É comum as pessoas tomarem decisões a cada início de ano. Aproveitam o ano que vai começar e fazem uma lista daquelas coisas que incomodam e que gostariam que saíssem de vez de suas vidas. Essas decisões podem ser coisas aparentemente banais como falar menos ao telefone, responder aos e-mails dos amigos ou podem ter caráter sério como mudar de cidade, de emprego, parar de fumar, emagrecer, separar (namoro ou casamento) e vai por aí. Comigo não foi diferente. Guardei para o início deste ano uma decisão para mim muito importante. Como já postei aqui algumas vezes, eu fazia parte de um centro espírita, o Cruz de Oxalá, já há alguns anos. Pois bem, a partir deste janeiro de 2011 eu estou me desligando desse centro.
Durante os mais de dez anos que fiquei ali acreditei estar contribuindo para o engrandecimento do trabalho mediúnico, para a difusão e vivência do espiritismo e mais do que qualquer coisa: para, ao lado de muitos irmãos, por em prática os ensinamentos de nosso mestre Jesus Cristo. Por algum tempo acreditei que estava indo nesse caminho, que o trabalho desenvolvido pela casa seguia os princípios cristãos e com minhas entidades, Pai Joaquim de Angola, Ogum Beira-mar, dentre outras, isso era colocado em prática através dos conselhos que davam os que os procuravam.
Porém, com o passar do tempo fui me sentindo um tanto desgastado com a direção da casa. O trabalho doutrinário quase não tinha importância e tudo o que se queria era atender às pessoas em sua busca incessante pelas benesses da terra sem se preocupar em se tornarem pessoas melhores, mais espiritualizadas, mais voltadas para Deus. De pouco ou nada adiantava as minhas entidades tentarem fazer com que seus "filhos" deixassem um pouco de lado suas vinganças pessoais, seus desejos de riqueza, amores, vantagens pessoais e voltassem para dentro de si mesmas. Apenas clamavam no deserto. Quase todos só queriam como se diz no popular "se dar bem", raros eram os que procuravam as entidades com o desejo de ter um contato maior com a verdadeira espiritualidade.
Todos devem saber que a Umbanda bebe em muitas fontes e que está longe de ser uma religião pura. Pois acho que aí é que mora o seu encanto e sua principal força. Entre santos e orixás, a Umbanda tornou-se mais uma difusora da fé cristã. Não sei se falei aqui, mas eu me tornei médium (nunca me considerei umbandista ou kardecista e sim apenas médium) contra a minha vontade. Tive muita dificuldade de aceitar quando fui "assaltado" por fenômenos mediúnicos. Travei uma luta desesperada: de um lado estavam aqueles fenônemos que me aterrorizavam do outro estava a minha fé católica ( quase fui padre). A Umbanda venceu no momento em que julguei que não podia ir contra os desígnios de Deus e me negar ao trabalho mediúnico apenas por preconceito ou por pirraça. Mas o tempo passou e passei a exigir um pouco mais. Em minhas leituras e estudos descobri que passamos por muitas mudanças durante o caminho. O que era importante num momento pode deixar de sê-lo num outro momento. Talvez seja só isso. Só que não posso deixar de estar triste. De uma certa forma, estou bem. Afinal, com isso, volto a me dedicar mais ao catolicismo (que nunca abandonei), na esperança de estar fazendo a coisa certa. O que eu não podia era continuar trilhando um caminho no qual eu não via as minhas pegadas e que eu não sabia aonde ia dar.
Que Deus me proteja e proteja a todos.
Meu amigo Julio,
ResponderExcluirGostei muito do texto. Os caminhos que escolhemos trilhar devem nos possibilitar satisfação, auto-conhecimento e evolução.
Um grande abraço