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abril 25, 2021

Tente usar a roupa que estou usando.


Sempre ouvi esse verso que faz parte da letra da música "Pérola Negra" cantada por Luiz Melodia, um dos meus cantores preferidos, mas nunca me toquei os muitos significados que existem por trás desse aparentemente simples ajuntamento de palavras. Tentar usar a roupa que alguém está usando vai muito além de seguir a moda, o estilo ou mesmo vestir o número da pessoa; vai muito além disso. Significa, antes de qualquer coisa, se colocar no lugar dela, sentir o que ela está sentindo, e isso, sabemos muito bem, não é algo exatamente fácil de se fazer.

Nos últimos tempos, muito tem se falado de empatia, que a vem a ser a mesma coisa. na mesma proporção em que temos sido cada vez mais egoístas, cada vez mais preocupados com o nosso interesse próprio. O caos está geral e nem por isso deixamos de pensar no nosso bem-estar, no lucro fácil, nas nossas necessidades mais comezinhas, mais desnecessárias. Viramos crianças birrentas que não aceitam ceder um pouquinho, esperar o momento certo de agir, ou mesmo abrir mão dos nossos prazeres em nome do interesse e do bem de todos.

Nunca precisamos tanto "vestir a roupa que o outro está usando". experimentar suas dores e, por que não, também as suas alegrias, porque se colocar no lugar do outro não é apenas nas tristezas, nas dores, doenças, misérias e aflições, mas também é ficar feliz com os sucessos e as vitórias do outro. Somente dessa forma vamos sair do puro e simples "discurso da empatia" e da "gratidão" que inundam as redes sociais em memes fofinhos e cheios de falsas mensagens de altruísmo.

Antes de replicar memes e mensagens de sabedoria e belos exemplos a seguir, devemos parar e pensar se não nós mesmos que estamos precisando assimilar as lições que tanto espalhamos por aí; somente usando a roupa que o outro está usando é que poderemos sentir o que ele está sentindo e, dessa forma, poderemos medir o tamanho de sua dor ou alegria.


Boa semana!

abril 18, 2021

À luz do entendimento



A reprise da novela "A viagem", no canal Viva, traz o assunto espiritismo para a ordem do dia. Dessa vez não pretendo falar da bem estruturada trama de Ivani Ribeiro, mas da forma como, mesmo depois de passados tantos anos da estreia da primeira versão, em 1975, despeito de todo o sucesso das duas versões (a que está sendo exibida no momento é a da Rede Globo, realizada em 1994) encaramos o fenômeno.

Não é de hoje que o mundo encara a prática do espiritismo como algo de origem demoníaca. Não foram poucas as pessoas que acabaram condenadas à morte por serem portadoras de algum tipo de mediunidade ou mesmo por simplesmente se interessarem pelo assunto. Parece que temos mesmo dificuldade para aceitar que antes de encarnar nesse mundo estávamos na condição de espirito e que ao morrermos voltaremos à forma inicial.

Falar em espírito num momento em que estamos mais materialistas do que nunca realmente não é tarefa fácil. Ainda levaremos muitos anos (talvez milhares) para termos esse entendimento e pautarmos nossas vidas pela visão de que entramos e saímos de corpos em sucessivas encarnações e que em cada uma delas ascendemos um degrau na escada da evolução e do conhecimento.

Como os antigos que queimavam os praticantes do espiritismo sob a acusação heresia, ainda preferimos fechar os olhos para as evidências cada vez mais fortes de que a possibilidade (como prega a maioria das religiões) de termos uma única encarnação depois da qual, dependendo de nossos erros e acertos, vamos para o céu ou para o inferno é muito pouco provável.

Cada um é livre para acreditar no que bem entende e pode escolher qual caminho trilhar. No entanto, ninguém pode fechar os olhos para tudo o que temos vivido nos últimos tempos. Talvez se tivéssemos um pouco mais de entendimento dos mistérios que existem entre o céu e a terra não estaríamos passando por esse momento de tanta negação e obscurantismo.

