natal, voltamos a um tema muito comum durante o ano inteiro, mas que neste período do ano se torna mais comum:  o ato de dar e receber presentes.  É nessa época que mais se fala em dar e receber presente às pessoas que amamos, aos nossos amigos e familiares. Até aí, nada demais, não é? Afinal, quem, criança ou adulto, não gosta de dar ou receber presentes? Só que nesse ato, aparentemente simples, muitas vezes está camuflado um certo tipo de sujeição. Muitas pessoas usam o fato de ter um pouco mais do que as outras para poder subjulgar aqueles menos favorecidos que vêem nelas uma espécie de "papai-noel" capaz de realizar os seus sonhos impossíveis.
      É justo e até cristão que as pessoas que têm mais doem àquelas que tem menos ou mesmo nada. Podemos todos conhecer histórias lindas e edificantes de crianças ou mesmo adultos que são surpreendidos por verdadeiros milagres ao verem materializarem na sua frente aquele objeto de seus sonhos mais secretos. O período do natal tem um poder quase mágico de transformar os corações das pessoas, de fazê-las mais humanas e solidárias. Infelizmente não é dessas pessoas que quero falar, falo daquelas que dão, mas que sempre querem alguma coisa em troca, daquelas que não conhecem de verdade o significado do verbo doar.
     Essas pessoas, cujo coração ainda não foi tocado pela magia do natal, que ainda não entenderam o significado do nascimento de Jesus, elas ainda  são muitas no mundo. Elas insistem em não mudar de atitude, em não perceber que Jesus veio ao mundo para nos dar uma lição de humildade, de amor fraterno. Tudo o que elas querem é levar vantagem, ganhar em cima da dor e do sofrimento de uma criança, de um velho, de um homem caído cujo vício não deixa levantar a cabeça e prosseguir a caminhada...
     Todos conhecemos esses tipos e eles não precisam ser listados aqui. Apenas gostaria que todos nós pudéssemos aprender a doar sem nada pedir em troca, ainda que fosse a graça de Deus. Nesse dia, com certeza, não haveria mais necessitados no mundo, pois ninguém mais subjugaria ninguém. Dar e receber se tornaria algo comum entre a humanidade.