Há quem garanta que atualmente vivemos dias bem mais democráticos que em outros tempos, que as pessoas em geral estão mais receptivas e abertas para o novo, o diferente. Estão também muito mais tolerantes e que isso tem transformado os relacionamentos.e a convivência.
Não discordo inteiramente de quem pensa assim. Vai longe o tempo em que as pessoas por sua cor, raça, credo, posição política e social ou preferência sexual eram proibidas de entrar em alguns lugares e até mesmo hostilizadas na rua. Vivemos o tempo do politicamente correto e isso faz com que as pessoas e instituições tomem precauções e evitem demonstrar claramente as suas posições preconceituosas.
Isso não significa que estejamos todos menos preconceituosos e intolerantes. As pessoas continuam pensando e agindo como sempre fizeram. Apenas escondem os seus sentimentos de rejeição a determinados grupos sociais fazendo crer que mudaram a sua maneira de pensar, tornaram-se mais tolerantes para com aqueles que até muito pouco tempo desprezavam e consideravam como inferiores.
Na verdade, vivemos um tempo em que ninguém sabe dizer ao certo qual é a verdadeira posição de alguém quanto a determinados assuntos. Quando se trata de religião, sexo, cor, raça, posição política ou qualquer assunto espinhoso, optamos por nos manter em cima do muro e esperar que o outro se posicione. Diante do posicionamento alheio é que tendemos para um lodo ou outro, ou seja, aquele que nos for mais conveniente e nos causar menos aborrecimento.
Outro ponto da questão é que vivemos tempos de agrupamentos, verdadeiros clubes em que só é permitida a entrada daqueles que pensam e agem como nós. Os que pensam, falam e agem diferente são barrados na entrada do clube, ficam do lado de fora. Essa é a sociedade atual. Parece que a única saída é aderir à moda dos guetos e criar um para si e aqueles que pensam como você.
Até quando isso durar? Até o momento em que entendermos que aqueles que vivem, agem e pensam diferente de nós não são nossos inimigos e não precisam ficar de fora de nossas vidas. Pelo contrário. As diferenças deveriam ser o passaporte para entrada no clube, onde todos poderiam se expressar e viver da maneira como bem entendessem. Viva a diferença.
Bom final de semana.