Maria Alice sempre tentou levar uma vida normal. Até porque era exatamente assim que ela se via: uma pessoa normal. Não era bonita, mas não se podia dizer que ela era feia. Também não era gorda, nem magra. Nem alta, nem baixa. Era simplesmente normal.
E assim ela tentava levar sua vidinha sem muita ambição. Ah, ela não era rica, nem pobre. O dinheiro que ganhava como recepcionista de uma construtora dava para ela viver sem grandes apertos. O aluguel estava em dia, os cartões de crédito também.
O que mais ela queria? Ah, sim, ela queria encontrar um amor. Só que, contrariando todo o seu modo de viver, ela não queria viver um amor qualquer. Ela queria viver um grande amor, desses que arrebatam, tiram o ar, arrancam os pés do chão.
Quando pensava nesse amor, Maria Alice dava asas à sua imaginação. Sabe aquela história de príncipe encantado que chega montado num cavalo branco? Era assim que ela via esse grande amor chegando. Ela vinha do nada, invadia seu solitário quarto de pensão e ela partia com ele para viver o seu conto de fadas.
Como eu já disse, Maria Alice não era feia. Pelo contrário, ela era "bonitinha". E isso atraía alguns olhares, alguns convites para sair e até pedidos de namoro. Porém, ela descartava todos. Nenhum deles tinha as feições do príncipe que ela idealizava em suas noites solitárias.
Assim o tempo foi passando e Maria Alice foi envelhecendo. Aos poucos os olhares, os convites para sair, os pedidos de namoro foram se escasseando até que ela foi ficando invisível. Passou a ser uma velhinha normal. Nem alta, nem baixa, nem gorda, nem magra... E o sonho de encontrar o príncipe encantado manteve-se intacto. Mesmo velha, ela continuava sonhando.
Um dia, Maria Alice, que em criança nunca lera um único livro, passou a ler histórias infantis: A bela adormecida, A branca de neve e muitos outros. E não é que nesses livros ela encontrou mocinhas tão sonhadores como ela um dia fora? Mais que isso, Maria Alice encontrou algo que a surpreendeu. Ela descobriu que o príncipe encantado muitas vezes pode ter sido transformado em sapo por alguma bruxa malvada e estar condenado a viver sob outra aparência.
Isso a fez recordar-se de todos os pretendentes que desprezou acreditando que eles não eram príncipes.
- E se algum deles fosse um príncipe enfeitiçado? Eu perdi a chance de ... - pensou ela.
Esse pensamento a fez tomar a decisão de pensar em aceitar o convite para sair feito por um senhor muito simpático com qual ela encontrava todas as manhãs a caminho do parque.
- Quem sabe ele é um príncipe disfarçado? - pensou ela.
Então, ela caminhou para o parque certa de que tinha um encontro marcado com seu príncipe.
Bom domingo.
Então, ela caminhou para o parque certa de que tinha um encontro marcado com seu príncipe.
Bom domingo.
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