É preciso abrir os olhos e os ouvidos para os sentidos, pois só no momento em que nos voltarmos para dentro de nós mesmos é que vamos poder vislumbrar a luz que vai nos guiar para fora dessa caverna que insistimos em habitar.

Luz para todos.

Bom domingo.

abril 11, 2021

O que esperar do futuro?

As dúvidas quanto ao dia de amanhã sempre estiveram presentes nas vidas mesmo daqueles que se dizem não preocupar com o futuro; nascemos e vivemos sob o signo da incerteza. Desde a antiguidade que o homem busca respostas consultando os astros, os oráculos e fazendo uso de muitos meios, alguns até bastante assustadores.

Seja como for, a busca de sinais que nos informem sobre o que vamos encarar mais à frentes não para um só minuto. Os jovens e crianças, no geral, são os que mais convivem com esse tipo de preocupação. Afinal, eles trazem consigo a possibilidade da continuidade e mesmo de mudanças tão necessárias para a perpetuação da vida em nosso planeta.

A COVID-19, no entanto, fez com que todos, sem distinção de idade, raça, classe social, ou o que quer que seja que nos diferencie enquanto seres humanos,  passássemos a nos perguntar: O que  nos reserva o futuro? Quando é que voltaremos a viver com um mínimo que seja de tranquilidade, sem os fantasmas da doença, sofrimento e morte a nos espreitar?

É bem provável que nunca mais; esse vírus veio para fazer uma verdadeira revolução em nossos hábitos e costumes. Não há como voltarmos para o que era antes da COVID-19. A única saída é nos conscientizarmos de que temos de criar um novo estilo de vida em que nos preocupemos mais com nossa higiene pessoal, nossas relações interpessoais e, sobretudo, nossa relação com o planeta.

Tudo o que estamos vivenciando com essa pandemia é fruto do descaso com que tratamos a natureza; ao poluirmos o ar, o solo, os rios, mares, ao derrubarmos nossas floresta em nome de um progresso, que sempre vem para poucos, estamos destruindo a nós e as pessoas que dizemos amar.

Bom domingo. 

abril 04, 2021

Um momento delicado.


Desde que o homem (leia-se a humanidade) saiu da "caverna" que tem se deparado com situações cada vez mais desafiadoras. Não foram poucas as vezes em que nesses milhares de anos temos sido sacudidos por acontecimentos que nos deixam sem chão e nos levam a crer que estamos num beco sem saída.

Não há dúvida de que estamos vivendo um momento desses; a pandemia da COVID-19 está aí provocando, além de mortes (no Brasil, neste exato momento, estamos contabilizando mais de 330 mil), uma mudança em nossos costumes e modo de encarar a vida que, muita acertadamente, muitos veem como definitiva; dificilmente voltaremos a viver da mesma forma que antes.

Talvez seja isso que está realmente faltando no enfrentamento à pandemia, essa noção de que estamos atravessando um marco divisório; haverá o antes e o despois da pandemia, ou seja, o AP e o PP. A vida era uma (tínhamos a "inocência" de que podíamos ir e vir, ter contato com as pessoas e o ambiente sem preocupação nenhuma) e está se transformando em outra, onde os cuidados nos relacionamentos serão primordiais para nos manter vivos e saudáveis. Pode estar aí o prenúncio de um fim sempre tão temido.

Parece mórbido falar assim, mas não temos outra saída senão nos conscientizar de que o pior pode mesmo acontecer. Estamos vivendo um momento delicado de nossas existências, não podemos negar isso. No entanto, muitos têm preferido seguir aqueles que acreditam que se trata apenas de uma "gripezinha" sem grandes consequências. Chegamos a esse número absurdo de vítimas e sabemos que a coisa não para por aí. 

Até quando vamos caminhar como gado indo para o matadouro? Chegou a hora de entender que só depende de nós atravessar esse "mar vermelho" e chegar do outro lado "a pé enxuto". Basta que cada um faça sua parte. 


Feliz páscoa!